Celeste Afonso
diretora cultural executiva
Termina no final deste mês o prazo para a submissão de candidaturas à Rede das Cidades Criativas UNESCO (UCCN). Ao longo dos últimos 2 anos, muitas cidades em todo o mundo prepararam os seus dossiês esperando juntar-se a uma rede mundial com cerca de 250 cidades oriundas dos 5 continentes e serem designadas como Cidade Criativa UNESCO numa das 7 áreas: Literatura, Design, Artes Digitais, Gastronomia, Música, Cinema e Artesanato e Artes Populares.
Embora a Rede tenha tido início em 2004, Portugal só passou a integrar a UCCN em 2015, com as designações de Óbidos, na área da Literatura, e de Idanha-a-Nova, na área da Música. Desde então, mais 7 cidades juntaram-se à UCCN: Amarante (Música, 2017); Barcelos (Artesanato e Artes Populares, 2017); Braga (Artes Digitais, 2017); Caldas da Rainha (Artesanato e Artes Populares, 2019); Leiria (Música, 2019); Covilhã (Design 2021) e Santa Maria da Feira (Gastronomia, 2021).
Ser cidade criativa não depende do letreiro colocado na praça. Uma cidade é criativa quando a criatividade se sente nas ruas, quando desenvolve políticas urbanas inovadoras e soluções que colocam os cidadãos e a sustentabilidade no centro do processo de desenvolvimento.
Braga é a cidade portuguesa que melhor tem aproveitado a UCCN para desenvolver uma estratégia de criatividade rizomática, num plano de desenvolvimento sustentável que transforma o território e as pessoas.
Na região centro, Leiria é o exemplo de uma cidade que se repensou e que colocou a criatividade no centro das suas políticas. Há uma cidade antes da designação de Leiria Cidade Criativa Unesco e outra depois dessa designação, com repercussão nas pessoas, nos agentes culturais, no espaço público, na ação social, na educação, na economia, no ambiente e no turismo. Estão todos de parabéns e são um exemplo de “boas práticas”!
No caso de Caldas da Rainha, é difícil ter opinião. Não há informação oficial, não há um site, a candidatura não é pública e não se conhece o Plano de Acção. Não tenho dúvida que a cidade tem a criatividade no seu ADN, mas não sinto que o facto de ter integrado a Rede das Cidades Criativas UNESCO tenha alterado as suas dinâmicas culturais, sociais, económicas e educativas. Há a sensação que a cidade ainda não iniciou o processo legitimado pela designação de Cidade Criativa Unesco.
Depois de Óbidos e de Leiria, espero que no dia 30 de Outubro esteja a celebrar Bissau Cidade Criativa da Música UNESCO, mais uma candidatura que tive o prazer de coordenar.■