Comunistas querem suspender o projecto do hotel para os Pavilhões do Parque

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O eurodeputado do PCP, João Pimenta Machado (ao centro), diz que a antiga Casa da Cultura é património do Estado e não deve ser adulterado para fins privados

A placa colocada na parede junto à entrada do Céu de Vidro informa que aquele edifício é Património do Estado e o eurodeputado do PCP João Pimenta Lopes espera “que assim continue”. O comentário foi feito na tarde de 14 de Abril quando visitou a zona dos Pavilhões do Parque, para onde está prevista a construção de um hotel de cinco estrelas por parte do grupo Visabeira.
Os comunistas estão contra o projecto previsto para aqueles edifícios e o eurodeputado vai questionar a Comissão Europeia para saber se os fundos comunitários alocados ao programa REVIVE (o qual integra os pavilhões) podem ser usados para outros fins. Na opinião de João Pimenta Lopes, “poderá estar a haver uma adulteração da utilização do financiamento”, tendo em conta que a requalificação terá fins privados. O eurodeputado comunista deu o exemplo do Forte de Peniche, que acabou por ser retirado do programa REVIVE, que também previa a sua transformação em unidade hoteleira.
O eurodeputado e candidato ao Parlamento Europeu considera que o projecto para a construção do hotel nos pavilhões “deve ser suspenso”, considerando que é “de questionável interesse público e que põe em causa o valor patrimonial e arquitectónico dos edifícios”, disse à Gazeta das Caldas. Por isso, defende que deve haver uma maior discussão envolvendo toda a comunidade para se encontrarem as soluções que melhor valorizem aquele espaço.
O responsável caldense do PCP, José Carlos Faria, considera que o projecto do hotel “é tudo menos transparente” e que este nunca lhes foi apresentado. Entre os aspectos em que discorda, estão a articulação da ex-Casa da Cultura com os Pavilhões do Parque através de um bloco de raiz, bem como a criação de um outro edifício junto à Parada. “Isso contraria todas as recomendações do estudo de preservação dos pavilhões que a Câmara encomendou e no qual os técnicos diziam que não devia haver construção de raiz”, referiu José Carlos Faria.
O dirigente comunista realça que uma das entradas do Parque, junto aos pavilhões, deixa de ter acesso público e que o hotel incorpora o Céu de Vidro, um edifício que “nunca teve nenhuma ligação funcional nem orgânica com o dos pavilhões e passa a ter uso exclusivamente privado”.Considera que há um “predomínio do espaço público que é património do Estado para interesses privados” e que o desinvestimento de que aqueles edifícios têm sido alvo “foi premeditado” para se chegar a esta solução.
Também José Carlos Faria defendeu uma maior discussão sobre o assunto, com uma participação mais activa da comunidade e têm previsto pedir explicações na Assembleia Municipal sobre o projecto para o hotel na Assembleia Municipal.
O eurodeputado João Pimenta Lopes esteve durante a manhã numa acção de campanha eleitoral no Mercado de Santana, em Alvorninha, centralizada nas questões da agricultura e pequenos produtores. A comitiva seguiu para a Nazaré para um lanche com activistas e contacto com a população na Marginal.