A actual crise na opinião dos oestinos

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PERGUNTAS:

Gazeta das Caldas propôs as seguintes perguntas a vários responsáveis políticos, económicos e sociais, da região, bem como a simples cidadãos, deixando os seus testemunhos para a reflexão colectiva. A maioria dos depoimentos foi recolhida antes da intervenção do primeiro-ministro Passos Coelho na televisão às 20 horas de terça-feira, que também não acrescentou muito ao assunto.

1 – Qual a sua opinião sobre a demissão dos ministros Vítor Gastar e Paulo Portas?

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2 – Acha que estas demissões irão provocar a queda do governo?

RESPOSTAS

Fernando Costa, presidente da Distrital de Leiria do PSD e presidente da Câmara das Caldas com mandato suspenso
1- Tudo isto é mau para o país.

2 – Tudo leva a crer que haja eleições antecipadas. Mas tenho dúvidas se essa é a melhor solução tendo em conta a crise em que o país se encontra e as consequências financeiras que daí advêm.

Catarina Paramos, presidente da concelhia socialistas das Caldas da Rainha
1 – As demissões de Vítor Gaspar e Paulo Portas significam que este governo chegou ao fim. Não tenho dúvidas que não há qualquer outra saída do que serem convocadas eleições antecipadas.
É uma boa notícia para o país que permitirá devolver a palavra aos portugueses para que estes decidam qual o rumo que querem para Portugal.
Estes dois anos foram péssimos para o país e para as Caldas da Rainha. Ao nível local é sem dúvida também uma boa notícia porque esta maioria tem vindo a prejudicar os nossos interesses ao nível de questões tão essenciais como a Saúde, a Educação, a Justiça. Este governo PSD/CDS já causou prejuízos suficientes.

2 – O nosso país precisa de um novo governo, capaz de ser uma voz forte no contexto europeu, capaz de defender o estado social e com políticas orientadas para o crescimento tendo em conta as pessoas. O nosso país, através de eleições, precisa de devolver a palavra aos portugueses e repor a legitimidade democrática nas instituições. Espero que estes dois partidos não tenham medo de ir a eleições.

Manuel Isaac, presidente da Distrital de Leiria do CDS-PP, deputado e vereado da Câmara das Caldas
1 – Fomos apanhados de surpresa com estas demissões. Vamos esperar as explicações do primeiro ministro e ver o que falhou. Vamos também esperar as explicações do presidente do CDS-PP, até porque estamos à beira de um congresso [que se realiza no próximo fim-de-semana].

2- Não comento cenários, pois são todos possíveis.

Vítor Fernandes, deputado municipal CDU
1 – Tudo isto é fruto da luta que o povo português tem travado contra estas políticas de autoridade, que não tem ajudado e só agravado a situação do país.
A última greve geral e todas as lutas que têm sido travadas tornavam insustentável a manutenção deste governo. No conselho de ministros que decorreu em Alcobaça verificou-se essa contestação, assim como quando os membros do governo vão a qualquer lado. O descontentamento é geral.
Os ministros saíram porque a política deste governo não estava a resultar.

2 – Acho que é o fim deste governo, não tem condições para se manter, ainda que o Presidente da República o queira.
Eleições antecipadas são o caminho mais certo e dar a voz ao povo para decidir quem quer ver à frente do governo.

Paulo Freitas, dirigente do BE nas Caldas da Rainha
1- Veio na consequência da desagregação completa da coligação. Havia esse sinal pelas medidas obstinadas que foram sendo tomadas, até mais duras que a própria troika. É de saudar a atitude do povo nas manifestações de rua que levaram a este desfecho, que penso não se tratar apenas da queda de dois ministros.

2- O Governo deve cair o mais rapidamente possível, não tem o apoio do povo, a coligação está desfeita e o Presidente da República deve accionar os mecanismos necessários para dissolver o parlamento e convocar novas eleições.

