O caldense Francisco Rocha venceu o Challenge International Junior de equitação de trabalho que decorreu em Tarbes, França, no final do passado mês de Julho.
A modalidade de equitação de trabalho, que tem vindo a crescer no panorama do desporto equestre, é composta por três vertentes dentro da mesma prova. Francisco Rocha e o seu cavalo E-Max Água Prata começaram por competir em dressage, uma prova de ensino. Segue-se uma prova de maneabilidade, que consiste em ultrapassar obstáculos ao trabalho no campo. A terceira também consiste no mesmo tipo de obstáculos, mas em contra-relógio.
Francisco Rocha e E-Max venceram as duas primeiras provas, o que permitiu realizar a de velocidade de forma mais controlada. O quinto melhor tempo na velocidade permitiu garantir a vitória final com 337 pontos, mais três que Zacharie Baeumlin e Baptiste Vergez, que ficaram em segundo e terceiro lugar.
“Não estava mesmo nada à espera de ganhar, era o mais novo naquela prova e o cavalo também é muito novo, fazemos provas à relativamente pouco tempo”, disse Francisco Rocha à Gazeta das Caldas. O cavaleiro disse que começou a sentir alguma pressão depois de vencer na dressage. “Na maneabilidade sabia que tinha feito uma prova bastante boa e que ia ter boas pontuações, quando anunciaram o meu nome como vencedor fiquei muito contente, abracei toda a equipa, foi mesmo muito bom”, acrescenta.
O conjunto caldense fez ainda parte da equipa nacional que ficou com o segundo lugar na prova por equipas. “Infelizmente a sorte não esteve do nosso lado, conseguimos tirar todas as vacas mas só uma entrou”, explicou Francisco Rocha, e apesar da equipa francesa não ter tido uma prova exemplar “já levava um avanço e não os conseguimos alcançar”, concluiu.
UMA PAIXÃO QUE NASCEU CEDO
Francisco Rocha venceu esta prova ainda com 15 anos – completou os 16 esta semana. A paixão pelos cavalos começou cedo. “O meu tio Martinho Rocha sempre teve cavalos, desde pequeno sempre que vinha a casa dele era junto aos cavalos que passava mais tempo, foi uma paixão desde pequeno”, conta.
Quando fez nove anos recebeu do tio, que na altura já tinha uma escola de equitação, aulas de equitação. Cerca de três anos depois Martinho Rocha adquiriu o cavalo E-Max Prata Água, que cedo revelou aptidões especiais para a prática de equitação de trabalho.
“Foi o meu professor de equitação à altura que o começou a ensinar, depois ele saiu da escola e o meu tio disse para eu começar a montar o E-Max”, acrescenta Francisco Rocha.
A relação entre cavaleiro e montada estreitou-se e não demorou a dar frutos nas provas. Com 13 anos Francisco Rocha estreou-se no Campeonato Regional. O início não foi fácil, mas a meio da temporada as vitórias começaram a surgir. “Comecei a perceber melhor as provas e o andamento do cavalo e consegui então as primeiras vitórias nessa altura”, refere o jovem cavaleiro, que ainda nesse ano se sagrou vencedor da Taça de Portugal.
Essa vitória fez avançar o conjunto para o Campeonato Nacional, em 2016, prova que venceu, assim como a Taça de Portugal. Em 2017 Francisco Rocha e E-Max contam por vitórias todas as provas realizadas, o que mereceu a chamada à Selecção Nacional para representar o país nesta prova que é equivalente a um Campeonato da Europa.
Francisco Rocha diz que a equitação e a competição o fizeram crescer a vários níveis, mas destaca a humildade que é necessário ter “porque temos que assumir a nossa derrota e os nossos erros e reconhecer quando estamos bem e quando estamos mal”.
Francisco Rocha refere ainda que o seu trajecto lhe permite também passar às pessoas uma mensagem de esperança, “porque não comecei logo a ganhar, tive que trabalhar muito para eu e o cavalo estarmos nesta forma e isso demonstra que nada é impossível”, destaca.
O jovem cavaleiro recomenda a equitação, mesmo sem a vertente competitiva, porque promove mais de 1.800 estímulos cerebrais. “Estamos em cima do cavalo, que também pensa e também sente, pelo que temos que estar atentos a tudo”, realça, acrescentando que essa capacidade de concentração o ajuda também na escola.
Outro aspecto que realça é a cumplicidade que se constrói com o próprio cavalo, que faz com que tanto um como o outro percebam quando o outro não está bem. “É uma ligação muito forte, de muita confiança, e isso ajuda bastante nas provas, sinto que se eu pedir ele vai”, observa.
Francisco Rocha pratica equitação na escola Equilíbrios, nas Relvas, e é treinado por André Esteves, a quem atribuiu muito do mérito pelos resultados que tem obtido. E apesar de não saber se o futuro lhe reserva ser cavaleiro profissional, tem a certeza que os cavalos vão estar sempre presentes.