
No norte oestino compram-se mais tractores convencionais, uma vez que o seu destino são os campos hortícolas. A sul saem em grande quantidade os frutetos – tractores mais estreitos para poderem circular entre as fileiras dos pomares. A nível nacional, de Janeiro a Maio, este sector cresceu 5,1 % face a 2015, mas os últimos anos tinham sido de quebra. Gazeta das Caldas convida-o a conhecer este mercado e a descobrir as inovações em termos de segurança.
O mercado dos tractores também sofreu com a crise, mas como não vivia um boom, como por exemplo o da construção, também não sentiu tanto a recessão.
Este ano, e face a período homólogo de 2015, venderam-se mais 95 tractores, num total de 2163. Isto representa um aumento de 5,1%. Os compactos e os frutetos registaram uma subida na procura (mais 57 máquinas e mais 106 máquinas, respectivamente), enquanto que os convencionais apresentaram um decréscimo de 58 tractores. Em percentagens, as vendas de compactos cresceram 7,6% e os frutetos 26,6%. Os convencionais registaram uma quebra de 6,4%.
A New Holland lidera o mercado e cresceu mais de 14% face ao mesmo período do ano anterior, aumentando a sua quota de mercado em quase 1,5% (para um total de 16,1%). A Kubota segue com 333 máquinas vendidas, o que representa um aumento de vendas de quase 20% e uma quota de mercado de 15,4%.
Segue-se a Deutz-fahr, que registou uma quebra de quase 14% face a 2015. Menos 27 máquinas vendidas representaram uma diminuição da quota para os 7,9%. Quebra semelhante registou a John Deere, que vendeu menos 26 tractores e tem agora 7,6% do total.
A Same cresceu 18%, a Lamborghini e a Daedong/Kioti acima dos 28%. Mas, em termos de percentagens, a campeã no aumento de vendas face a período homólogo foi a Solis que vendeu mais 9 tractores (para um total de 22). Isto representa um aumento perto dos 70%, atingindo agora pouco mais de 1% do total do mercado (um aumento de quase meio ponto percentual). Em termos de quebras a Ferrari foi quem registou a maior, passando dos 18 para os 10 tractores (menos 44%) e menos perto de meio ponto percentual em termos de quota de mercado.
Na Alemanha, por exemplo, as quebras neste período atingiram os 11% (para um total de 11.560 máquinas vendidas). Em Itália foram de 4% (para as 7.422 máquinas) e no Reino Unido de 8,3% (para as 4.375). Mas em Espanha cresceram 9% (para os 3.967 tractores) e na França o aumento foi de uns impressionantes 26,4% (para as 10.992 máquinas).
Mas a tendência de aumento que se registou em Portugal de Janeiro a Maio deste ano, não retrata a realidade do sector nos últimos anos. Em termos nacionais as quebras nas vendas atingiram os 5,3% em 2014 (4831 para 4668 tractores vendidos). Em 2015 a queda foi menos acentuada, situando-se nos 2,66% face a 2014, num total de 4544 máquinas vendidas.
INVESTIMENTO NA SEGURANÇA
Os novos tractores são construídos com maiores preocupações em termos de segurança. Já trazem um arco por cima do condutor que, em caso de capotagem, reduz em mais de 80% a possibilidade de morte. Também é obrigatório que tenham mais peso à frente, para ajudar a obter melhor aderência, e muitos dos modelos já trazem cinto de segurança.
Mas a grande melhoria são as cabines, que, além da segurança, oferecem muito mais conforto ao trabalhador e poupam a saúde, evitando que respirem os produtos que aplicam no campo.
Em média, os agricultores mudavam de tractor três vezes durante a vida, mas a tendência é que agora estes profissionais, em vez de apenas um tractor, passem a ter dois ou três em simultâneo (em função da área agrícola e do tipo de culturas), o que aumenta a procura destas máquinas.
Na região Oeste há dois segmentos de mercado para os tractores agrícolas. Os agricultores dos concelhos de Caldas, Alcobaça, Óbidos, Cadaval e parte do Bombarral compram mais os frutetos e os de Valado dos Frades, Ferrel, Lourinhã, Peniche, Olho Marinho e Pó preferem os convencionais.
Já quanto às alfaias agrícolas, existem centenas de modelos para as mais variadas funções. No caso da fruta, o campeão das vendas é sempre o pulverizador, porque quem tem fruta tem de ter um. Seguem-se os porta-paletes. Para os hortícolas, todos os modelos que sirvam para mobilização de solos, como as charruas, sachadores, fresas, rippers e grades, são os mais procurados, mas também os plantadores e pulverizadores.
