Heróis Imperfeitos, Amor Perfeito

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Sandra Santos
Diretora pedagógica

Os pais não são super-heróis. Não têm todas as respostas, não conseguem arranjar todas as avarias (ainda que desse jeito), não acertam sempre, nem conseguem proteger os filhos de todas as quedas – ainda que o tentem. Crescemos com a ideia de que os adultos sabem tudo, mas, mais cedo ou mais tarde, descobrimos que não. Na verdade, essa é uma das maiores lições que um pai pode ensinar: que errar faz parte do processo de crescimento, que a vida nos vai deixar sem repostas nalgum momento e que o amor não está na perfeição, mas na presença.

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Os ensinamentos mais importantes não cabem em palavras, estão nos gestos pequenos e silenciosos: segurar-nos na bicicleta até ganharmos equilíbrio; deixar a luz de presença ligada quando temos medo; aparecer sempre nos momentos importantes (mesmo que chegue atrasado e ofegante); ser rede de amparo mesmo antes de cairmos; fazer quilómetros para nos mostrar o mundo… O amor dos pais, tantas vezes, está naquilo que nunca dizem, mas que fazem questão de demonstrar.

Ser pai não é sobre saber sempre o que fazer. É sobre estar lá, mesmo sem saber. É sobre dar o melhor que se pode, mesmo que às vezes pareça pouco. É sobre falhar, pedir desculpa e tentar outra vez. E é por isso que, no fundo, um pai não precisa de ser perfeito para ser inesquecível. Porque os filhos não se lembram das falhas, lembram-se do colo, do riso partilhado, das histórias, das mãos que nos seguravam firmes.

Para alguns de nós, o Dia do Pai é celebrado na ausência. É um dia de recordações, de saudades que não diminuem com os anos. Mas também é um dia para agradecer, para sorrir ao lembrar as histórias que ficaram, para perceber que o amor de um pai nunca desaparece – permanece em nós, nos nossos gestos, nas palavras que dizemos sem perceber que são as dele.

E neste dia, também é justo lembrar as mães que, sozinhas, assumiram todos os papéis. As que ensinaram a andar de bicicleta, as que levaram aos treinos de futebol sem saber distinguir um penálti de um fora de jogo; as que foram às reuniões da escola; as que deram colo e, simultaneamente, tiveram que impor limites, em suma, as que seguraram as pontas quando não havia mais ninguém. Porque a figura paterna não é apenas um laço de sangue, é um compromisso de presença, amor e cuidado, independentemente do modelo de família.

Neste dia de “pais”/”mães”/”avós”/”avôs”, o mais importante é dizer “obrigado”. Obrigada… pelo que disseste e, sobretudo, pelo que me ensinaste sem proferir uma única palavra.

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