A eurodeputada Marisa Matias e o deputado Heitor de Sousa marcaram presença na tradicional sardinhada BE que teve lugar no domingo, 11 de Setembro, junto à Lagoa de Óbidos. No evento onde participaram cerca de 50 pessoas, esteve também representada a Plataforma Defender o Bom Sucesso que vai agora contar com a ajuda dos bloquistas para levar a questão do empreendimento Falésia d’El Rey à Assembleia da República.
Bastam mil assinaturas dos cidadãos para levar o tema à discussão em comissão na Assembleia da República. A boa notícia foi dada pelos bloquistas a Maria João Melo, da Plataforma Defender o Bom Sucesso, que agora poderá levar o assunto sobre a construção do resort Falésia del’ Rey ao Parlamento. Aquele empreendimento está a ser feito pela massa falida da empresa que o detinha e que foi à falência.
Em causa está a desmatação de vários hectares, junto à falésia, no Bom Sucesso, para a construção de mais um empreendimento que prevê várias moradias, dois hotéis e um campo de golfe. Maria João Melo diz que este já é o terceiro empreendimento a ser construído na zona e que há um gasto excessivo de água para um desporto – o golfe – que em nada ajuda o ambiente. Em seu entender, as instituições locais, em vez de protegerem o ambiente, têm feito o reverso pois “as condicionantes [que visavam proteger a água] têm estado a ser levantadas”. Refere-se ao facto de ter sido aprovado pela Agência Portuguesa do Ambiente a criação de furos para rega do campo de golfe, cuja ocupação desportiva “é reduzida”. Por isso, considera que a sua viabilidade financeira “é muito questionável”.
Os bloquistas comprometeram-se também a ajudar a plataforma a obter as 4000 assinaturas necessárias para que o assunto possa ser levado a debate na Assembleia da República. Até agora, o movimento já conseguiu 2500. As primeiras mil assinaturas obtidas já vão dar para que o assunto seja apreciado por uma comissão parlamentar.
Sensibilizada com este problema, Marisa Matias, pediu aos presentes que assinem a petição da Plataforma. “A nossa bandeira é a qualificação da Lagoa”, disse a eurodeputada, acrescentando que “que é preciso lutar para enfrentar interesses de poderosos negócios financeiros”.
CONTRA EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO EM PENICHE
Referindo-se à possibilidade de exploração petrolífera em Peniche, disse que “não precisamos de destruir os nossos recursos naturais nem ter uma política assente em combustíveis fósseis”. A convidada deixou ainda um apelo para a assinatura da petição “Peniche livre de petróleo”.
Antes de chegar à sardinhada, Marisa Matias, esteve no acampamento de jovens bloquistas que teve lugar no Parque de Campismo da Foz do Arelho. A eurodeputada esteve com Daud Al Anazy, um jovem refugiado iraquiano que apresentou o seu livro “De Mosul a Alfeizerão – Em Seis mil palavras” (ver texto na Página Cultural) e deu a conhecer que este viveu uma história dramática até chegar a Portugal.
A eurodeputada referiu também “a falta de uma política europeia de apoio aos refugiados”.
Em seguida, Marisa Matias deu a conhecer que esteve com as representantes dos trabalhadores subcontratados do CHO “que não têm os seus direitos laborais garantidos”. Na sua opinião, estas empresas que subcontratam “manipulam o Ministério da Saúde e acabam por fazer lucro sobre os nossos impostos”. Para a eurodeputada, este sistema acaba “por ter um efeito predador sobre o Estado Social”.
Marisa Matias considera que é preciso continuar a lutar pela defesa do ambiente, do Estado Social e da Saúde. “Temos muita chantagem vinda de Bruxelas”, rematou a dirigente.