MVC aceita resultados da auditoria às contas da Foz do Arelho e demarca-se de Fernando Sousa

0
1829
- publicidade -

Todas as forças políticas caldenses se manifestam surpreendidas com o que se está a passar na Foz do Arelho e condenam a actuação do presidente da Junta, Fernando Sousa, exigindo que o caso tenha sequência no Ministério Público e que se apure a verdade também nas contas de 2017 e da associação que tem sede naquela autarquia de base.
O próprio MVC manifesta ”repúdio, moral e político pelos actos alegadamente praticados por aqueles que não foram capazes de estar à altura da confiança que os eleitores neles depositaram” e diz que não deixará de concorrer às próximas eleições autárquicas estando a trabalhar nesse sentido.

Teresa Serrenho, até agora o principal rosto do MVC, não quis comentar à Gazeta das Caldas o resultado da auditoria às contas da Foz alegando que não era eleita nem porta voz do movimento, remetendo eventuais declarações para Edgar Ximenes por este ser deputado na Assembleia Municipal.

- publicidade -

Este dirigente do MVC começou por dizer que não vai ter “nada a ver com as próximas eleições”, nem no movimento nem por outro partido, mas admitiu que esta força política independente está neste momento a trabalhar para se preparar para as próximas autárquicas.
Questionado sobre se acha que o MVC fica manchado com este escândalo, responde que sim, “na mesma medida dos outros partidos onde há gente corrupta”. O actual deputado municipal refere ainda que vê esta situação com “uma grande desilusão e mágoa”, tanto mais que o combate à corrupção era uma bandeira do movimento.
“Isto só vem provar que os movimentos também são feitos por pessoas”, concluiu.

SITUAÇÃO PREOCUPANTE

O dirigente da concelhia caldense da CDU, Vítor Fernandes, considera que a situação “é preocupante” para a população e para a própria Junta de Freguesia. Lembra que chamou a atenção na Assembleia Municipal para esta questão e perguntou ao presidente da Câmara se estava a acompanhar a situação, que lhe respondeu que sim.
“É um problema grave e acho que tanto a Câmara como o MVC devem intervir e tomar uma posição”, disse.
Vítor Fernandes diz que o MVC “é que sabe” se tem condições para continuar a ser uma força política nas Caldas, mas recorda que uma das batalhas do movimento era o combate à corrupção. “Eles estão, com certeza, muito preocupados com a situação da Foz, que está ao arrepio do que eles têm defendido”, acrescentou o militante comunista.

IRRESPONSABILIDADE TOTAL

“Sabíamos pelos militantes do Bloco na freguesia que havia situações graves na Junta, mas ficámos surpreendidos com a escala que as coisas atingiram”, disse Lino Romão, do BE. O candidato deste partido à Câmara das Caldas considera que é um “descontrole e uma irresponsabilidade total” o que aconteceu, ainda para mais vindo de um representante de “um movimento que se afirma anti-corrupção e assume uma postura moralista, como se os partidos estivessem cheios de pessoas pouco sérias. O resultado está à vista”.
Para Lino Romão o mais surpreendente do resultado da auditoria é a dimensão do desfalque e por isso entende que o Ministério Público deve ser chamado a intervir.
Quanto ao MVC, diz que só os cidadãos poderão dizer se este movimento tem condições para continuar a ser uma força política nas Caldas. Mas sugere que os responsáveis vão para a rua recolher assinaturas para “verem o resultado de um discurso que depois não se aplica na prática”.
O candidato bloquista considera ainda que as responsabilidades no caso da Junta da Foz do Arelho não se cingem ao MVC, apontando também o dedo ao PSD, nomeadamente ao executivo anterior na Junta, que foi quem “criou as condições para que isto acontecesse, ao criar a associação”.

O MVC tem o seu espaço

Rui Gonçalves, do CDS-PP, remeteu a sua posição para o comunicado deste partido (ver Divulgação Institucional) o qual expressa “estupefação face aos fortes indícios de crimes praticados”.
O CDS/PP defende igualmente que o documento seja enviado para o Ministério Público e que também deve ser feita uma auditoria à Associação para a Promoção e Desenvolvimento Turístico da Foz do Arelho, que funciona em paralelo com a Junta de Freguesia, é presidida pela mesma pessoa e “cujo funcionamento se apresenta com contornos pouco claros”.
Já quanto à continuidade do MVC nas Caldas, o candidato do CDS-PP à Câmara considera que não se deve generalizar e que o facto de haver um ou outro caso de independentes que não se portaram adequadamente nas suas funções, não deve inviabilizar o trabalho dos movimentos.
“Não é por esta razão que o MVC deixa de ter o seu espaço e julgo que tem condições para apresentar outras candidaturas”, disse.

EXECUTIVO NÃO DEVE CONTINUAR

A presidente da concelhia caldense do PS, Sara Velez, realça a existência de “indícios de práticas ilícitas e até criminais por parte dos membros do executivo da Junta, nomeadamente do seu presidente, da secretária do executivo e de restantes membros do executivo”.
Por considerar esta situação “insustentável” Sara Velez diz que o executivo da Junta de Freguesia, em especial o seu presidente, “não tem condições políticas para continuar à frente dos destinos daquela freguesia”. É que, diz a socialista, “a ética republicana é um princípio fundamental, não sendo o clima de suspeição que recai neste momento sobre os membros do executivo compatível com o exercício de funções públicas”.
 TELHADOS DE VIDRO

“Pelo que consta no relatório são casos graves e que de alguma forma põe em causa a imagem dos autarcas”, diz o presidente da concelhia caldense do PSD, Hugo Oliveira. O também vice-presidente da Câmara refere que nos mandatos anteriores, do PSD, a “junta foi liderada de forma diferente, transparente e, acima de tudo, honesta”.
Para além das questões criminais, que Hugo Oliveira considera “preocupantes” e que espera que sejam tratadas pela Justiça, diz que se verifica uma falta de organização e de capacidade de gestão na Foz do Arelho.
Acrescenta ainda que seja qual for a decisão da justiça, este processo já deixou marcas na visão que as pessoas têm dos autarcas, “que não é a melhor” e que também prejudica a Foz do Arelho.
Hugo Oliveira recorda que o MVC apresentou-se como um movimento que vinha combater os vícios e a corrupção que havia nos partidos, “mas o que se verifica é que o mal está nas pessoas e não nos partidos”, disse, acrescentando que ficou provado que “quem tem telhados de vidro não deve atirar pedras aos vizinhos”.

- publicidade -