
Por volta das 13h00 de domingo, 1 de Outubro, os caldenses afluíram às mesas de voto que se dividem em várias salas da Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro. Ao fim da manhã, é habitual haver algumas filas de espera à porta das secções de voto, facto que voltou a registar-se nestas eleições para a autarquia. Durante a tarde, Gazeta das Caldas passou pela EB1 da Ponte, onde as salas de aula também se transformam em mesas de voto entre as 7h00 e as 19h00.
Os caldenses gostam de se encontrar antes ou depois de votar na Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro ou noutras mesas de voto. Trocam-se dois dedos de conversa, comenta-se como estão crescidos os filhos e mesmo que estes ainda não tenham idade para votar, vêm com os pais.
Quem sente aquela animação pelas várias salas de aula não adivinha ainda que metade da população caldense vai voltar a não exercer o seu dever de votar, dado que a abstenção foi de 52,17% como se viria a apurar nessa noite.
Há quem vá bem arranjado e aproveite para almoçar em família, antes ou depois de votar.
O bar da escola também abre portas, recebendo assim as várias gerações de caldenses que não dispensam o café. Vários cabeças de lista aproveitam para cumprimentar muitos votantes e há candidatos à Câmara e à Junta a circular por ali pois não querem perder uma última oportunidade de serem vistos.
Gazeta das Caldas esteve na EB1 da Ponte durante a tarde num momento em que, curiosamente, havia várias famílias jovens de Sto. Onofre a exercer o seu direito de voto. Algumas levavam carrinhos de bebé e outras os seus cães, que ficavam à porta da escola a aguardar o regresso dos seus donos.
Já nas mesas de voto falámos com Joana Morais que teve nesse domingo um “dia de trabalho” ao serviço do país. Chegou à escola às 7h00 de modo a ter tudo pronto para abrir às oito em ponto. “Algumas pessoas gostam de vir votar cedinho”, disse à Gazeta das Caldas, acrescentando que esta já era a quarta experiência em mesas de voto. Outros eleitores vêm depois da missa, momento em que se nota um acréscimo súbito de afluência, assim como nas horas imediatamente antes e depois do almoço.
Para Joana Morais o único problema é que não se sabe quando termina a jornada, dado que só podem sair depois de verificada a contagem dos votos.
Repensar a Democracia
Vitor Costa esteve nas mesas de voto da escola do 1º ciclo pela segunda vez. Na sua opinião, podia ser útil dar a quem vai para as mesas de voto alguma formação de base sobre a melhor forma de exercer esta função. Acha, por exemplo, que quem vem auxiliar para as mesas de voto “não deve começar logo por presidir”, referiu.
Considera que o direito ao voto é algo adquirido pelo facto de “termos nascido e crescido num país democrático”. Na sua opinião, não ir às urnas “é estranhíssimo” e ficou um pouco triste quando na sua mesa de voto a assiduidade mal ultrapassou os 30%. “Acho que todos temos que repensar a política… até que ponto se mantém a democracia quando a maioria dos votantes não quer saber, nem tão pouco vai às urnas?”, questionou. O designer caldense lamenta que tanta gente não encontre uns minutos do seu tempo para cumprir este dever cívico “enquanto aqui ao lado, na Catalunha, se tenta votar e não se pode”, rematou.