Tinta Ferreira, presidente da Câmara das Caldas em exercício
1 – Preocupam-me estas demissões porque não ajuda à estabilidade do país, que precisa da continuidade do governo para poder continuar a beneficiar das tranches da Troika e, assim, evitar o segundo resgate.
Com esta situação as taxas de juro já estão a aumentar, o que leva também a um aumento das políticas de austeridade.

2 – É prematuro dizer o que vai acontecer. Já sabemos que o primeiro ministro mantém-se em funções e há várias soluções em cima da mesa.

Fernando Rocha – deputado e activista do BE
1 – As demissões resultaram de uma enorme pressão popular e da perda total de apoio, mesmo dentro das fileiras do próprio partido como são os casos de Pacheco Pereira e de Manuela Ferreira Leite, que não se revêem nesta politica.

2 – Acredito que são necessárias eleições antecipadas. Um governo de salvação nacional não resolveria o problema. Só devolvendo o direito de voto aos cidadãos é que se resolver o problema. O que está em causa é a própria pátria, não é uma questão de esquerda ou de direita. Independentemente de defender os ideais do BE, agora o que é preciso é ter em conta a pátria e a independência nacional. O que está em causa é o futuro dos nossos filhos e netos. Teremos que ver o que é melhor para Portugal  para os portugueses.

Teresa Serrenho, líder do Movimento Viver o Concelho
1 – Ainda aguardamos pelas declarações do primeiro-ministro, de qualquer modo numa coligação se sai um parceiro, não tem lógica que o governo não caia. Estou expectante.

2 – Acho que tem existido muita pressão para juntar as legislativas com as autárquicas e, nesse caso, será mau para os partidos independentes que não têm tanto poder como os partidos para chegar aos media e seremos esmagados. Creio que seria grave para a democracia participativa.

Joaquim Beato – Empresário do sector da cerâmica e dirigente da AIRO
1 – Com as saídas dos ministros, creio que o governo não tem condições de governar. Estou convencido que vai haver eleições antecipadas.

2 – Creio que o governo, sendo minoritário, temo que não consiga resistir. A não ser que  Presidente da República opte por nomear um governo de salvação nacional… de qualquer modo acho que haverá eleições antecipadas.

Paulo Tomás – Informático
1 – Considero que o ministro Vítor Gaspar saiu porque Portugal vai precisar de um segundo resgate financeiro ao passo que o ministro Portas saiu por não concordar com a nomeação de Maria Luís Albuquerque. Nesse caso seria a continuação da mesma política económica e financeira, com a qual ele não concorda.
2 – Acho que o Presidente da República não vai nomear um governo de salvação nacional.

Maria Júlia Carvalho – presidente do Conselho da Cidade
1 –  Acho que ainda é cedo para fazer qualquer comentário definitivo. No entanto, a demissão do ministro das Finanças era esperada há muito tempo. Agora a nomeação de Maria Luís Albuquerque é um erro crasso já que ela representa a continuação da mesma política, sendo ela uma pessoa menos competente. A demissão de Paulo Portas terá sido por discordar desta nomeação.

2 – Para já as consequências são imprevisíveis mas de qualquer modo parece-me improvável que o governo funcione se for minoritário. Não sabemos ainda o que fará o Presidente da República pois ele tem tido ultimamente decisões  controversas que não deixam antever o que irá fazer.

Ana Maria Pacheco – Presidente da AIRO
1 – Creio que a demissão do ministro Vítor Gaspar faz parte de um processo normal pois estava desgastado agora não se compreende a nomeação de Maria Luís Albuquerque, visto que ela está envolvida no processo das SWAP e daí que poderia ter sido escolhido outro secretário de Estado.
Acho que um governo minoritário deixaria o país ingovernável.

2 – Creio que tem existido muita baixa política e até egoísmo por parte de muitos responsáveis e também uma enorme falta de respeito pelos cidadãos e pelas empresa. Creio que não seria bom se houvesse eleições antecipadas pois seria muito caro para o país que iria parar.

Daniel Pinto, Director da Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste
1 – O país não está numa situação em que se possa brincar e tentar tirar dividendos políticos. É importante neste momento fazer um enorme esforço de união, de forma a levar Portugal no melhor caminho possível.

