Exportações de bens no Oeste baixam pela primeira vez em 11 anos

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Vendas para o estrangeiro sofreram grande quebra no primeiro semestre, mas houve recuperação no segundo

As exportações de bens no Oeste sofreram uma quebra pela primeira vez desde 2009, segundo dados do INE. Olhando para as tabelas, concluiu-se que o principal responsável pelo decréscimo terá sido o primeiro confinamento, que levou à paralisação completa ou parcial de muitas unidades fabris.
No acumulado de 2020, o Oeste exportou bens no valor de 1,184 mil milhões de euros, menos 46,7 milhões de euros do que em 2019.
É um facto que a região estava em perda nos dois primeiros meses do ano (4,3% em janeiro e 9,3% em fevereiro), ou seja, ainda antes de o novo coronavírus ter chegado a território nacional, e em cima de perdas também nos últimos dois meses de 2019. Contudo, este ritmo descendente acentuou-se com a rápida escalada da pandemia em Portugal.
Nos meses de abril e maio as quebras escalaram acima dos 15%. A região concluiu o primeiro semestre a perder 10,5% das exportações de bens em relação ao mesmo período do ano anterior. Contudo, o comportamento do segundo semestre indica que, sem este cenário, a economia da região poderia ter tido mais um ano de crescimento no comércio internacional. No segundo semestre, as exportações do Oeste cresceram 2,9% – mais 18 milhões de euros do que no mesmo período do ano de 2019, com destaque para as subidas de julho e de dezembro, ambas a rondar os 9%. Apenas em agosto se verificou uma quebra, de 2,6%.

A crescer fora da UE
O mercado da Europa comunitária continua a ser o principal destino dos produtos made in Oeste, valendo mais de 75% do total do volume exportado. Contudo, este foi também o mercado onde as exportações da região mais sofreram. As vendas para a União Europeia decresceram 11% ao longo de 2020 e chegaram a ter quebra acima dos 25%, em abril. De resto, apenas em julho e em dezembro o mercado comunitário consumiu mais no Oeste em 2020 do que em 2019.
No entanto, as empresas da região conseguiram minimizar as perdas no mercado europeu (cerca de 98,5 milhões de euros) redirecionando os produtos para destinos fora da Europa comunitária, onde cresceu 15,6% (52,8 milhões de euros).
Sinal positivo é que em janeiro já as vendas para fora do espaço europeu já cresciam 20% e só em três meses do ano cresceram abaixo dos 10%, o que significará que estes poderão ser mercados ganhos em permanência. Recorde-se que em 2019 as exportações de bens da região só tinham crescido devido ao comportamento do mercado extra-União Europeia, uma vez que o da UE tinha sofrido ligeira inflexão.

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Indústria alimentar lidera
No que toca aos setores de atividade, a indústria alimentar assumiu-se como âncora das exportações da região. Esta indústria suplantou a da maquinaria – líder crónico dos anos anteriores – e foi dos poucos setores a crescer. A dinamização das exportações da indústria transformadora do ramo alimentar levou a ganhos de 12,3% em 2020 face ao ano anterior, foram 30,1 milhões de euros no acumulado do ano para um total de 274,2 milhões de euros. O comércio de frutas e legumes, o terceiro mais relevante, também cresceu, mas apenas 0,1%. Já a indústria de maquinaria sofreu perdas de 5,5%.
Em conjunto, estes três setores mais exportadores no Oeste totalizam mais de 700 milhões de euros, quase dois terços do total. Ao nível da preponderância na atividade económica da região, seguem-se o setor da pedra e da cerâmica, que combinados geraram exportações acima dos 100 milhões de euros, mas com quebras próximas dos 10%, assim como o comércio de carne, que baixou da barreira dos 100 milhões de euros.

Óbidos sobe, Caldas baixa
Num cenário de perda nas exportações de bens, há três concelhos em contraciclo com o panorama geral. Óbidos viu disparar o comércio internacional para mais do dobro, impulsionado pelo crescimento do setor dos transportes. O segundo que mais cresceu em proporção (3,8%). Peniche foi o outro concelho a subir as exportações homólogo (2,5%), com a indústria alimentar a liderar os ganhos.
No sentido contrário, Caldas da Rainha foi dos concelhos mais penalizados com a quebra de encomendas do estrangeiro, viu o comércio internacional decrescer 35,5%, o que fez o concelho cair do quarto para o quinto posto entre os mais exportadores do Oeste, por troca com Peniche.
Aquele concelho perdeu perto de 32 milhões de euros em negócios com o estrangeiro em relação a 2019. Só o setor da maquinaria, no qual atua a Shaeffler Portugal, perdeu 23,1 milhões de euros. Também se registaram perdas na indústria química, no qual atua a Promol, (3,5 milhões de euros) e no material para fabrico de papel (2,4 milhões).
Torres Vedras continua a ser o concelho mais exportador, seguido de Alcobaça e Alenquer.

 

 

Balança comercial da região melhora 20,8%

Em ano de pandemia, as exportações do Oeste diminuíram, mas o mesmo aconteceu com a dependência do estrangeiro, o que levou a um desagravamento da balança comercial da região na ordem dos 20,8%.
O que a região importa continua a ser superior ao que exporta, mas o défice recuou 66,6 milhões de euros, para se fixar nos 253,3 milhões de euros.
Apesar de a região ter registado um recuo das exportações em relação a 2019, as importações reduziram a um ritmo superior no ano passado (7,3%). Tal como se verificou com as exportações, foi nos meses de abril e maio que se verificaram as quebras mais acentuadas nas compras além fronteiras (17% e 26,8% respetivamente). Também idêntico ao comportamento das exportações foi o aumento na segunda metade do ano, o que se explica pela retoma da economia e da maior atividade das empresas nessa altura do ano.
O que o Oeste mais importa é carne e peixe e vegetais e fruta, mas enquanto o primeiro tipo de produtos recuou 16,1%, o segundo aumentou 1,2%.
A maquinaria é o terceiro tipo de produto que o Oeste mais importa e também recuou (5,5%) assim como os produtos de indústria alimentar (6,4%).

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Em milhões de euros, é o que o Oeste gasta a mais no que compra ao estrangeiro em relação ao que vende. Este défice reduziu 66 milhões de euros em relação a 2019

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