Concurso de empreendedorismo nas escolas dominado pela tecnologia

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Gazeta das Caldas
Todos os participantes nesta final no palco principal do CCC | J.R.

A tecnologia esteve em destaque entre as ideias finalistas do concurso Empreendorismo nas Escolas das Caldas da Rainha. Um kit informático para aliviar o peso transportado pelos alunos, uma versão online da Praça da Fruta e uma aplicação para incentivar boas práticas de cidadania, foram os vencedores. A edição deste ano, que teve a final no passado dia 19 de Maio no CCC, contou com a participação de 273 alunos.

O peso que os alunos transportam diariamente nas suas mochilas é um problema com que a sociedade se depara há largos anos e que os jovens Beatriz Fazendeiro, Mariana Loureiro e Afonso Ribeiro, alunos da EB de Santa Catarina, se propõem resolver com a sua ideia de negócio para o concurso Empreendedorismo nas Escolas.
Digikia foi o nome que escolheram para um kit que põe de lado os livros e os cadernos escolares. Trata-se de um kit composto por um caderno digital, uma caneta digital e um tablet munido com diversas aplicações que substituem todo o material escolar utilizado pelos alunos e professores. A ideia passa por incluir no tablet uma aplicação da editora responsável pelos manuais escolares contendo os livros, cadernos de exercícios e demais acessórios. Além disso, o tablet dispõe de calculadora científica e outras ferramentas como editores de texto ou folhas de cálculo.
“Menos peso, mais tecnologia” é o lema dos alunos para promover esta ideia que pretende combater um problema que os jovens conhecem bem e que os adultos não têm sido capazes de resolver.
Demonstrando que a ideia não é superficial, o trio adiantou que também já pensa no desenvolvimento de sistemas de conversão do texto para pessoas invisuais e com dificuldades auditivas. Outro aspecto que valorizou o projecto Digikia foi o argumento de que esta solução levaria a uma poupança significativa de papel na impressão de manuais escolares, beneficiando o ambiente.
Este foi o projecto vencedor entre os submetidos por alunos do 2º ciclo.
Em segundo lugar ficou a Dinamo Design, empresa idealizada por Carlota Henriques e Júlia Henriques que apresentaram uma solução “para quem tem dificuldade em encontrar roupas que gosta nas lojas”, permitindo-lhe criar a sua própria roupa. Num site, o cliente escolhe o molde da peça de vestuário, o tipo de tecido e as cores e padrões, preenche um formulário que inclui as medidas corporais e recebe as peças em casa.
Ainda no pódio ficou o projecto Wash Home, da autoria de Ana Serrazina, Maria Firme e Inês Duivenvoorden. Trata-se de uma banheira com todas as características necessárias para dar banho de forma automática a animais de estimação. A banheira transforma-se depois numa casota para o próprio animal.
Como os três finalistas são da EB de Santa Catarina, este estabelecimento também ganhou o prémio de escola mais criativa.

