Futuro do turismo esteve em discussão nas Caldas da Rainha

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Retomar a confiança dos viajantes, nacionais e estrangeiros, consolidar os fluxos internos alargados a Espanha, criar condições de mobilidade internacional e recapitalizar as empresas do setor são algumas das principais medidas solicitadas

Caldas da Rainha foi, no passado dia 26 de maio, capital do turismo nacional com a realização do fórum “Vê Portugal”, ao qual só foi possível assistir numa plataforma online. No CCC, alguns dos principais agentes do setor, incluindo a secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, discutiram o que será a estratégia imediata para um setor vital para a economia do país, que passará muito pelo restaurar da confiança dos mercados estrangeiros e o fortalecimento dos fluxos internos.
Pedro Machado, presidente do Turismo do Centro, que organizou a iniciativa, afirmou na sessão de abertura que o turismo é “um contribuinte líquido para sustentabilidade e coesão social” e elencou cinco pilares prioritários à retoma da atividade turística no país, que deve começar pelo “restaurar da confiança dos consumidores e viajantes”.
Pedro Machado disse que a pandemia trouxe o medo de viajar e que, agora, é necessário gerar uma “linha de confiança”, o que apelidou de “a maior tarefa que temos pela frente”. Enquanto essa confiança não é restaurada nos mercados externos, será necessário “consolidar o turismo interno”. O presidente do Turismo do Centro acredita que, tal como Portugal, alguns dos principais países emissores, como Espanha e França, vão fazer o mesmo. “Apesar do nosso mercado não ser numeroso, está cá todo o ano, pode consumir todo o ano e valorizar territórios que não estavam na linha da frente das escolhas”, sublinhou Pedro Machado, acrescentando que deve ser prioridade “criar um mercado interno alargado”, criando parcerias com as regiões fronteiriças de Espanha.
Para o responsável pelo Turismo do Centro, o terceiro pilar será a reconquista do turismo externo e, neste, sublinhou a importância do Oeste, “uma das sub-regiões mais ligadas aos fluxos internacionais”. Esta reconquista deve ser suportada em programas como o “Clean and Safe” e o “Passaporte Verde”, nas quais “Portugal deve continuar a ser pioneiro”.
Mas sem produtos turísticos e empresas que os ofereçam, complementem ou suportem, também não há turismo e estes são outros dois pilares a reforçar, acrescentou, voltando a olhar para o Oeste como exemplo, onde produtos maduros como o turismo religioso e o enoturismo se cruza com produtos emergentes, como o surf.
Rita Marques, secretária de Estado do Turismo, mostrou otimismo quando à retoma de um setor que, nos últimos anos, teve tanto impacto no reforço da marca Portugal no estrangeiro.

Governo diz que é necessário recapitalizar as empresas do setor, por forma a operar a retoma mais depressa

A governante acredita que a pandemia não beliscou os ativos do país neste setor, apenas “hibernou” as ambições que o país tinha no seu plano estratégico para 2027.
Foi nesses objetivos que Rita Marques se focou. Para o conseguir, a secretária de Estado diz que é preciso recapitalizar as empresas do setor, que “podem ter perdido mil milhões de capitais próprios. Não temos capacidade para repor tudo, mas temos obrigação de assegurar que possam ajustar os seus balanços para estarem resilientes para enfrentar retoma”.
Nesse sentido, Rita Marques anunciou que, “em breve”, será lançado o programa Adaptar 2.0.
Depois, é preciso “gerar negócio”, acrescentou. E para isso é preciso “comunicar bem lá fora”. Rita Marques lembrou que, em ano de pandemia, Portugal foi a melhor marca turística da Europa, mensagem que tem que continuar a passar. Além disso, programas como passaporte verde digital, que garante mobilidade no espaço europeu, deve ser alargado a países terceiros que emitem fortes fluxos turísticos, como o Brasil e os Estados Unidos da América.

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Efeitos ainda se vão sentir
Um dos painéis mais importantes da sessão juntou várias associações do setor. Frederico Costa, vice-presidente da Associação da Hotelaria de Portugal, defendeu que os efeitos desta crise ainda se vão sentir durante algum tempo. O dirigente mostrou receio de aumento do encerramento de empresas e perda de postos de trabalho.
Frederico Costa disse que a abertura de mercados internacionais, como o inglês, assim como a procura dos turistas nacionais são, por outro lado, sinais positivos em relação ao verão deste ano. Contudo, o dirigente não acredita que os níveis de 2019 sejam recuperados antes de 2024. “Se não houver mais apoios às empresas, muita gente ficará pelo caminho”, disse, acrescentando que “sem retoma do turismo não há recuperação da economia”.

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