A administração do Centro Hospitalar do Oeste não quis revelar à Gazeta das Caldas quantos bebés deixaram de nascer na maternidade das Caldas da Rainha durante os três dias em que a Urgência do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia esteve encerrada por falta de médicos.
Em resposta a esta e a outras perguntas enviadas por escrito pelo nosso jornal, (depois do administrador Carlos Sá se ter furtado a prestar mais esclarecimentos sobre esta situação, quando abordado pela Gazeta das Caldas na semana passada durante um evento público), foi-nos enviado apenas uma breve informação sobre a forma como foi possível retomar a urgência daquele serviço antes da primeira data avançada pelo CHO.
Segundo esse esclarecimento, logo a 27 de Agosto a administração do CHO fez uma proposta ao Serviço de Ginecologia e Obstetrícia que envolvia a suspensão das consultas programadas, de forma a concentrar os recursos humanos do serviço na urgência de Ginecologia e Obstetrícia, garantindo assim pelo menos dois médicos, mas a proposta só terá sido aceite no dia 29. Foi por isso que a urgência de Ginecologia e Obstetrícia voltou a funcionar nesse dia, a partir das 15h00.
Segundo um comunicado dos vereadores do PS (publicado na edição da semana passada), pelo menos três mulheres foram transferidas, durante este período, para o hospital de referência, em Lisboa, por não poderem ser assistidas nas Caldas.
Os socialistas acusam a administração do CHO de agir muito tardiamente para resolver o problema, “provocando inquietação e turbulência tanto na instituição como na população”.
Os vereadores consideram que este caso vem, mais uma vez, demonstrar a necessidade de particular atenção e intervenção da autarquia em relação ao processo da reorganização dos cuidados de saúde hospitalares nas Caldas da Rainha.
Noutro comunicado (que publicamos nesta edição), a Comissão de Utentes “Juntos Pelo Nosso Hospitalar”, também salienta que “nos últimos dias a insuficiência dos cuidados hospitalares na região Oeste foram postos, mais uma vez, a nu”.
A comissão “acha absolutamente lamentável que, mesmo com a fusão das duas maternidades previamente existentes (Caldas da Rainha e Torres Vedras) seja, ainda assim, necessário encerrar por alguns dias a única maternidade existente”.
O mesmo comunicado refere ainda a existência de agressões que envolveram utentes e profissionais de saúde dentro das instalações hospitalares “o que surge contextualizado numa atmosfera, por um lado, de problemas sociais, mas também de provável défice de resposta de funcionamento, desarmonias e falta de satisfação profissional e de satisfação dos utentes”.
Mais cirurgias e consultas do que em 2013
Esta semana o CHO divulgou que a sua actividade assistencial registou, até ao final de Julho, um aumento significativo relativamente ao período homólogo de 2013.
Os indicadores demonstram um aumento do número de cirurgias realizadas e do número de consultas, que por sua vez permitiu reduzir a lista de espera para consulta.
Houve um aumento da actividade cirúrgica programada em 9,6%, um aumento do número de consultas realizadas em 4,9% e a redução da lista de espera para consulta em 17,8%, comparativamente com período homólogo de 2013.
As cirurgias passaram de 3.192 para 3.497 e o número de consultas externas de 79.816 para 83.747.
Foram submetidos a cirurgia programada no CHO mais 305 utentes até ao final do mês de Julho de 2014 do que em período homólogo de 2013. Já o ano passado se tinha verificado um incremento da actividade cirúrgica em 8,4%.
Também as consultas externas registam um aumento importante, com reflexos na actividade assistencial. Comparativamente com período homólogo em 2013, até ao final de Julho de 2014 foram realizadas mais 3.931 consultas nos hospitais do CHO. Consequentemente, diminuiu a lista de espera para consulta, o que significa que há menos 2.155 utentes a aguardar por consulta.
“Este aumento de produtividade traduz-se em ganhos bastante significativos para os utentes”, refere uma nota de imprensa. “Tal foi possível graças ao empenho e dedicação dos profissionais de saúde que diariamente trabalham para garantir a prestação de cuidados de saúde atempada e de qualidade aos utentes da região Oeste”, destaca o conselho de administração, mas também “da política de constante melhoria que tem sido levada a cabo nas unidades hospitalares do CHO”.
Oftalmologia com novas instalações no hospital de Torres Vedras
A 5 de Setembro foram inauguradas as novas instalações da consulta de Oftalmologia do hospital de Torres Vedras do CHO, numa cerimónia onde esteve o presidente da Câmara local, Carlos Miguel. O serviço de Oftalmologia reabriu em Novembro de 2013 no hospital das Caldas e passou a estar também disponível em Torres em Junho.
Nas Caldas são feitas consultas, pré-exames de apoio à consulta, tratamentos de laser, meios complementares de diagnóstico e terapêutica e cirurgias oftalmológicas. Em Torres o serviço dispõe de consultas e de pré-exames de apoio à consulta.
Desde a reabertura do serviço já foram realizadas nas Caldas 2643 consultas, das quais 2109 foram em 2014. No hospital de Torres, desde o dia 24 de Junho, foram já atendidos 227 utentes.
Desde 24 de Março de 2014 realizaram-se 95 cirurgias oftalmológicas nas Caldas da Rainha, às quais tiveram também acesso utentes de Torres Vedras.
O serviço de Oftalmologia do CHO é composto por três médicos, três técnicos de Ortóptica e dois enfermeiros.
Pedro Antunes
pantunes@gazetadascaldas.pt