Primeira comunidade energética deve estar operacional em cerca de ano e meio a vai ajudar até 120 entidades, entre empresas e famílias carenciadas.
A AIRO – Associação Empresarial da Região Oeste assinou com o Município das Caldas da Rainha um protocolo de cedência de um terreno, na zona dos Texugos, para a instalação da Comunidade Energética da Rainha, uma central de produção fotovoltaica que vai servir para apoiar comerciantes e pequenas empresas a poupar na fatura da energia.
O protocolo consiste na cedência do município à AIRO, por um prazo de 25 anos, de um terreno com cerca de hectare de área, onde será instalada a central de produção elétrica através de painéis fotovoltaicos. Será uma instalação de 1 MWh de capacidade, que será ainda protocolado com uma operadora de energia. Esta terceira entidade será inteiramente responsável pelo investimento, que será na ordem de 1 milhão de euros.
A central terá capacidade para produzir cerca de 1.426 MWh por ano, e terá capacidade para disponibilizar a preços bastante mais competitivos entre 40% a 70% da energia consumida pelas 100 a 120 entidades que dela vão poder beneficiar.
Segundo a Airo, a comunidade energética vai disponibilizar 75% da energia produzida para instalações de baixa tensão, 20% para instalações de média tensão e os restantes 5% para famílias carenciadas indicadas pelos serviços municipais de ação social.
Os preços praticados serão de 8 a 9 cêntimos por Kwh para a baixa tensão e 4 a 6 cêntimos para a média tensão, o que permitirá, segundo a estimativa da AIRO, gerar poupanças que podem ir dos 30% a 40% da fatura mensal, comparativamente a uma fatura que atualmente paga um valor referência de 18 cêntimos por KWh.
O programa está acessível a micro e pequenas empresas do comércio, serviços e restauração que não tenham possibilidade de colocação de soluções de autoconsumo. As pré-inscrições já estão abertas através da AIRO e, cumprindo os requisitos, a seleção será por ordem de inscrição.
Dado este passo, a AIRO vai agora avançar para o protocolo com a operadora de energia responsável pelo investimento. As obras só deverão avançar dentro de 8 meses, e a central fotovoltaica poderá começar a produzir cerca de 6 meses depois.
Os aderentes terão que manter um contrato com um fornecedor, que pode ser o atual, mas vão beneficiar de uma percentagem da energia produzida a preços muito mais competitivos, o que pode entre 40% a 70% do consumo habitual, dependendo do tipo de negócio e das horas de maior consumo. “O valor é tão baixo porque o objetivo é ajudar empresas, não é ter lucro”, refere Jorge Barosa, presidente da AIRO, acrescentando que o valor cobrado não vai sofrer aumentos significativos, ao contrário do que está previsto acontecer com o mercado.
Para o dirigente, este é um passo importante após dois anos e meio de desenvolvimento do projeto, que vai dar às empresas beneficiadas uma solução estável tendo em conta a volatilidade do mercado energético atual, no qual se temem, inclusivamente, a possibilidade de quebras de fornecimento no período de inverno.
Jorge Barosa agradeceu ao município a confiança demonstrada na associação “para um projeto deste nível”. O acordo com a autarquia prevê a criação de mais três comunidades com a mesma dimensão. A AIRO tem ainda em estudo “outras situações para ajudar empresas da região” com este problema dos custos da energia, acrescentou o dirigente.
Vítor Marques, presidente da autarquia, sublinhou o interesse “em estar na linha da frente no apoio às nossas empresas e área social” e afirmou que está, também, a estudar soluções de investimento nesta área, que possam gerar poupança quer ao próprio município, quer aos munícipes e empresas.