2 –Não sei se haverá demissão do governo. Independentemente de discordar de algumas medidas e reconhecer que o ministro das Finanças não atingiu as metas a que se propôs, defendo que o governo continue em funções, porque ir para eleições antecipadas será pior para Portugal.
Sou a favor da estabilidade e defendo os ciclos democráticos de quatro anos.

Teresa Marques, Presidente da SIR “Os Pimpões”
1- Mostra a saturação que as medidas de austeridade criaram e eles próprios não estão a aguentar a pressão a que sujeitaram o país.

2- Pelo que tenho visto nas notícias o Pedro Passos Coelho vai fazer todos os esforços para manter o Governo, mas começa a ficar sem braços direitos. A própria saída do Paulo Portas pode acabar com a coligação, mas pode ser que alguém dentro do CDS-PP a aguente.

Stélio Lage, presidente do Acrotramp Clube das Caldas
1- A demissão veio criar uma crise política forte que não vem favorecer o país neste contexto, depois das dificuldades que se sentiram nesta última avaliação da troika.

2- Acho que sim, a partir da saída do Paulo Portas a coligação perde força necessária para se manter e é provável que se desfaça.

Susana Del-Rio Chust, empresária
1- A saída dos ministros foi má, mas é difícil para um ministro como o Vítor Gaspar aguentar a pressão que tinha, era precisa uma grande capacidade de encaixe. Penso que foi bem substituído, uma mulher aguenta este tipo de pressão e ela parece ter fibra. A saída do Paulo Portas é que não é compreensível.

2- O Governo pode e deve manter-se, será mesmo um problema se o Governo cair. Estamos numa situação miserável e novas eleições só vão piorar o estado das coisas. Estão a tentar solucionar os problemas do país e o que se vai gastar num acto eleitoral não vai ajudar. Há soluções dentro dos partidos.

Carlos Gomes, presidente do Sp. Clube das Caldas
1- Acho que eram esperadas. Com este desfecho ficamos é outra vez com o bebé nas mãos. É muito má uma situação destas para o país, não vem ajudar em nada e já teve consequências quer na bolsa, quer nos mercados financeiros.

2- A coligação fica em dificuldades. Não sei o que o Presidente da República vai decidir mas tenho dúvidas que este Governo tenha condições para governar e a pressão que o PS vai fazer é provável que ajude à queda. Vamos ver é depois, quem consegue dar um rumo ao país.

Gigi, reformada
1- O Governo tem mostrado uma radicalidade nas medidas que tomou e nas opiniões que elas geraram, ninguém está contente e isso leva a estas demissões. Mas a verdade é que nos últimos anos nenhum Governo tem estado bem.

2- Talvez deva cair para se criar um Governo mais consensual, para não virmos a ter amanhã uma situação como noutros países da Europa, e não só.

Luís Ferreira, empresário da construção civil
1- Sobre a demissão do Vítor Gaspar acho uma cobardia, porque não conseguiu resolver os problemas do país. Estamos a precisar de criar emprego, sem isso não funciona. A do Paulo Portas não estava nada à espera, mas fez mal demitir-se, há no Governo quem manda mais que ele, não pode querer decidir sobre tudo.

2- É difícil para qualquer Governo governar nestas condições, e por outro lado não há alternativas credíveis. Acho que deve continuar até ao fim da legislatura.

Vítor Marques, presidente do Caldas Sport Clube

1- Sinceramente acho que tinham existido oportunidades para ter acontecido, se calhar até mais propícias, por isso não previa que pudessem acontecer nesta altura. Depois da saída do Vítor Gaspar, com a escolha que foi feita, a saída do Paulo Portas era um cenário possível de acontecer…

2- Nesta altura é importante criar estabilidade, todos os intervenientes neste processo, desde o Presidente da República aos deputados da Assembleia devem avaliar qual será a melhor solução com serenidade. Acredito nas instituições e que irão tomar a decisão mais certa de forma ponderada.

Testemunhos recolhidos por Fátima Ferreira, Joel Ribeiro e Natacha Narciso.

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