A requalificação e modernização da Linha do Oeste foi debatida na Assembleia da República no passado dia 20 de Janeiro, na sequência de uma petição conjunta do BE, PS, PSD e CDS/PP, que obteve mais de seis mil assinaturas.
Os partidos foram unânimes na defesa desta linha e na necessidade da sua modernização. O PCP foi mais longe, acusando os restantes partidos de “demagogia política”, pois não apoiaram a inclusão de uma verba proposta em PIDDAC que teria solucionado o problema.
A “Petição pela requalificação e modernização da infraestrutura e pela introdução de um serviço ferroviário de qualidade na Linha do Oeste”, que reuniu mais de seis mil assinaturas, foi discutida no passado dia 20 de Janeiro, na Assembleia da República.
Lançado pelo Bloco de Esquerda, o documento foi depois subscrito por representantes do PSD, CDS-PP e PS, eleitos nos círculos de Leiria.
O deputado Heitor de Sousa (BE) defendeu a requalificação da linha como sendo uma questão estratégica, necessária e urgente para o desenvolvimento sustentável dos territórios. Lamentou a postura da CP e da Refer, que argumentam a “fraca utilização da Linha para justificar novos cortes nos serviços”, e defendeu que apostando na ferrovia está-se a definir uma acessibilidade mais equilibrada.
Heitor de Sousa chamou ainda a atenção para a necessidade da Assembleia da República aprovar os projectos de resolução (apresentados pelo PSD, CDS/PP e BE) para que o “governo inscreva o investimento de requalificação da Linha do Oeste, nos termos propostos pelos peticionários”, no plano de investimentos da CP e da Refer, “que estão em vias de ser reavaliados”.
O deputado do PSD, Fernando Marques, considera o transporte ferroviário fundamental para o desenvolvimento da região e apelidou de “curiosa” a posição do ministro das Obras Públicas que, embora reconheça a importância da linha, vai adiando a obra, justificando esta medida com o “elevado endividamento da Refer, como se a culpa deste endividamento fosse da Linha do Oeste e da população daquela região”.
Fernando Marques criticou o facto do governo insistir no TGV, “de rentabilidade duvidosa” e não considerar prioritário este investimento. “Esta posição é um atentado aos empresários, autarcas e população desta região”, disse.
O deputado social-democrata fez ainda notar que a Linha do Oeste nunca foi modernizada e a CP “tem vindo a reduzir os serviços a pretexto da sua fraca utilização”.
Assunção Cristas (CDS/PP) destacou a necessidade de requalificação da linha para desenvolver o potencial turístico da região e também “animar” o porto da Figueira da Foz, com o aumento do transporte de mercadorias.
“Mais do que obras megalómanas, faz sentido ajustar o que temos e dar-lhe um novo fôlego”, defendeu a deputada, acrescentando que a modernização desta linha é uma opção mais “modesta, menos interessante para inaugurar, mas com maior impacto nas populações”.
A deputada centrista disse ainda ser “inadmissível” que um automóvel demore menos de uma hora a fazer o percurso, enquanto que o combóio precisa de duas horas e meia.
Deram o dito por não dito
O deputado comunista Bruno Dias criticou a posição dos outros partidos relativamente a este assunto. “É inaceitável que as forças políticas venham assumir compromissos e na hora da verdade dêem o dito pelo não dito”, disse, referindo-se ao facto do PSD, depois de ter assinado a petição, ter viabilizado o Orçamento de Estado, que não atribuía qualquer verba para esta obra.
“No PCP estamos hoje na mesma posição em que estamos com as pessoas”, garantiu o deputado, pedindo ainda que se faça a obra, tendo em conta os estudos já feitos.
Já Heloísa Apolónia, do partido ecologista Os Verdes (PEV), criticou os “brilhantes discursos”, mas que não passam disso mesmo, pedindo acções concretas para a resolução do problema.
O deputado socialista João Paulo Pedrosa criticou a oposição e defendeu que o “PS não chegou hoje à defesa da Linha do Oeste pois há muito que vem a pugnar pela modernização da linha”. Disse mesmo que esta é vital para algumas das maiores empresas da zona de Leiria, nomeadamente cimenteiras, de granulado, cerâmica e vidro, e que cerca de 10% do transporte de mercadorias é feito através da ferrovia.
Os socialistas pretendem “continuar a fazer um caminho de debate” com a sociedade civil e autarquias sobre o tempo, e pugnar pela concretização dos compromissos, “apesar de mais espaçados no tempo”, concluiu.
Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt