“Concentração intimista” em solidariedade para com a escola da Fontinha

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A iniciativa partiu de uma estudante da ESAD e reuniu dez pessoas

Uma “concentração intimista” teve lugar na Praça 5 de Outubro, durante a tarde de sexta-feira, como forma de solidariedade com o projecto Es.Col.A (Espaço Coletivo Autogestionado) despejado pela polícia no dia anterior da Escola da Fontinha, no Porto.
Há pouco mais de um ano, um grupo de activistas ocupou o espaço e começou a recuperá-lo. Gerido colectivamente pelos activistas e pela população, o Es.Col.A. disponibilizava gratuitamente apoio educativo, aulas de yoga e xadrez, capoeira, música, cozinha comunitária, teatro e oficinas de estudos artísticos. A Câmara do Porto, que considera que o movimento que ocupava a escola era ilegal, ordenou o seu despejo, tendo um cordão policial cercado o bairro na manhã de 19 de Abril. Após o despejo, a escola da Fontinha foi limpa e entaipada pelos funcionários da Câmara, estando todos os acessos (janelas e portas) tapados.
Na sequência destes acontecimentos surgiram várias iniciativas de solidariedade para com o activistas do Es.Col.A. e dos habitantes da Fontinha. Caldas da Rainha também se associou a estas concentrações, depois de Carolina Costa, aluna de Som e Imagem na ESAD, ter sabido da notícia e começar a falar com os colegas. “Não quisémos fazer uma manifestação ou fazer barulho, mas pensar outros tipos de valores que procuramos na sociedade e reflectir sobre até que ponto podemos confiar nas pessoas que supostamente nos devem proteger”, disse à Gazeta das Caldas.

No Porto o projecto Es.Col.A. acabou abruptamente por ordem da Câmara Municipal (foto:Nelson Garrido/publico)

Na concentração que juntou cerca de uma dezena de jovens da ESAD e alguns caldenses na Praça 5 de Outubro os participantes mostraram a sua preocupação com as situações de “abuso de autoridade policial, silenciamento de ideias de pessoas, que deviam ser analisadas como um caso especifico e não como uma infracção geral”, realçou Carolina Costa.
O propósito não era chegar a consensos, mas reflectir sobre diversos assuntos e repensar os valores da sociedade e o que motiva estes jovens.
Paulo Freitas, militante do Bloco de Esquerda, também marcou presença na concentração, explicando que este partido procura estar presente em todos os movimentos sociais  que sejam de interesse geral para a população. No entanto, garante que estava na Praça 5 de Outubro na qualidade de cidadão preocupado com o que se passou no Porto no dia anterior e que é “dever de todos os caldenses dar apoio e dizer não à forma brutal como a escola da Fontinha foi despejada”.
Considera que a discussão foi bastante interessante, mas que as ideias terão que ser agora amadurecidas.
Paulo Freitas diz ainda que estes movimentos são muito importantes, pois permitem a discussão de assuntos de várias ordem e “de como nos podemos sentir úteis ou contribuir para o bem estar da população e comunidade”.
Alem das Caldas, onde se juntou cerca de uma dezena de pessoas, houve também concentrações em Lisboa, Coimbra, Porto (Assembleia Geral), Santarém e Braga.

Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt