O treinador do Sporting Clube das Caldas, Júlio Reis, comemora 25 anos de treinador de voleibol. Nasceu e jogou em Espinho, cidade onde a modalidade tem uma enorme tradição, mas foi nas Caldas que se iniciou como treinador e tem dado um grande contributo para que a cidade termal seja cada vez mais conhecida como uma referência do voleibol português. O técnico destaca que começar do zero e atingir o actual patamar não foi fácil e mantém aceso o sonho de dar um título nacional aos verde e brancos, que esteve muito próximo na época passada.
Vinte e cinco anos depois de ter iniciado a carreira de treinador, Júlio Reis sente-se “completamente realizado” pela forma como tem desenvolvido a sua actividade. Se chegar a um clube com todas as condições e meios facilita a obtenção de resultados, crescer a pulso torna a evolução mais valorosa. “Chegar a uma cidade onde não há sequer a modalidade e evoluir é difícil. Era essa a realidade das Caldas, no entanto já chegámos próximo dos grandes”, realça.
A equipa do Sp. Caldas foi subindo de divisão e o técnico salienta que isso até aconteceu “sempre quando os jogadores ditos mais fortes estavam ausentes”. E na época passada, depois de saídas de atletas importantes, “no início afirmava-se que íamos ter bastante dificuldades para manter o nível, lutar para não descer de divisão, mas no fim tudo de positivo aconteceu”, observa.
O técnico acrescenta que é preciso “acreditar no que se faz, conhecer a modalidade, ter atletas com ambição, acreditar que os nossos atletas são os melhores, conhecer a realidade do clube e da zona do país onde estamos”.
Para esta época a equipa reforçou-se bem, mantendo o rigor orçamental, sublinha. “Conseguimos jogadores para as posições que pretendíamos e, com este lote de bons atletas, vamos continuar com um bom nível, resta-nos trabalhar bem”.
O objectivo assumido no início da época foi aproximar o clube da elite. “Os nossos atletas de formação também evoluíram bastante e a equipa, no seu conjunto, está mais coesa”, salienta. No entanto, isto só por si não é suficiente. “A união e espírito de grupo fazem a diferença para alcançar um bom resultado”.
Uma das diferenças do plantel deste ano é ter menos atletas caldenses. Os jovens Afonso Reis e Miguel Agapito mantêm-se da época passada, Diogo Oliveira foi promovido à equipa principal. Jovens habituados a representar as selecções jovens, “o que para nós é um orgulho”, salienta o técnico.
Em relação aos outros jogadores caldenses que saíram, “seguiram outros rumos”, nota o treinador, “mas foram também bastante importantes no percurso do clube e na sua identidade”, reforça.
Identidade que não se perde por haver menos caldenses. Kiká e Nuno Pereira estão no clube há vários anos e “estão integrados na dinâmica do clube e representam a imagem do clube”.
DEDICAÇÃO
A dedicação de Júlio Reis ao clube, ao fim de 25 anos e também como director técnico, não pode ser posta em causa. “Quem me conhece sabe o quanto me tenho dedicado à vida desportiva do clube, da cidade e da minha própria vida. Valorizo os que acompanham o meu caminho, e desvalorizo o que é menos importante”.
Recorda o convite de Mário Tavares quando chegou à cidade, e salienta que o dirigente “sempre acreditou no meu projecto e sempre me apoiou incondicionalmente”. O técnico destaca também o trabalho e a relação com o antigo dirigente do clube, José Augusto, “que semanalmente me telefona a apoiar e desejar bom jogo para a equipa”, das direcções que passaram pelo Sp. Caldas durante este quarto de século e também o papel do actual presidente da Câmara e anterior vereador do desporto, Tinta Ferreira, “que acreditou e apoiou a honestidade e potencial de crescimento do projecto e foi sempre objectivo em relaçao ao que podia e não podia fazer”.
O técnico sente que o seu trabalho é respeitado e acrescenta que “começar do zero e chegar a este patamar, não foi tarefa fácil”. Para esta época o desejo é conseguir um bom resultado, mas nunca sem esquecer os pilares nos quais assentaram toda a ascensão do clube e do próprio treinador: empenho, dedicação e humildade.
A vontade de Júlio Reis, essa continua “igual ao primeiro dia em que entrei no clube” e passa sempre por “ajudar outros que ainda têm que trabalhar muito para conseguirem as suas conquistas”.