Um estudo estratégico para o turismo do Oeste defende a criação de uma entidade promotora de cariz intermunicipal, no seio da OesteCIM. O documento, realizado pela consultora Design Thinkers, aponta falhas na comunicação da região enquanto destino turístico e defende a criação de eventos de exposição mediática internacional, a reprogramação da sinalética da região e a promoção de rotas temáticas.
Para dinamizar uma nova estratégia para o turismo do Oeste, a Design Thinkers – empresa de consultoria direcionada para a inovação – defende a criação de uma entidade intermunicipal para a promoção do turismo. No estudo que divulgou na OesteCIM no passado dia 29 de Janeiro, defende a criação e gestão da comunicação de uma marca para o turismo do Oeste. Teria também que gerir o processo de internacionalização, promovendo eventos internacionais, a presença em feiras nos principais mercados emissores de turistas, bem como parcerias com agências estrangeiras.
A esta entidade deveria ainda caber a gestão de projectos relacionados com o turismo, assim como as candidaturas a fundos de financiamento e sua gestão, e ainda a relação com Lisboa e com o Turismo do Centro.
COMUNICAR DE FORMA CLARA
A Design Thinkers começou a apresentação do seu estudo apontando falhas na forma como a região se promove online enquanto marca de destino turístico. Num exercício simples de pesquisa no Google, a consultora confirmou a falta de foco na comunicação da região enquanto destino.
Os resultados da pesquisa com a expressão “Oeste Portugal” devolve, naquele motor de busca, informação sobre localização geográfica e a marca institucional, mas não transmite um produto turístico, nem a percepção do que a região tem para oferecer.
Quando a pesquisa se altera para “costa Oeste”, apenas os três primeiros resultados levam realmente para o Oeste. Os restantes remetem para a Costa Vicentina. Por comparação, este destino turístico da costa alentejana comunica a sua oferta de forma directa e estruturada. Isto deve-se ao facto de entidades públicas e privadas alinharam a sua comunicação depois de terem definido a praia e o road trip (viagem por estrada para visitar vários locais) como principais produtos.
O primeiro passo para o turismo do Oeste, então, é encontrar uma marca, definir aquilo que realmente diferencia a região, para depois comunicar essa marca a uma só voz, ao invés de cada município se promover apenas a si próprio. Essa comunicação deve envolver todas as entidades, públicas e privadas, nessa visão comum.
A empresa realça que deve ser aproveitada a proximidade com Lisboa, com três perspectivas diferentes. É que a região pode captar o excedente de turistas que aí se deslocam, pode atrair os turistas que procuram Lisboa, mostrando que num arco de proximidade têm outras experiências que podem complementar a oferta da capital, e pode ainda ser um destino por excelência para os moradores da grande Lisboa para a pausa de fim-de-semana.
O facto de a região possuir muitos recursos em poucos quilómetros de distância, pode contribuir para transformar os turistas de um dia em turistas de fim-de-semana.
DEFINIR PÚBLICO ALVO
A definição de públicos alvo é um passo importante para direcionar essa comunicação. Esta foi outra falha que a empresa encontrou na elaboração do estudo, uma vez que não existe um turista tipo definido pelas autarquias.
No entanto, a pesquisa da Design Thinkers permitiu estabelecer sete perfis principais: o turista religioso e histórico, a família portuguesa que vem passar o fim-de-semana, o surfista amador, a família veraneante que muitas vezes tem ligação sentimental com a região, os amantes de natureza e aventura, os amantes da boa vida que procuram gastronomia e vinhos, e o turista que está só um dia.
A partir destes perfis, é agora preciso perceber as dificuldades e as necessidades que cada tipo de turista sente na região, defende a empresa. É também necessário juntar toda a oferta turística que a região tem para oferecer, criar pacotes, comunicá-los e gerar condições para que os empreendedores dinamizem negócios.
A Design Thinkers recolheu algumas ideias junto dos empreendedores que participaram nas sessões de workshops de empreendedorismo da OesteCIM e da AIRO. De entre estas ideias, destaque para a necessidade de construção de uma marca para o turismo do Oeste, a catalogação do património existente, a criação de App do Oeste que possa ajudar o turista a explorar o que a região tem para oferecer. Os empreendedores focaram ainda a necessidade de uniformizar a sinalética em toda a região, de modo a que esta possa também direcionar os turistas para o que pode visitar nas proximidades do local onde se encontra, e reclamaram mais cursos profissionais na área do turismo.
Pedro Janeiro, da Design Thinkers, adiantou que em relação ao programa de sinalética para a região, já existe a possibilidade de se iniciar um projecto piloto em 2020.
A encerrar a apresentação, a empresa anunciou 30 ideias a ser implementadas até 2021, com algumas já para este ano, como a catalogação das praias e do património e o lançamento de uma aplicação móvel para a região direcionada aos turistas, que poderá até incluir programas de fidelização. Estas ideias incluem a realização de festas, como o Oktoberfest do Vinho, e a criação de diversos tipos de rotas – como de BTT, ou de peregrinação – e de packs turísticos temáticos.
Plataforma de crowdfunding em perspectiva
No passado dia 29 de Janeiro a AIRO e a OesteCIM deram por encerrado um ciclo de workshops dedicados ao empreendedorismo. Paulo Simões, primeiro secretário executivo da OesteCIM, anunciou que está em estudo a criação de uma plataforma de crowdfunding para dar apoio aos empreendedores da região.
Neste ciclo foram efectuadas 48 acções e três concursos de negócios, que envolveram 72 empreendedores, envolvendo cerca de mil pessoas. Jorge Barosa, director da AIRO, destacou que os cinco vencedores dos concursos de empreendedorismo “constituíram empresa e estão a trabalhar”. Actualmente está já a decorrer a iniciativa do empreendedorismo nas escolas com cerca de 7000 alunos.
Paulo Simões destacou a dinâmica que estas iniciativas estão a ter na comunidade da região, mas alertou para a necessidade de dar o passo seguinte para que estas ideias que surgem tenham condições para resultar, de facto, em empresas estáveis.
“Estamos a pensar constituir uma plataforma de crowdfunding”, anunciou, acrescentando que é preciso juntar empreendedores com parceiros interessados em investir nesses negócios “porque a taxa de mortalidade sobre os concursos de empreendedorismo é elevada”.