Será um dos 10 concelhos a nível nacional que vão criar comunidades para atrair uma nova geração de trabalhadores.
A Câmara de Peniche associou-se à Digital Nomads Association Portugal (DNA Portugal), uma associação que vai trabalhar com o Governo português e um conjunto de municípios para criar comunidades de nómadas digitais. Peniche será um dos 10 municípios a lançar o projeto, que visa dotar os territórios das estruturas necessárias para atrair estes trabalhadores, sobretudo estrangeiros, que gostam de desfrutar da liberdade que o teletrabalho lhes confere.
O programa foi apresentado em Peniche, no Auditório Municipal, no passado dia 21 de outubro, numa sessão que contou com Gonçalo Hall, presidente da DNA Portugal, e Rayane Negrelos manager do hotel Selina Peniche, unidade que tem um programa para nómadas digitais.
Ângelo Marques, vereador do Município de Peniche, abriu a sessão para dizer que Peniche quer estar “na linha da frente de atratividade de nómadas digitais”, pessoas que trabalham remotamente, “mas têm uma capacidade de otimizar o tempo” para, depois do trabalho, explorarem o território onde estão.
O vereador socialista disse que, na autarquia penichense, “já tínhamos uma convicção forte que, dentro do território nacional, Peniche está sinalizado como ótimo para acolher nómadas digitais”. A sinalização pela DNA Portugal para integrar este grupo inicial de municípios veio confirmar essa convicção, referiu, acrescentando que será “um desafio” para todos os envolvidos trabalhar em conjunto “para acolher estes empreendedores e ganharmos dimensão económica e social”, numa altura em que está a ser lançado em Portugal um visto para nómadas digitais que permite a estadia no país durante um ano a cidadãos estrangeiros que trabalham em áreas que permitam teletrabalho e que tenham vencimentos acima dos 2820€ mensais.
Gonçalo Hall, CEO da NomadX, presidente da DNA Portugal e impulsionador deste projeto disse que “há uma lacuna na promoção de Portugal para os nómadas digitais”, que é o que este programa se propõe colmatar.
O empreendedor caracteriza o nómada digital como um trabalhador remoto que recusa carro e casa e que viaja. Por norma, tem uma estadia média de dois meses, “mas se a comunidade for muito boa”, acabam por regressar e até mesmo radicar-se.
O fenómeno, que está a crescer à escala global, “tem impacto no crescimento económico e de população” das comunidades que os acolhem, refere, porque além de poder económico – estima-se que sejam pessoas com salários médios líquidos de 3.000€, com um gasto mensal médio de 1.800€ que ficam na economia local -, estas pessoas trazem “conhecimento” e impulsionam o empreendedorismo.
Para atrair os nómadas digitais, é preciso criar condições e o que estes procuram é, antes de mais, ter espaços de cowork, com internet rápida, que são “o epicentro da comunidade”. Além disso, tem que haver um conjunto de serviços digitalmente orientados, porque os nómadas digitais têm essa mentalidade “digital first”, ou seja, querem poder fazer tudo, incluindo pagamentos, através do telefone. Há, ainda, uma grande percentagem destas pessoas que são vegetarianos ou veganos, pelo que unidades hoteleiras e restaurantes devem ter isso em consideração.
Fora do trabalho, os nómadas digitais querem “sentir a comunidade”, salienta Gonçalo Hall. Querem conhecer os hábitos, os costumes, a gastronomia, disfrutar do que a natureza tem para oferecer, incluindo ao nível das atividades físicas.
Depois do roadshow que constituiu a primeira fase do projeto, a segunda consiste na criação de grupos de teste e a constituição de uma rede de parceiros, públicos e privados.