Em Banho Maria na Serra D’El Rey

É um espaço amplo, com um grande pé direito, paredes de pedra mostrando uma venerável idade, decoradas com uma mistura curiosa de alfaias agrícolas e arte sacra. Ao fundo, junto ao balcão, uma contrastante parede pintada de um intenso vermelho. No resto, uma sóbria combinação de pedra e madeira. No Inverno pode ser um bocado frio, mas há um aquecimento a lenha num canto que, infelizmente, não irradia calor para a sala toda, embora dê um ar intimista aquela zona do restaurante.
E é de um restaurante que se trata. Chama-se Em Banho Maria e fica na Serra D’el Rey, em plena estrada nacional, mesmo, mesmo em frente ao Palácio Real. Para Maria Fernanda Brito, esposa do proprietário deste estabelecimento, Henrique Algéos Teixeira, trata-se de um regresso às origens. O casal viveu em Lisboa muitos anos e Maria voltou à terra onde nasceu, precisamente no Paço, onde o seu pai era o feitor.
Henrique Teixeira abraçou com indisfarçável paixão este ramo de actividade depois de ter sido empresário da construção civil durante muitos anos. Em 2009 arrendou o imóvel, com opção de compra, e durante quase dois anos diz que andou às voltas para poder avançar com o projecto das obras para o restaurante dada a delicadeza da sua localização, ali a escassos 20 metros da entrada do palácio. Vencida a burocracia do IGESPAR, Estradas de Portugal, Câmara de Peniche e outras entidades, abriu o Em Banho Maria no passado mês de Agosto, num edifício que já foi armazém agrícola, estaleiro de obras, igreja católica, armazém de uma empresa de ar condicionado, igreja protestante.
Para o empresário este projecto significou um investimento superior a 100 mil euros. O restaurante emprega três pessoas na cozinha e duas nas mesas, além do próprio gerente.
“É um restaurante de cozinha tradicional”, diz Henrique Teixeira, sublinhando a boa qualidade dos seus produtos e a excelência do seu bacalhau, fornecido pela prestigiada Ribeiralves. “Não vendemos barato, mas garantimos qualidade. Não há aqui congelados e vendemos praticamente tudo fresco”.
De segunda a sexta-feira um menu de almoço custa 9,50 euros e inclui pão, prato do dia, bebida, fruta e café. A lista é uma incursão por pratos tipicamente portugueses, com destaque para o Bacalhau à Casa, o Bife à Casa e o Polvo à Lagareiro.
Apesar desta gastronomia lusitana, o grosso do mercado alvo são os estrangeiros dos resorts da região. Henrique Teixeira diz que os ingleses gostam de lá ir e que até costumam organizar festas temáticas no restaurante. O Verão superou as expectativas mais optimistas e a quebra habitual do Outono vai agora ser superada com os grupos em jantares de Natal.
Da clientela portuguesa, o proprietário destaca pessoas das redondezas, sobretudo da Atouguia, Peniche e Amoreira, mas também de Lisboa.
Henrique Teixeira é um empresário que não tem um discurso pessimista. “Eu não acredito muito na crise. Às vezes vejo a televisão falar da crise e olho para os clientes na sala e não me parece que haja crise”. No entanto, reconhece que entre os dias 24 e 30 de cada mês há, efectivamente, uma quebra na procura.
Seja como for, o proprietário deste restaurante ganhou calo num sector difícil. “Depois da construção civil, isto parece uma brincadeira de crianças. Aquilo é que era complicado, ninguém paga a ninguém…”. Foi por isso que se desfez dos negócios em Lisboa (onde reconhece que ganhou muito dinheiro em tempos) e resolveu vir para o Oeste, região que lhe parece ter um enorme potencial turístico. “Estou nisto com muito prazer. É como se fosse umas férias”, conclui.
O Em Banho Maria (tel. 910939366) está aberto desde terça a domingo, fechando apenas ao jantar desse dia e à segunda-feira.
Carlos Cipriano
Vista Pura cria páginas na Internet livres da emissão de carbono
Uma empresa de novas tecnologias da informação amiga do ambiente. É desta forma que se apresenta a Vista Pura, uma empresa incubada no ABC, no Convento de S. Miguel, e que é a única em Portugal a criar e fazer a gestão de sites na internet utilizando fontes de energia renováveis, livres de emissão de dióxido de carbono (CO2).
Os projectos que executam são alimentados pela energia produzida através de painéis solares, permitindo fornecer “soluções 100% sustentáveis para empresas que tenham consciência ambiental mais desenvolvida”, conta José Gonçalves, sócio gerente da empresa, juntamente com Luís Faisca. Na prática, a empresa tem um centro que produz energia verde, no Algarve, que é depois introduzida na rede eléctrica nacional. A produção neste momento é 100% solar.
O técnico informático diz que estudos recentes dão conta que no ano 2020 a energia necessária para o alojamento dos sites e operacionalidade dos computadores vai emitir mais CO2 do que toda a indústria aeronáutica. “É assustador pensar nisso e a alternativa é poder desenvolver sites que não emitam CO2”, disse, defendendo que as empresas deveriam começar a ter uma maior consciência ambiental.
