André Teixeira de Sousa Gouveia
Caldas da Rainha
23 anos
Shenzhen – China
Assistant Manager
restaurante fine-dining
Percurso escolar:
Escola primária do Bairro da Ponte
EB 2.3 D. João II
(5º ao 9º de escolaridade)
Colégio Rainha D. Leonor
Universidade: SHMS – Swiss Hotel Management School – University Center (Montreux/Suíça)
O que mais gosta no país onde vive:?
Viver na China, poderá revelar-se uma experiência verdadeiramente enriquecedora no sentido em que nos abrimos para experimentar coisas diferentes todos os dias. Desde uma gastronomia infindável, proveniente das mais diversas províncias, a uma diversidade sociocultural que acaba por se juntar nas grandes cidades criando um ambiente altamente diversificado. Esta multiplicidade de factores faz da China um país completamente diferente a cada dia que passa, criando-se quase uma sensação constante de ‘’novidade’’ e excitação, que é muito cativante devido à dinâmica que se vai gerando em torno de si.
O que menos aprecia?
Um dos factores que menos aprecio na China serão os níveis de poluição. Num país onde consta aproximadamente 19% da população mundial, o factor poluição não consegue passar despercebido. O ar carrega por vezes um odor a fumo resultante dos congestionamentos de trânsito quase constantes nas avenidas das principais cidades. Outro factor estará associado com o rácio entre a temperatura versus humidade. Como estou localizado no sul na China, as temperaturas são especialmente quentes durante o ano inteiro. Quando os níveis de humidade se acentuam, caminhar na rua, por exemplo, torna-se ligeiramente desconfortável pelo facto das condições nos fazerem transpirar bastante.
De que é que tem mais saudades em Portugal?
Num plano mais afectivo, sem dúvida, da família e dos convívios com os amigos. Sinto falta também das iguarias que a nossa gastronomia nos oferece. Um bom bacalhau, um caldo verde, ou um pastel de nata, coisas singelas, mas com muito significado. Na China, por mais que se queira, torna-se complicado mantermos os hábitos alimentares mais ocidentais. No pequeno-almoço, o pão é trocado por massas (noodles) ou arroz frito e o leite geralmente é sempre de soja. Comem-se também muitos vegetais e tubérculos cozidos a vapor tal como a batata doce.
Numa perspectiva mais geral, sinto falta de dias de céu azul ao invés da habitual neblina castanha que se confunde com o topo dos edifícios devido à poluição da cidade.
A sua vida vai continuar por aí ou espera regressar?
De momento, ainda não existem planos para um regresso final a Portugal. Investir numa carreira e num currículo mais sólido, são as prioridades do momento.
“Os chineses são um povo muito humilde, genuíno e sempre bem disposto”
A minha carreira na industria hoteleira iniciou-se aos 18 anos de idade com o meu primeiro estágio a ser desempenhado num hotel de 4 estrelas na Suíça, onde permaneci durante um período de sete meses. De seguida, e após mais um semestre na faculdade, tive a oportunidade de ser convidado a trabalhar para uma cadeia de hotéis com uma presença mais sólida a nível mundial. Assinei contrato e mudei-me para Barcelona (Espanha) onde vivi durante mais sete meses. Após esta segunda jornada, regressei à Suíça para terminar mais um ano lectivo de universidade. Nesta altura, aos 21 anos, decidi subir o grau de dificuldade e avançar para Ásia na expectativa de conhecer melhor como seria trabalhar neste lado do mundo. Fixei-me em Shenzhen (China), onde vivo há pouco mais de dois anos.
Em termos económicos, a diferença de preços para com o nosso país é de facto notória, mas não quer isso dizer que seja necessariamente uma coisa boa. Os bens e alguns serviços acabam por ser mais acessíveis na maior parte das vezes, mas o factor qualidade pode vir a ser comprometido.
No que toca ao campo imobiliário, a variação de preços para com o nosso país torna-se maior. Shenzhen é uma cidade onde os quantitativos populacionais superam facilmente os 14 milhões de habitantes, forçando assim o desenvolvimento de uma construção em altura e extremamente concentrada, com preços que vão acima da média portuguesa por metro quadrado.
As pessoas não se abrem muito para com os estrangeiros devido à barreira linguística, mas são um povo muito humilde, genuíno e sempre bem disposto.
André Gouveia