Clube de Peniche une o surf às causas sociais

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O Peniche Paddle Series é um grande evento de promoção dos desportos aquáticos |D.R.

O Peniche Surfing Clube tem formado vários jovens campeões, mas o trabalho mais notável do clube tem-se revelado na acção social.

 

A etapa do campeonato do mundo em Peniche é uma montra para a região e o Peniche Surfing Clube tem aproveitado esta onda para dinamizar a sua actividade. O clube já tem atletas em competição com excelentes resultados, pelo que tem aproveitado a etapa do campeonato do mundo em Peniche para fazer acção social.
“O surf é um desporto sexy”, diz Paulo Ferreira, presidente do clube. A mediatização crescente da modalidade ajuda a atrair mais atletas e o número de pessoas a praticar continua a crescer. Nas novas gerações o clube tem dado cartas com jovens surfistas como Matias Canhoto, ou Carolina Santos.
Mas, durante o Meo Rip Curl Pro, o enfoque do clube é diferente. “Fazemos actividades ao nível ambiental e social”, diz Paulo Ferreira. No stand do espaço de exposições do evento, o clube partilha o espaço com diversas associações, de cariz social e ambiental.
O Peniche Surfing Clube promove visitas guiadas ao backstage do campeonato para as escolas e universidades, e também actividades na praia alusivas, por exemplo, ao cancro cutâneo ou à causa ambiental.
“Também fazemos activação ao surf com aulas gratuitas para instituições, que trazem miúdos e seniores e portadores de deficiência. Vamos ter muitas coisas a acontecer ao longo do evento”, sublinha.
Este tipo de iniciativas prolonga-se para lá da prova. “Só este ano já proporcionámos 6 mil aulas gratuitas neste tipo de acção”, refere Paulo Ferreira.
Outro exemplo do trabalho do clube nesta área é o Peniche Paddle Series, um conjunto de eventos inseridos na Semana da Criança ligados à canoagem, remo, surf e stand up paddle, que junta milhares de crianças. O evento tem como objectivo agir pela igualdade de género, inclusão social, promoção de hábitos de vida saudáveis, prevenção de comportamentos agressivos, sensibilização ambiental e solidariedade intergeracional.
Só este ano juntou 5 mil crianças e jovens e o objectivo, agora, é alargar a iniciativa a todos os concelhos da área intermunicipal do Oeste.

Problemas da massificação
Paulo Ferreira afirma que a prova do campeonato do mundo de surf trouxe uma projecção muito grande ao país e a Peniche, com benefícios e prejuízos.
Houve um claro desenvolvimento económico do concelho, com aumento da procura de segunda habitação e de licenças de alojamento local, “que já são perto de mil”. O surf traz pessoas com poder económico, sobretudo porque é uma modalidade que se conjuga com a prática de golfe, para a qual a região está igualmente direcionada.
A prova ajuda a trazer turistas que acrescentam valor. Os hotéis ficam cheios e há quem aproveite para fazer roteiros turísticos pela costa, o que implica que não é só a região a ganhar com o evento.
Além disso, o surf ajudou a atenuar a sazonalidade do turismo em Peniche, estendendo os fluxos para um período entre Março e finais de Outubro.
O problema, para Paulo Ferreira, é que a massificação traz problemas como a pressão sobre a comunidade local.
“Há empresas de turismo na zona do Baleal que investem as energias em trazer pessoas muito jovens, tipo Ibiza, e esse não será o tipo de turismo que se quer para aqui, temos que privilegiar a qualidade em vez da quantidade”, defende.