Alcobaça aposta em projeto de promoção de igualdade de género

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Intervenção nas escolas ao longo de dois anos visa sensibilizar jovens para igualdade de género e combate à violência

A Câmara Municipal de Alcobaça está a desenvolver um projeto de promoção de igualdade de género, em parceria com instituições locais e que recorre, entre outras medidas, a iniciativas de artistas junto da comunidade escolar.
O projeto, intitulado “Inês = Pedro?”, apresentado publicamente na passada segunda-feira, resulta de uma candidatura aprovada no montante de 56 mil euros ao programa Small Grant Scheme #2, que se destina a ações de prevenção e estratégias de apoio a crianças e jovens na área da violência contra as mulheres e a violência doméstica.
A iniciativa, que tem a chancela da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género, arrancou no passado mês de setembro e tem um prazo previsto de execução de dois anos. Porém, foi interrompida devido à pandemia.

Iniciativa envolve EPADRC, Agrupamento de Escolas de São Martinho do Porto e a CPCJ, com artistas locais

Além da autarquia, o projeto envolve a Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Cister, o Agrupamento de Escolas de São Martinho do Porto e a Comissão de Proteção e Jovens em Risco de Alcobaça (CPCJ).
A entidade gestora é a UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta), tendo sido contratados vários artistas para desenvolverem um total de 158 sessões nas escolas distribuídas por 19 atividades, com exceção de uma ação na Escola Adães Bermudes, destinada a crianças identificadas pela CPCJ.
Durante dois anos, o animador Tomé Simão Dionísio, o Teatro da Transformação, a SA Marionetas e a associação Tocar n’Alma (Caldas da Rainha) asseguram atividades nos jardins de infância e turmas pré-identificadas dos vários ciclos de ensino, bem como a formação de docentes e não docentes e a capacitação dos pais.
Recorrendo a “ferramentas artísticas e práticas colaborativas”, pretende-se, deste modo, desenvolver as capacidades cognitivas das crianças e jovens e, desse modo, “apostar na cidadania e na transmissão de valores numa sociedade competitiva, mas também solidária e com princípios”, explica Inês Silva, vereadora da Educação da Câmara de Alcobaça
A autarca valoriza o envolvimento dos professores e pais, notando que o projeto “Inês = Pedro?” visa “chegar aos jovens e sensibilizá-los para a igualdade de género e violências”, visão complementada por João Mota, psicólogo da Câmara, que considera que o “principal objetivo passa pela prevenção primária”.
Na apresentação do projeto, Luísa Sardo, diretora do Agrupamento de Escolas de São Martinho do Porto, explicitou o propósito desta intervenção. “Quando vemos as gerações novas a cometerem os mesmos erros das gerações anteriores sabemos que é preciso fazer algo”, afirmou a docente.
Paula Malojo, diretora da EPADRC, salientou que a escola “tem de estar aberta à comunidade” e esta iniciativa “que resulta de parcerias, que ajudam a resolver muitos problemas, vão ao encontro da estratégia da educação para a cidadania”.
Por seu turno, Helena Pais (CPCJ) alertou para a problemática com o abandono escolar da comunidade cigana. “As raparigas chegarem ao 9º ano é um tormento. Por tradição e questões culturais, as adolescentes começam a ajudar a família nas tarefas em casa e começam a ser preparadas para serem esposas”, frisou a responsável, lamentando, por outro lado, que o Agrupamento de Escolas de Cister “não faça parte do projeto”.

Agrupamento de Escolas de Cister não integra iniciativa, mas Câmara garante que a entidade recebeu um convite

Em resposta, a vereadora garantiu que o maior agrupamento de escolas do concelho recebeu convite, mas não formalizou o interesse em aderir.
“Fizemos o convite a todas as escolas, mas isto não quer dizer que as escolas não queiram participar. Sabemos que, por vezes, é difícil abarcar todas as iniciativas que são propostas”, rematou Inês Silva. ■