Futebol: Caldas denunciou árbitro por alegados insultos ao jogador Yordy Marcelo

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Clube apresentou testemunhos da ofensa à PSP e ao delegado da Federação

O Caldas SC denunciou publicamente uma alegada ofensa proferida pelo árbitro João Pinho, da Associação de Futebol de Aveiro, dirigida ao atleta Yordy Marcelo durante o jogo do passado domingo com o Atlético.
Em comunicado, o clube descreve que o jogador colombiano foi chamado de “animal”, em tom pejorativo, pelo árbitro, durante a partida. “Eu já trato de ti, ó animal”, precisou o clube, acrescentando que o episódio foi testemunhado pela equipa técnica e atletas do Caldas SC.
Segundo o clube, a situação agravou-se no final do jogo, quando Yordy Marcelo, de forma “cordial e calmamente”, abordou o quarto árbitro, solicitando que este transmitisse ao árbitro principal que “não se chama animal a ninguém”, reforçando que “eu não ofendo ninguém, não faço mal a ninguém e respeito toda a gente”, cita o comunicado. Em resposta, o jogador foi informado da sua expulsão, decisão que o Caldas SC considera injusta e desproporcionada.
A situação alegadamente vivida pelo médio colombiano do Caldas suscitou de forma imediata uma grande onda de apoio, que começou com o próprio treinador, José Vala. Na entrevista rápida ao Canal 11, o técnico denunciou um insulto racista do árbitro João Pinho para com Yordy Marcelo, declaração que levou o árbitro, segundo noticiou a imprensa nacional, a apresentar queixa-crime contra o técnico.
O treinador reconhece que o termo racista pode não ter sido bem empregue, “talvez não se enquadre com o que ocorreu, mas depois de ver um jogador como o Yordy sentir-se naquele estado, para mim o que estava em causa não era a palavra, mas sim o ato do árbitro”, disse.
José Vala não testemunhou a ofensa, mas assistiu a um segundo momento entre Yordy e João Pinho, que lhe causou revolta. “O Yordy veio ter comigo no fim do jogo a chorar. A minha ideia era acalmá-lo, mas depois passou-se o que se passou à porta do balneário. O Yordy disse simplesmente ao quarto árbitro que o colega não lhe podia chamar animal, porque não é nenhum animal e não tinha feito mal a ninguém, o quarto árbitro entrou no balneário, passados 5 ou 10 segundos o árbitro saiu e disse-lhe que estava expulso”, conta.
“Fiquei surpreendido, se ele não tinha expulsado o Yordy dentro do campo, e ele tentou abordá-lo, é porque não foi mal-educado. Depois não houve má educação, houve alguém emocionado, que estava a soluçar por ter estado a chorar, pelo que aquela reação não faz sentido. Com bom senso, [o árbitro] podia ter resolvido as coisas de outra forma”, afirma o técnico do Caldas.
Do lado do clube, o presidente Rodrigo Amaro afirmou que está solidário quer com o jogador, quer com o treinador. “Prestámos a nossa versão, com os testemunhos de quem acompanhou os episódios ao delegado ao jogo e à PSP. Há testemunhas da ofensa do árbitro ao Yordy, colegas que ouviram. Isso ficou no relatório do delegado e vai constar do relatório da PSP, que vai chegar ao Ministério Público”, disse o dirigente.
O Caldas fez ainda uma exposição à Federação Portuguesa de Futebol a contestar a expulsão de Yordy nos pós-jogo, alegando uma divergência entre o que as testemunhas relatam e o que João Pinho escreveu no relatório de jogo. “O árbitro menciona no relatório que só o expulsa depois de ouvir algumas ofensas e a versão que o atleta, e quem está à volta, conta é que o árbitro saiu do balneário, expulsou o Yordy e foi isso que provocou a exaltação”, conta Rodrigo Amaro.
Além destes procedimentos, o presidente do Caldas acrescenta que o clube está a estudar com o apoio jurídico os próximos passos a tomar, quer por parte do jogador, quer do próprio clube, se assim for necessário. “Há o lado civil e o lado da competição. Pode ser feita uma queixa junto da PSP, que tem um procedimento e pode ou não ter consequência. E depois há a exposição à federação, que tem a ver com a competição”, refere.
“Queremos dar os passos certos, porque o Yordy foi vítima de uma ofensa e não queremos que isso se vire contra ele, contra o mister, ou contra o Caldas”, sublinha.
O que Rodrigo Amaro e o Caldas não querem é que a situação passe sem que sirva de lição para futuras situações idênticas, até porque “isso vai contra os valores do clube e da Liga 3”.
A situação denunciada por José Vala e pelo Caldas gerou uma onda de indignação e de apoio para com o jogador nas redes sociais, e também o Sindicato de Jogadores emitiu um comunicado de apoio ao jogador. ■

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