Máquinas agrícolas – há oferta para todos os gostos
DA USSEIRA PARA LEIRIA
A Tractor Usseira é a representante da New Holland em todo o distrito de Leiria (excepto Pombal) e no concelho do Cadaval. A empresa, fundada em 1987, abriu este ano uma nova filial em Leiria. Tem à disposição máquinas que vão dos 20 cavalos (14.000 euros) aos 400 cavalos (280.000 euros). Os mais procurados são o mini tractor de 50 cavalos (18 mil euros), o fruteto de 97 cavalos (40 mil euros) e o convencional de 105 cavalos (39 mil euros).
Também vendem plataformas para a pêra e maçã. Dentro das independentes (que não precisam de reboque) apresentam modelos dos sete mil euros (uma plataforma eléctrica que permite que duas pessoas lá trabalhem em simultâneo) aos 52 mil euros (a diesel, com capacidade para 8 a 10 pessoas).
O primeiro trimestre deste ano antevia quebras na ordem dos 30%, mas a partir de Março conseguiram recuperar e estão perto dos números do ano anterior.
Nesta empresa, os principais clientes são as empresas porque abrangem os três serviços (máquinas novas, peças e assistência). Financiam-se na maioria (60 a 70% dos casos) através da banca.
A Tractor Usseira, que emprega 16 colaboradores, sofreu uma quebra de 6,7% na facturação de 2015 (dos 2,7 milhões para os 2,5 milhões).
Daniel Santos, do departamento comercial da empresa, explicou à Gazeta das Caldas que pretendiam crescer 4% este ano, mas pelos atrasos na aprovação dos projectos dos agricultores e com a incerteza que isso gera, já reviram a previsão para números semelhantes aos de 2015.
UMA MARCA COM MAIS DE 200 MODELOS
José Marquês, do departamento comercial da Agrorainha, representa a Lamborghini nas Caldas, Nazaré, Alcobaça, Óbidos, Rio Maior, Bombarral e Peniche. Só desta marca italiana vende mais de 200 tipos de máquinas (contando modelos e respectivas motorizações), que vão dos 13 mil euros (um mini de 35 cavalos) aos 233 mil euros (um tractor convencional de 250 cavalos). Também existem modelos de rastos que vão dos 80 aos 110 cavalos, custando entre os 27 mil e os 38 mil euros.
José Marquês também importa máquinas para a vindima e plataformas para a pêra e maçã. No primeiro caso, os preços cifram-se entre os 30 mil e os 40 mil euros. No segundo caso existem a partir dos 18 mil euros, mas uma plataforma que não necessite de reboque (automotriz), pode custar 36 mil euros.
Os tractores mais procurados são os fruteiros da Lamborghini. Os convencionais vendem-se mais para as zonas de Valado de Frades, Bárrio, Olho Marinho, Pó, Óbidos, Peniche, Ferrel e Lourinhã.
No Oeste José Marquês é também representante das marcas Solis, que tem uma gama entre os 20 e os 120 cavalos, custando entre os 9500 euros e os 37 mil euros e da TYM, que tem propostas entre os 20 e 110 cavalos, avaliados entre os 11 mil e os 45 mil euros.
Este comercial representa ainda a Carraro (em Alcobaça, Caldas, Óbidos e Peniche) que apresenta tractores entre os 50 e os 100 cavalos a custar entre 18 mil e os 35 mil euros.
MARCA JAPONESA NO BOMBARRAL
Nas Caldas, Bombarral, Cadaval, Peniche e Lourinhã a marca japonesa Kubota é representada por José Carlos Rafael dos Santos, com empresa homónima sedeada no Bombarral.
Vende modelos que vão dos 18 aos 170 cavalos e que custam entre os 10 mil e os 140 mil euros. Os modelos mais procurados situam-se entre os 30 e os 110 cavalos, custando entre 12 mil e os 35 mil euros.
A maior parte dos seus clientes são particulares, que se financiam na banca para adquirirem tractores. Relativamente a 2015, José Santos já vendeu mais 50%, mas ao seu volume de negócios ainda não é muito expressivo, pelo que cada venda tem um peso muito grande nas percentagens.
Em termos de alfaias prefere vender marcas nacionais.