A PRAÇA ONLINE

Um dos projectos que mais impressionou o júri foi A Praça, de Carolina Barrelas, aluna da Escola Secundária Raul Proença, apaixonada pela Praça da Fruta que ficou com o primeiro lugar no 3º ciclo.
A jovem estudante começou por dizer que a Praça é especial pelo seu ambiente, mas que tem, para ela, o mesmo problema de muita gente. “Nem sempre consigo lá ir”, constatou. É isso que se propõe a resolver com A Praça.
O seu negócio idealizado tem por base uma aplicação para aparelhos móveis que permite a compra online de produtos frescos do mercado diário caldense, que são depois entregues ao domicílio.
Mas propõe-se fazer mais. Com A Praça, Carolina Barrelas constrói todo um projecto de modernização do mercado, o que fez com apoio em conversas que teve com os vendedores. Implementa um sistema de promoção das bancas e dos produtos de cada uma, com preços e sistema de avaliação ao estilo do TripAdvisor, um mapa de bancas e também um sistema de senhas.
A aplicação a desenvolver contém ainda a história daquele mercado. A jovem aluna não esqueceu parcerias a fazer com entidades que já fazem um trabalho de promoção da Praça da Fruta.
Como se trata de um modelo de negócio, as receitas seriam provenientes de publicidade e também do alojamento das páginas dos vendedores, assim como de actividades de promoção.
Carolina Barrelas incluiu no projecto um espaço cliente dedicado aos clientes físicos da Praça. Ali estes têm acesso a cacifos onde podem deixar as compras, que podem levantar mais tarde com o seu próprio automóvel.
Curiosamente, a jovem aluna deixou uma crítica às actuais bancas, que por serem demasiado coloridas tiram protagonismo aos produtos, argumentou. E apresentou um design alternativo que até prima por ser mais simples de montar e desmontar.
Em segundo lugar ficou o Pocket Energy, de Guilherme Garcia, aluno da EB 2,3 de Santo Onofre. Este jovem empreendedor apresentou mesmo um protótipo deste produto, que consiste num pequeno aparelho de bolso com o qual se gera energia, rodando uma alavanca para carregar telemóveis.
A fechar o pódio ficou a plataforma Fit Yourself, idealizada pelos alunos do Colégio Rainha D. Leonor, Diogo Silva, Gustavo Ribeiro, Carolina Vasconcelos e Kenzie Thain.
Esta plataforma permite a quem compra roupa online experimentar virtualmente as peças através de uma modulação 3D, que aplica a roupa a uma fotografia tridimensional do cliente.

UMA app para a CIDADANIA

O projecto vencedor do ensino secundário e profissional foi desenvolvido por Jorge Mendrico, formando do Cenfim, que pretende com o seu City Plus fomentar bons comportamentos cívicos entre os cidadãos.
“Mais cidadania, melhor ambiente” é o lema deste projecto, que incentiva os munícipes a relatar problemas como lixo no chão, buracos na estrada ou no passeio, ou avarias na iluminação, através de uma aplicação móvel. A informação chega directamente às autoridades competentes para que possam solucionar os problemas.
Se até aqui o conceito não é propriamente novo, a ideia de Jorge Mendrico diferencia-se por dar algo em troca a quem pratica estas boas acções. Este incentivo consiste num sistema de pontos a atribuir por cada situação relatada. Os pontos podem depois ser trocados por acesso a eventos culturais e desportivos, ou programas de bem-estar.
O júri considerou esta uma boa ideia e encorajou o jovem a concretizar o projecto ou a procurar parcerias para integrar o sistema de incentivo que criou noutras plataformas semelhantes que já existem.
Em segundo lugar no ensino secundário e profissional ficou o projecto E-Race, de Catarina Gaspar, Marco Santos, Rui Marques e Tiago Rebelo, da ETEO, que consiste na criação de um espaço de lazer na zona desportiva da cidade dedicado a competições e eventos ligados ao radiomodelismo.
Em terceiro lugar ficou a Jangada da Lagoa, promovido por Diogo Pinto, João Santos, Francisca Faustino e Sara Santos, da EHTO, para servir refeições em plena Lagoa de Óbidos a bordo de uma jangada.
Houve ainda um prémio para a escola mais empreendedora, atribuído à EHTO.
O júri foi composto pelos empresários Pedro Manuel, da BitCliq, e Luís Ventura, da Alferpac, Célia Roque, directora do Centro de Emprego Oeste-Norte, Pedro Raposo, vereador da Câmara das Caldas, e Carla Martins, vice-presidente da AIRO.
Carla Martins realçou que esta iniciativa é uma forma de fomentar o espírito empreendedor junto dos alunos, “com objectivo de que sejam os empresários do futuro”.
Maria João Domingos, vereadora da Educação, destacou o trabalho realizado pelos professores, pelos alunos e pelos seus encarregados de educação, “que se mobilizaram para trabalhar a capacidade de inovar e a criatividade”. A vereadora realçou que foram entregues 57 projectos, que envolveram um total de 273 alunos de todas as escolas do concelho.
Pelo segundo ano, a gala foi organizada por uma escola, cabendo a tarefa à ETEO, que abriu o evento com o seu grupo de bombos. O evento teve ainda animação da Escola Vocacional de Dança das Caldas da Rainha e com a música de Alexandre Martins, aluno do Externato Cooperativo da Benedita. No próximo ano a organização caberá à escola Raul Proença.