Sobre a coragem para tomar as decisões necessárias para as Termas de Caldas da Rainha

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João Frade
jurista

As Termas das Caldas ocupam um lugar especial no coração dos caldenses. Todos conhecem a história de como as Caldas nasceram, graças à Rainha D. Leonor, que, no século XV, reconheceu o valor terapêutico destas águas sulfurosas e ordenou a construção do Hospital Termal. Este legado moldou para sempre a identidade de Caldas da Rainha.
Agora, perante o estado do património termal, a verdade, por mais dura que seja, precisa de ser apresentada. As Termas enfrentam desafios sérios. Não são necessários mais estudos, planos ou relatórios. O diagnóstico já foi amplamente traçado por vários estudos realizados nas últimas décadas. Chegou a hora de todos os responsáveis terem coragem para escolher o caminho e tomar as decisões necessárias.

O sucesso das Termas depende, inevitavelmente, da reabilitação dos Pavilhões do Parque e da criação de um projeto hoteleiro e turístico que potencie a atividade termal, apostando também na área do bem-estar. Já no século XIX, o arquiteto Rodrigo Berquó percebeu esta necessidade e foi com essa visão que planeou a construção do Parque e dos Pavilhões. Contudo, interesses hoteleiros da época uniram-se para ajudar a travar o projeto, o que impediu que ali nascesse um hotel. Faltou-lhes visão e isso marcou os cem anos seguintes.

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Os Pavilhões serviram para tudo: escola, quartel, esquadra, oficinas, armazém, etc. Tudo menos o que as Termas e as Caldas precisavam para crescer e prosperar em todas as suas valências.

Para ajudar a reverter este cenário, torna-se igualmente essencial construir um novo Balneário Termal, mais moderno, com capacidade para incluir novas vertentes de tratamentos e equipado com infraestruturas de lazer e bem-estar, como piscinas, entre outros. Este futuro equipamento, por motivos funcionais, deve situar-se próximo dos furos termais localizados na Mata Rainha D. Leonor, uma área querida e simbólica para os caldenses. Escolhas difíceis impõem-se, mas revelam-se fundamentais para mudar o atual contexto. Intervir numa zona junto deste espaço verde pode gerar dúvidas, mas a revitalização do termalismo exige soluções práticas e ambiciosas.

Para compreender a realidade das novas ofertas termais em Portugal, importa visitar as Termas de São Pedro do Sul e de Chaves, que, com investimentos continuados e apoios financiados, conseguiram modernizar-se e atrair novos públicos, mantendo a essência terapêutica.

O termalismo caldense tem futuro, mas exige transparência e ação. Os caldenses merecem saber a verdadeira situação do património termal e correr agora para ultrapassar décadas de inércia, avançando com decisões necessárias e urgentes. Reabilitar os Pavilhões, integrar um hotel e modernizar as infraestruturas termais não constitui apenas uma questão de preservar a história das Caldas; trata-se também de construir um legado económico e cultural que seja sustentável para as gerações futuras.

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