
Falta de material circulante ditou a maioria das supressões porque a CP optou por reforçar o Douro e o Minho em detrimento da linha do Oeste. Entre 2016 e 2018 a CP perdeu 35% dos passageiros nesta linha e 18,7% da receita.

Em 2017 e 2018 foram suprimidos na linha do Oeste uma média de 2,2 comboios por dia. Segundo dados fornecidos pela CP, as supressões nestes dois anos foram de 1633 comboios, dos quais 1313 devido a falta de material, 292 por motivo de greve e 28 devido a problemas da infraestrutura.
Se se considerar apenas as circulações que não chegaram a efectuar-se devido a excesso de imobilizações (automotoras retidas nas oficinas por falta de pessoal da EMEF), a média diária de supressões desce para 1,8 comboios por dia.
A linha do Oeste foi a que mais sofreu com a falta de material nos últimos dois anos. No Algarve e no Alentejo (troço Casa Branca – Beja), onde também circulam automotoras a diesel, a média de supressões por falta de material foi, respectivamente, de 1,2 e 0,3 comboios por dia.
As linhas do Douro e do Minho, onde circula igualmente material diesel, foram poupadas às supressões porque a CP optou por garantir-lhes automotoras em número suficiente. No caso do Douro devido à grande procura motivada pelo boom do turismo e no Minho porque o serviço regional tem uma grande procura (superior à do Oeste).
A linha do Oeste acabou, assim, por ser a mais penalizada, até mesmo durante o passado Verão em que a empresa resolveu alterar os horários e reduzir a oferta a fim de poder assegurar o serviço com menos composições.
Não surpreende, assim, que o número de passageiros e a receita obtida pela CP neste corredor ferroviário tenha vindo a diminuir. Entre 2016 e 2018 a transportadora pública perdeu 35% dos seus clientes e a sua receita diminuiu 18,7%.
Nos últimos meses a situação melhorou significativamente porque foram afectas à linha do Oeste automotoras espanholas que estavam no Douro, onde decorrem obras no troço Caíde – Marco de Canavezes, que está encerrado à circulação.
Quando estas obras terminarem e a CP retomar a oferta normal naquela linha, é provável que o material do Oeste regresse ao Norte.
Por outro lado, as obras de electrificação da linha do Minho entre Caíde e Viana do Castelo deverão estar concluídas em Junho, o que permite à CP libertar algum material diesel para o Oeste. E entretanto virão mais três automotoras de Espanha para circular nos carris portugueses.
O regresso das supressões à linha do Oeste depende, assim, das decisões que a CP tomar na gestão da sua frota de material diesel.