Ganhaste a Volta a Portugal do Futuro com vitórias nas três etapas, foi um feito incrível, não te podia ter corrido melhor.
Sim, correu da melhor maneira. Ganhei todas as etapas, a geral e a camisola das metas volantes, que foi um bónus. Estou muito satisfeito.
Foi uma prova em cheio numa época marcada por grandes resultados, inclusivamente no estrangeiro?
É verdade. Tenho ido com frequência ao estrangeiro. Fiz a Taça das Nações que até correu muito bem, fui 13º, o que foi muito bom porque estão ali os melhores do mundo. Também tenho ido a corridas em Espanha, que têm equipas estrangeiras, como de Inglaterra e Itália, tenho estado sempre no pódio. Em Setembro vamos ter os campeonatos da Europa e estou a apontar baterias para estar lá no meu melhor.
Vais como campeão nacional, é um incentivo extra?
Sim, fui campeão de estrada e contra-relógio, que era um objectivo meu. Permite-me ir com outra confiança e mais calmo. São títulos muito difíceis de atingir, mas nada é impossível trabalhando muito e com um pouco de sorte.
Como é que isto tudo começou?
Comecei a fazer BTT no Ecosprint, nas Caldas, com o José Pedro da Bike Zone. Ele começou a motivar-me para ir para o ciclismo de estrada, porque era melhor para mim. Experimentei, gostei muito e comecei só a fazer estrada. Depois fui mudando de equipa e evoluindo de ano para ano.
Há quantos anos começaste?
Andar de bicicleta foi desde pequeno. Competição comecei há quatro anos. Comecei logo bem, com bons resultados e isso deu-me muita motivação para continuar.
E antes de começares a competir sentias que tinhas algumas capacidades?
Não, fazia só por divertimento. Andava com os meus primos e com os meus tios ao fim-de-semana, nunca pensei ter assim capacidades para ser campeão nacional e ganhar uma Volta a Portugal. Mas parece que tenho e espero mostrar mais ainda.
Como aconteceu a evolução e a passagem para outras equipas?
Quando fazemos bons resultados as equipas começam a olhar mais para nós e mostram interesse. Depois do Ecosprint fui para a equipa do Célio Apolinário, estive dois anos e meio, quase três, com ele. Ensinou-me muita coisa, mesmo, na modalidade e em termos de personalidade. Este ano estou na Bairrada com o Henrique Queirós. Ajuda-nos muito, estou a aperfeiçoar o meu ciclismo. No próximo ano subo de escalão, para os sub 23, já é mais a sério, corre-se com os profissionais, já tenho algumas propostas mas ainda não está nada certo.
Como estás a encarar essa passagem?
São mais horas de treino e a motivação tem que ser maior, porque muitas vezes os campeões de juniores quando sobem de escalão acabam por desistir porque ficam desmotivados. Eu gosto muito deste desporto e estou preparado para lidar com isso.
Quais são as tuas características, em que terrenos te sentes mais à vontade?
Gosto de fazer tudo, sou um corredor completo. O que gosto mais são os contra-relógios, gosto de fazer grandes esforços num curto período de tempo. Mas também gosto muito de subir, sou trepador, safo-me bem em tudo.
Como é o teu dia-a-dia, os treinos?
Durante o tempo de aulas venho da escola e vou treinar, depois descanso e depois às vezes saio um pouco com os amigos, outras vezes fico em casa a ver televisão. Agora nas férias tenho corridas quase todos os fins-de-semana, estou sempre fora de casa. Estamos sempre em equipa, convivemos, almoçamos e jantamos fora. Durante a semana faço o meu descanso. O que afecta mais são as noitadas, é preciso ter cuidado para conseguir recuperar, mas cada coisa a seu tempo.
E os estudos, consegues conciliar?
Mais ou menos. Nas semanas de testes tenho que deixar o ciclismo um pouco para trás para me concentrar, foco-me mais nos estudos. Quando tenho provas faço a rotina normal, se tiver tempo no final estudo um pouco para rever a matéria, mas não é fácil conciliar tudo.
Vais para a universidade no próximo ano, também é importante essa parte?
Sim, tenho que ter dois planos para o meu futuro. Mesmo que consiga ser um bom ciclista a carreira é curta e depois é preciso prosseguir com a minha vida. Quero seguir dietética e nutrição, é a área que me identifico mais e que gosto.
É uma parte muito importante, em todas a modalidades mas no ciclismo em particular, em que o corpo é levado quase ao extremo?
Sim, cada vez mais no ciclismo se foca mais na alimentação dos atletas, principalmente no World Tour, é muito importante e o futuro passa por aí para que os atletas estejam num nível superior.
Já tens cuidados com a alimentação?
Tenho os necessários. Nestas idades não se pode cortar tudo, às vezes são precisas umas batatas fritas e essas coisas. Há alturas para tudo, não se deve ser de extremos. Mas sim, tenho os cuidados necessários.
Quanto tempo passas em cima da bicicleta?
Dependo dos ciclos. Tem alturas que estou uma hora e outras que passo quatro horas, depende da altura da época e dos objectivos de treino.
Que objectivos tens na modalidade?
O meu objectivo é chegar ao pelotão do World Tour. Vai demorar porque sou novo mas tenho sempre objectivos ambiciosos e acho que o vou alcançar.
Isso ajuda a evoluíres, teres metas bem definidas?
Sim, são esses objectivos que nos motivam a chegar lá. É com base neles que trabalhamos e, quando os atingimos, estamos mais próximos de atingir o seguinte.