A propósito do meu texto sobre as caldeiradas e sobre a do António da Barbuda (talvez a mais famosa do séc. XIX), cuja receita, então, deixei, na versão de Júlio César Machado sublinhei o imperativo de utilizar o azeite do Sr. Herculano.
Alexandre Herculano de Carvalho Araújo, nasceu em Lisboa em 1810.
Foi redactor principal de “O Panorama”, então o principal instrumento de divulgação da estética romântica, em Portugal. Nele publicou vários estudos de natureza histórica e muitas obras literárias, depois editadas em livro: A Abóbada , Mestre Gil , O Pároco de Aldeia , O Bobo e O Monge de Cister.
Em 1837 assumiu a responsabilidade da redacção do Diário do Governo, nesse tempo um jornal de suporte ao partido no poder.
Em 1839 foi nomeado, por iniciativa do rei D. Fernando, para dirigir a Real Biblioteca da Ajuda e das Necessidades, tendo conservado esse cargo quase até ao fim da vida.
Em 1840 chegou a passar pelo Parlamento, eleito pelo círculo do Porto, como deputado do Partido Cartista, mas as manobras partidárias enojavam-no e sentia dificuldade em falar em público.
Foi-se afastando da actividade política e dedicando-se à literatura. Nos anos seguintes publicou romances de ambiente histórico e inicia da publicação da História de Portugal.
Viveu os últimos 10 anos da sua vida (até 1877) na Quinta Vale dos Lobos, em Santarém. Aí criou a marca “Azeite Herculano”, de baixa acidez, que recebeu prémios internacionais. O primeiro foi-lhe atribuído em 1876 e mais tarde nas exposições internacionais de Anvers 1894 e de Paris 1889.
Falemos então de azeite.
Por muitos séculos o cultivo da oliveira ficou restrito aos países da bacia mediterrânica como: Espanha, Grécia, França, Portugal, e norte de África.
Desde as civilizações antigas mediterrânicas que o azeite é utilizado não só como alimento, mas também como produto básico na medicina tradicional, na higiene, e na beleza ( no Egipto 5000 anos AC.).
A oliveira é uma árvore originária na da Ásia menor (Turquia) que teve um crescimento espontâneo nas zonas do mediterrânicas.
A oliveira chegou à Grécia na variedade cultivada, consagrada à deusa de Atenas e tornada símbolo de sabedoria, abundância e paz.
Vários historiadores atribuem aos romanos a responsabilidade do início do cultivo da oliveira na península ibérica.
Há um ditado popular que diz: “A melhor cozinheira é a azeiteira” e os livros de receitas tradicionais portuguesas comprovam-no. Utilizado em cru (como tempero), em cozinhados (como ingrediente), bem quente (como meio de cozedura) ou a frio (como agente conservador), marca presença na cozinha.
Faz parte dos hábitos das regiões mediterrâneas e está presente em boa parte de nossa história.
A dieta mediterrânica é um dos padrões alimentares mais saudáveis do mundo, na qual abundam alimentos de origem vegetal, cereais, legumes e frutos, a carne é cosumida com moderação, preferindo-se o peixe e ovos.
Vários estudos provam que o azeite é um elemento fundamental da “dieta mediterrânica”.
João Reboredo