Cerca de 500 pessoas assistiram no passado dia 11 de Dezembro ao Congresso do Alojamento Local, no CCC. Com o turismo em crescendo, este sector tem tido um papel importante na oferta de camas na região, imprescindível para fixar turistas. Os autarcas do Oeste defendem que o alojamento local pode ser uma importante alavanca da economia regional, articulando com os outros sectores para criar uma oferta integrada e diferenciada, capaz de atrair cada vez mais visitantes.

O alojamento local é hoje um dos principais responsáveis pela disponibilidade de camas no sector do turismo no Oeste. O interesse por este segmento, que continua em franco desenvolvimento, levou a AIRO e a OesteCIM a organizarem um congresso no passado dia 11 de Dezembro.
Pedro Folgado, presidente da OesteCIM, salientou tratar-se de uma sessão pioneira no país, para um sector que tem tido um relevo crescente na economia da região, mas também no papel que tem desempenhado ao colocar no mercado activos imobiliários devolutos. “Muitas vezes os proprietários não sabem se devem recuperar para alugar ou para vender, mas têm outra alternativa no alojamento local”, sustentou durante a sessão de abertura.
No entanto, o crescimento do alojamento local enquanto segmento económico dentro do turismo representa um desafio para os empresários e para as autarquias. Pedro Folgado diz que não existe excesso do turismo no país, à excepção talvez de Lisboa e Porto, pelo que o desafio é atrair quem visita esses grandes centros a procurar o Oeste.
Este foi, de resto, o tema central do congresso. Pedro Folgado disse que é necessário delinear uma estratégia para o território porque “ainda há muito por fazer”, acrescentando que “ainda não morreu a ideia de ter uma entidade que promova o turismo do Oeste”. Esta última ideia é mesmo vista como uma necessidade e foi partilhada pelo presidente da Câmara de Óbidos, Humberto Marques.
O autarca de Óbidos disse que há uma euforia no turismo nacional, fruto da percepção que existe dos níveis de segurança que Portugal oferece, mas deixou um alerta: “isso pode mudar a qualquer instante, estamos numa época de crescimento mas não será sempre assim”.
CASTELOS E COSTA HÁ EM TODO O MUNDO
Humberto Marques disse que é preciso que o turismo do Oeste se afirme não pelo preço, mas por padrões de qualidade, “criando experiências que deixem sentimentos em quem nos visita”, uma vez que “castelos e costa há em todo o mundo”, observou.
“É preciso ter um produto associado à identidade do território, com uma imersão pelo passado histórico e pelo contemporâneo”, acrescentou. Por isso, cabe aos municípios “ajudar e guiar nessa diferenciação”.
Carlos Bernardes, presidente da Câmara de Torres Vedras, defendeu a criação de uma plataforma que congregue toda a oferta de Alojamento Local no Oeste, o que seria um auxílio à promoção do destino. E também afirmou que o caminho passa por ter uma diferenciação turística oferecendo uma experiência imersiva e integrada. “As pessoas querem provar o queijo fresco da aldeia, ou o presunto, é necessário que se crie uma relação entre o turismo e a comunidade”, disse.
O autarca torriense defendeu ainda que o alvo do Oeste não tem que ser só o mercado internacional. “Há um milhão de pessoas em Lisboa que não conhecem o Oeste e estão mesmo aqui ao lado”, sustentou.
Hugo Oliveira, vice-presidente da Câmara das Caldas, acredita que é importante juntar os diversos promotores turísticos – empresas de agências de viagens, de alojamento local, de animação turística e de hotelaria – porque “constato que não se conhecem e precisam de trabalhar juntos”.
O autarca realçou que a autarquia caldense lançou o portal Caldas City Hub, que permite avaliar quem visita o concelho e conciliar o impacto que os eventos têm na economia local, para que se perceba o que as pessoas procuram. No entanto, frisou que é necessário que os empresários preencham os dados e pediu aos que ali estavam presentes que o fizessem.
PRINCIPAIS MUDANÇAS NA LEI

Além das políticas para o sector, outro dos temas centrais do congresso foi a mudança na legislação que regula o sector, apresentada por Ana Blanco, directora de departamento do Turismo de Portugal.
Em termos orgânicos, a nova lei aprovada na Assembleia da República vem acrescentar uma quarta modalidade ao alojamento local. Aos hostels, apartamentos e moradias, passam a constar no documento o quarto. Nesta nova modalidade o regulador permite o aluguer de quartos (até ao máximo de três) na morada que constitui domicílio fiscal de uma pessoa.
Passou também a ser possível criar estabelecimentos de restauração e bebidas nos alojamentos locais.
A nova legislação dá uma série de competências às autarquias. Estas podem contestar a abertura de hostels e criar zonas de contenção a fim de proteger as zonas históricas do excesso de turistas, limitando o número máximo de estabelecimentos. Nas zonas de contenção a abertura de hostels fica sujeita a autorização expressa dos municípios (fora destas áreas basta realizar uma comunicação prévia que pode ser contestada pelos municípios), que é revista a cada dois anos.