Não é muito grave, mas a chuva e o frio desta Primavera e Verão atrasaram o amadurecimento da fruta. Só na próxima semana começará a campanha da pêra Rocha e da maçã de Alcobaça.
Mas pior do que o tempo são os humores da politica internacional. O embargo da Rússia aos produtos da UE impede as exportações para aquele país e aumenta a concorrência entre fruticultores europeus.
A apanha de fruta no Oeste, nomeadamente a pêra Rocha e a maçã de Alcobaça, está, este Verão atrasada em cerca de uma semana. A elevada quantidade de chuva dos últimos meses e as baixas temperaturas são as razões que explicam o atraso no amadurecimento destas e de outras frutas.
Nesta altura do mês de Agosto já seria normal começar a colher-se a pêra Rocha. No entanto, ainda não atingiu nem o calibre nem os níveis de açúcar necessários para ser apanhada.
Davide Cordeiro, da central fruteira Frutalvor, prevê que, para a grande maioria dos pomares, a colheita só se inicie entre os dias 18 e 20 deste mês.
Além do clima atípico, este ano há mais problemas relacionados com a pêra Rocha: a proibição de usar substâncias (como o DPA) destinadas a conservar a fruta durante nove meses, e o embargo russo à importação de produtos da União Europeia, entre os quais a fruta. Só na última campanha, segundo Davide Cordeiro, a Rússia representou 7% das exportações de pêra Rocha em toda a região.
O embargo pode ter uma influência grande nos preços, para além de que pode criar problemas de escoamento.
Maçã de Alcobaça bate novo recorde
Já no caso da maçã de Alcobaça, as variedades mais precoces estão atrasadas em cerca de cinco dias devido à chuva na época da floração, a meio de Abril e devido ao facto de termos tido uma Primavera e um Verão com temperaturas mais baixas que a média. “Porém, não é nada dramático” revelou Jorge Soares, presidente da Associação de Produtores de Maçã de Alcobaça.
Quanto à questão russa, apesar de as quantidades de maçã de Alcobaça exportadas para este país serem pequenas e portanto, não muito preocupantes, este embargo fará com que os grandes exportadores, como Itália, França ou Bélgica, que vendiam cerca de 20% da sua produção à Rússia, este ano, tenham “uma atitude mais agressiva” no mercado. A situação é preocupante porque poderá, tal como no caso da pêra Rocha, criar uma concorrência mais forte e problemas de escoamento, causando uma grande abundância de maçã nos mercados e a consequente baixa do preço.
No entanto, há a expectativa de que 2014 seja um ano de crescimento controlado e que siga a lógica gradual da última década. “E que seja um ano de grande qualidade”, diz Jorge Soares, esperando que se possam “corrigir os preços praticados em 2013 para os níveis mais elevados de anos anteriores”.
A campanha da pêra Rocha do ano passado bateu o recorde em termos de exportações, conseguindo colocar 100 mil toneladas no exterior.
Este ano estima-se que a produção bata o recorde de produção totalizando as 176 mil toneladas, mais 6 mil do que no ano transacto.
Já a maçã de Alcobaça tem batido, ano após ano, os seus recordes de produção, fruto de um plano de crescimento controlado que visa combater o declínio que se registou na década de 1990.
O passado mês de Julho foi, segundo dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, o mais chuvoso deste século.
Isaque Vicente
ivicente@gazetadascaldas.pt