Os sites sustentáveis têm direito a um certificado dado pela empresa, que garante que são feitos e mantidos com energia verde, livre de CO2. A rede de ginásios Vivafit é uma das certificadas.
Embora o que é verde possa ser um pouco mais caro do ponto de vista financeiro, os responsáveis contrabalançam com as mais valias a nível ambiental e da redução de CO2. “Custa, em média, mais 10 a 20% porque sai mais caro produzir energia eléctrica renovável do que utilizar energia da rede”, justificam.
Os responsáveis realçam que esta preocupação ambiental é muito importante principalmente para empresas com actividade no mercado internacional, sobretudo em países como a Inglaterra, Alemanha e norte da Europa, onde existe uma grande consciência ambiental.
A empresa está a dar-se a conhecer na região e, para isso, está a realizar uma campanha de promoção, a decorrer até ao final do ano, para empresas que queiram ter um site na internet. Esta consiste na oferta de 100 websites para as primeiras 100 empresas a aderir. “Trata-se de produzir um pequeno website, mas com todas as características necessárias para uma empresa iniciar a actividade”, explicou José Gonçalves, informando que este terá um custo aproximado de 300 euros.
Trata-se de uma página simples, mas com as opções básicas, como contactos, formulários e os serviços que oferece. Os interessados poderão aceder à campanha e ver alguns exemplos, na página da empresa em www.vistapura.pt/pme.
Luís Faisca diz que escolheu o centro incubador de Óbidos porque “oferece condições excepcionais para o desenvolvimento da empresa”. É que ali conseguem ter um leque de serviços, como salas de audiência e comunicações vantajosas, que de outra forma seria muito difícil de aceder.
No futuro pretendem dar um passo para instalações próprias, mas garantem que “tudo terá que ser feito de forma faseada e consoante a evolução da empresa no mercado”.
A escolha por Óbidos também teve a ver com as políticas ambientais do município. “Foi um factor decisivo perceber que a Câmara de Óbidos tem uma política ambiental bastante vincada e já implementada no terreno”, sustentaram os sócios gerentes, que fizeram um investimento inicial superior a 30 mil euros.
Actualmente trabalham na empresa apenas os dois sócios, mas têm um projecto no Centro de Emprego para criar um posto de trabalho.
A Vista Pura, sediada no Convento de S. Miguel, pode ser contactada através do e-mail: info@vistapura.net ou telefone 262955704.
Fátima Ferreira
Cantinho do Sossego tem nova gerência e visual renovado
Desde 30 de Outubro que o café Cantinho do Sossego, na Rua António José Alves nº 12 (no Bairro da Ponte), tem nova gerência. Sem mudança de nome, Pedro Santos é agora o proprietário daquele espaço, que já conta com 23 anos em funcionamento.
Pedro Santos nasceu há 48 anos no Bairro da Ponte e era lá que pretendia concretizar o sonho de abrir um estabelecimento comercial. “Sempre tive o sonho de ter um café pequenino. Queria ter um espaço que conseguisse geri-lo sozinho e que, acima de tudo, me desse gozo”, conta.
Mas esta não é a primeira vez que se aventura por conta própria. Depois de ter deixado Amesterdão (Holanda), onde viveu durante 35 anos, Pedro Santos já foi instalador da Cabovisão e chegou mesmo a possuir uma loja de informática nas Caldas. “Nos últimos sete anos fui sempre patrão de mim próprio. Estava farto das áreas que eu estudei [Economia e Informática]. E como conheço este local há muito tempo e há quatro anos que andava atrás dele, resolvi arriscar”, diz.
Apenas faltava a oportunidade para se lançar no negócio. “A oportunidade surgiu quando os donos do café quiseram trespassá-lo. O trespasse correu mal, fui falar com o proprietário e ele ficou interessado na minha oferta”, declara. O nome “Cantinho do Sossego” permaneceu. Para além da gerência, mudou somente a pintura interior do café. “As paredes do café eram todas as cremes. Pensei em pintá-las de amarelo, verde e laranja para dar mais vivacidade e alegria ao espaço”, afirma Pedro Santos.
Contudo, as obras não se vão ficar por aqui. O Cantinho do Sossego contempla uma área de 30 m2 com mais 20 m2 da estrutura em toldo. É esta última que vai ser substituída por um isolamento fixo. “Quando chove a água entra e de noite essa parte têm de estar aberta para os clientes entrarem, mas depois o frio entra também. Por isso, vou colocar um aquecedor e um isolamento com janelas e portas de correr, para toda aquela parte ficar mais aconchegante”, dá conta Pedro Santos, que com o final das obras, o investimento naquele espaço rondará os dez mil euros.
Como todos outros estabelecimentos do mesmo género, o Cantinho do Sossego contém bolos, bebidas alcoólicas (sendo que é a cerveja a que mais se vende) e não alcoólicas e, claro, o café que custa 55 cêntimos, apesar de vender a marca mais cara do mercado – Buondi. “Também temos bifanas, que no papo-seco custam 1,60 euros e numa caseira é 1,80, e moelinhas a quatro euros”, divulga o proprietário, que promete realizar mais iniciativas, do tipo que fez no dia de São Martinho, em que ofereceu castanhas assadas e água-pé aos seus clientes.
O Cantinho do Sossego abre todos os dias entre as 8h30 e as 2h00.
Tânia Marques