Carolina Quintela, a jovem curadora que trabalha com artistas internacionais

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    É na curadoria que a escultora caldense prefere trabalhar | D.R.

    Formou-se nas Belas Artes de Lisboa, mas a curadoria conquistou-a. É escultora, faz obras de joalharia, mas é como curadora que mais trabalha. A caldense, de 28 anos, e já trabalhou em exposições internacionais onde reuniu obras de artistas de vários continentes. Apesar de viver em Lisboa, mantém forte ligação à terra natal

    Desde pequena que Carolina Quintela teve a oportunidade de viajar e visitar museus de arte. “Lembro-me do absoluto fascínio que tinha em ver as obras de arte, reproduzidas nos meus livros, ao vivo”, recorda  a caldense, acrescentando que os pais e a irmã, que é conservadora-restauradora, tiveram um papel determinante no desenvolvimento da sua sensibilidade artística.
    Também em miúda passou tardes no Museu da Cerâmica a aprender técnicas na oficina daquele museu. Cedo se apercebeu que iria escolher Belas Artes e, no Verão, entre o 1º e o 2º ano do curso fez um workshop no Arco (Centro de Arte e Comunicação Visual) e acabou por se matricular no curso nocturno de três anos que fez em paralelo à licenciatura e primeiro ano de Mestrado.
    Considerava interessante a área da joalharia contemporânea, que conhecia pouco, mas que fazia sentido explorar, pois trata-se “igualmente da concepção e construção de objectos tridimensionais, mas numa variação de escala, peso e relação entre espaço e o próprio corpo”, contou a autora que, durante o dia, “soldava esculturas maiores que eu” e à noite passava à micro-escala das peças de joalharia.
    “Foi um exercício muito desafiante”, contou Carolina Quintela, que participou em exposições em Portugal e no estrangeiro e ainda hoje “é representada por duas galerias”.
    Em 2017 montou o atelier no Largo Camões em Lisboa, e desde esse ano que tem desenvolvido uma série de peças com o título “Tudo por si continua”, que são pregadeiras em que a superfície de alumínio tem impressa uma fotografia.
    “Todas as fotografias que usei foram tiradas por mim no Parque das Caldas e retratam a ideia do retorno a casa em que tudo acaba por existir num trajecto circular do tempo”, explicou a autora, que seguiu mestrado em Escultura. Em simultâneo estudou joalharia no Arco e, quando terminou em 2015, estagiou na Galeria Tereza Seabra, em Lisboa. Uma experiência marcante para a caldense, pois é uma galeria importante na história da joalharia contemporânea em Portugal, fundada pela Tereza Seabra há mais de 30 anos.

    NO LIMITE DA LEGALIDADE

    Por outro lado, enquanto escrevia a sua tese, Carolina Quintela confirmou o seu gosto pela investigação e pela escrita, assim como pela filosofia da arte, uma vez que o seu trabalho académico se centrou na componente temporal adjacente à obra do escultor Rui Chafes na relação com a obra escrita de Santo Agostinho, Nietzsche e Heidegger.
    O seu interesse pela curadoria foi-se consolidando e, em 2013, uma residência de curadores na Galeria Ogiva em Óbidos. Passados três anos fez uma Pós-Graduação em Curadoria na Universidade Católica de Lisboa e, desde então, dedica-se ao desenvolvimento de projectos curatoriais ou à produção de textos.
    A caldense trabalha com galerias, museus e artistas. Trabalhou por exemplo nas duas exposições da UCCLA – União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa, coordenadas pela curadora do Museu Nacional de Arte Contemporânea, Adelaide Ginga, que foi sua professora e a convidou para o projecto sobre  as ligações entre Portugal e o Brasil, “Do que Permanece”, onde inclui obras de artistas que admira como Nelson Leirner, Rodrigo Oliveira, Vik Muniz, Dora Longo Bahia e Bruno Cidra. Trabalhou aunda noutra mostra sobre as ligações entre Portugal, Macau e a China a propósito da comemoração dos 40 anos de relações diplomáticas e 20 anos da criação da RAEM (Região Administrativa Especial de Macau).
    “O Fio Invisível” falava de um fio, que segundo a lenda originalmente chinesa, “une todos aqueles que estão destinados a encontrar-se e era assim a metáfora para essa ligação e esse mesmo encontro”, contou a curadora.
    A mostra teve peças dos artistas Ana Pérez-Quiroga, António Júlio Duarte, Pedro V