Arquitectura e paisagem de mãos dadas no projecto para os edifícios centrais do Parque Tecnológico de Óbidos

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notícias das CaldasO projecto do arquitecto Jorge Mealha foi o vencedor do concurso público de ideias para a construção dos edifícios centrais do Parque Tecnológico de Óbidos (PTO). Para a sua concretização o arquitecto teve em conta a identidade territorial, marcada por zonas de arborização e de construção, pontuadas por alguns edifícios agrícolas e outros religiosos.
Para além de uma intervenção alicerçada em estruturas verdes, procuraram que tivesse os atributos de uma praça, num território onde as praças não existem por definição. E porque nos territórios mais dispersos, há espaços que cumprem as mesmas funções – os terreiros – o conceito foi aproveitado como caminho de saída para o projecto.

“Vimos muito a praça, como espaço convivial mas muito na perspectiva polivalente”, explicou Jorge Mealha, na apresentação do projecto, a 19 de Setembro, no Convento de S. Miguel, nas Gaeiras.
Alguma investigação sobre os edifícios que pontuam a paisagem da região, apontou para a característica de serem fortemente murados, normalmente na periferia. “São estruturas fechadas para o exterior e muito abertas para o interior, permitindo que haja uma grande leitura do seu todo”, explicou o arquitecto, que no seu trabalho teve por base os conceitos de essência e sentido, assim como o partido da noção de contemporaneidade, sobreposição e de contaminação.
Foi criado um terreiro que, por causa de uma leitura o mais natural possível do território, não é totalmente pavimentado.
A praça é envolvida por uma estrutura verde formada por três elementos, os dois edifícios e um espaço natural. O projecto prevê ainda o aproveitamento dos materiais que não sejam poluentes ou tóxicos, para fazer o elemento natural, criando um falso monte, que também ajuda a esconder parte da estrutura do edifício que se vai sobrepor.
Sobre os edifícios é constituído um anel,  que corresponde à maioria dos espaços de maior flexibilidade, quer da incubadora quer do edifício de gestão.
Houve a preocupação de tentar que os dois edifícios, em conjunto, funcionassem como um todo. “As pessoas que estão a percorrer o claustro têm uma leitura sobre a praça e a totalidade dos edifícios, mas a leitura é de uma identidade”, realça o arquitecto.
Também relacionado com a identidade do território e sustentabilidade, o projecto prevê a existência de um coberto vegetal tão natural quanto possível. “A ideia é não trazer espécies de fora e olhá-lo com naturalidade, mesmo com zonas secas no verão, há que tirar partido disso e procurar que continue aprazível”, salientou.
Houve a preocupação de concentrar no rés-do-chão todos os elementos que tivessem a ver com actividades de rua, como é o caso de lojas, restaurante, anfiteatro, um conjunto de áreas de exposição, sala de leitura e um pequeno café. No edifício para incubação haverá também alguns ateliers no piso térreo porque podem ter uma relação directa com o exterior.
O anel superior é basicamente para funcionamento dos ateliers e é muito modelar, sem relação directa com a rua. “Com esta segregação a ideia é que possa haver actividades na praça, fora do horário normal de trabalho, ou no fim-de-semana”, explicou Jorge Mealha.
Após a apresentação da proposta, segue-se a concretização do projecto, que será concluído com a construção dos edifícios centrais, que possuem um valor máximo estabelecido de 3,6 milhões de euros, a que acresce o IVA. Numa segunda fase serão desenvolvidas as várias especialidades do projecto, seguindo-se o lançamento do concurso público para a empreitada de construção. Filipe Montargil, director da Obitec (entidade gestora do PTO) acredita que a obra deverá começar durante o segundo semestre do ano que vem para estar pronta em finais de 2013.

 

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