Natal foi melhor para o turismo do que para o comércio

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ACCCRO defende mais parcerias entre comércio e município para criar maior atratividade nas Caldas

Empresários de Óbidos saíram mais satisfeitos com negócios na época natalícia e com melhores perspetivas para 2023 do que os das Caldas da Rainha.

O mau tempo e a inflação foram sentidos de forma diferente no reflexo do volume de negócios de Natal pelos empresários das Caldas da Rainha e de Óbidos. A vocação mais turística do concelho obidense ofereceu maior grau de proteção face à inflação. Nas Caldas da Rainha, algumas lojas reportaram quebras até cerca de 50%.
“Não foi um ano especialmente bom” para os empresários do comércio caldense. Quem faz o retrato é Luís Gomes, presidente da ACCCRO – Associação Empresarial das Caldas da Rainha e Oeste. “Já se perspetivava um ano difícil e notou-se uma baixa nas vendas. Embora se tenha sentido uma melhora na parte final, as quebras nas vendas chegaram a entre 40 e 50% nalgumas lojas, o que é muito”, sustenta.
Apesar de o mau tempo ter contribuído para menores afluxos de pessoas nas ruas do que seria o potencial nesta altura do ano, o maior contributo para as quebras foi “a inflação, o aumento do custo de vida das pessoas”, acredita Luís Gomes. “Além de haver menos pessoas nas ruas, era notório que transportavam menos sacos com compras do que no passado”, acrescenta.
O menor volume de vendas nesta altura do ano torna-se problemático para o comércio, que tinha nesta altura do ano perspetivas de balancear um ano particularmente difícil. Para potenciar as vendas, foi aplicado este ano, pela primeira vez pelo menos na história recente do comércio caldense, o prolongamento do horário da abertura das lojas até às 22h30, uma medida que contou com o apoio do Município das Caldas da Rainha, nomeadamente ao nível do reforço da segurança policial neste período.
“Foi uma medida que nos foi proposta por um associado e tentámos contagiar o restante comércio”, explica Luís Gomes. “Como foi algo que surgiu muito em cima da hora, não foi muito comunicado, mas deu os seus frutos”, diz o dirigente, adiantando que chegaram a estar cerca de 25 lojas abertas no período noturno, principalmente nas artérias mais centrais da cidade.
Luís Gomes considera que esta é uma medida que a associação vai tentar implementar noutras alturas do ano, em que o comércio dela possa tirar dividendos. “Queremos ser a capital do comércio tradicional, mas quando muitas pessoas saem dos seus trabalhos já não encontram as lojas abertas e, por isso, têm que recorrer às grandes superfícies, que estão abertas até mais tarde, por isso temos que nos saber adaptar”, considera.
O presidente da ACCCRO diz que é preciso que os comerciantes, a associação e o município continuem a trabalhar em conjunto para encontrar outras medidas de atratividade, para que o comércio tradicional não perca a “luta” contra os grandes centros comerciais. “Temos que ter lojas âncora, que não temos atualmente, temos que ser mais atrativos e temos também que passar a mensagem que comprar no comércio tradicional é ajudar a economia local”, sustenta, apresentando como exemplo deste esforço tripartido a aposta feita este ano em colocar o Mercadinho e centrar a animação natalícia na Praça 5 de Outubro.
Luís Gomes gostava de ter perspetivas mais animadoras para o próximo ano, mas teme que a perda de poder de compra, aliada ao clima de instabilidade política possa retrair ainda mais o consumo em 2023.
Se nas Caldas o Natal ficou aquém das expectativas dos empresários, em Óbidos sucedeu o inverso.
Carlos Martinho, presidente da Óbidos.com – Associação Empresarial do Concelho de Óbidos, diz que a época natalícia decorreu para os empresários do concelho “dentro das expectativas”, apesar de o mau tempo ter levado ao encerramento, durante alguns dias, do evento Óbidos Vila Natal.
“Tivemos uma época mais balanceada para ocupações mais altas do que estávamos, infelizmente, habituados. Não foi excelente, mas foi melhor do que o ano passado”, refere o dirigente e empresário.
O bom desempenho na quadra natalícia veio dar continuidade a um ano que foi de crescimento para o turismo do concelho e com perspetivas de melhorias para 2023. “Na nossa unidade o planeamento está melhor do que era há um ano atrás, com muitos grupos reservados”, refere Carlos Martinho, que detém o Hotel Josefa D’Óbidos, e o feedback que recebe dos colegas de setor é idêntico. “Esperemos que se confirme, precisamos de faturar para compensar os efeitos da pandemia e dos aumentos bruscos que estamos a sofrer, pela guerra e pela especulação”, refere.
O presidente da Óbidos.com refere que o evento de Natal promovido pela Óbidos Criativa “foi muito benéfico, como são todos os eventos”, sublinha. Além do mercado nacional, Carlos Martinho nota crescimento dos mercados brasileiro e japonês.