José Luiz Almeida Silva dirige a Gazeta há 45 anos. É o diretor com mais tempo de funções da história do jornal, no qual começou por escrever, antes do 25 de Abril, sob pseudónimo.
O diretor da Gazeta das Caldas com mais tempo em funções recorda os primeiros tempos em que começou a colaborar com o jornal e deixa um retrato da história da publicação. Foi depois do 25 de Abril que assumiu a liderança do projeto e o catapultou a estatuto de publicação de referência.
GAZETA DAS CALDAS: Qual é a primeira memória que tem da Gazeta das Caldas?
JOSÉ LUÍZ ALMEIDA SILVA: Recordo-me de ler a Gazeta em miúdo, aos 10 anos, e também de passar na sede do jornal que ficava na Rua do Montepio. Interessava-me pela imprensa, pois recebia em casa o Diário de Notícias. Em miúdo, chegava a ir ao encontro do ardina Henrique, para ler o jornal o mais cedo possível. Os diários chegavam de comboio e ele vinha a apregoá-los desde a estação até à Praça da Fruta, onde eu morava. Apesar de ser um jornal da situação, era dos poucos que existiam e queria lê-lo o quanto antes.
Guarda memória de algum artigo dessa época?
Recordo-me que havia uma grande discussão relacionada com a Praça e, inclusivamente, o jornalista Luís Teixeira fez um manifesto em favor da Praça da Fruta. Naquela época a Gazeta lia-se num instante, tinha apenas quatro páginas e incluía poucas notícias. Veiculava sobretudo artigos doutrinários aos quais eu não dava a mínima importância. Houve uma altura em que o jornal era bissemanal.
Recorda-se do primeiro texto que fez para a Gazeta das Caldas?
Terminei o curso comercial nas Caldas, prossegui estudos no Instituto Comercial em Lisboa. Nessa altura reunia-me com um grupo de estudantes da Bordalo Pinheiro na capital, onde fazíamos convívios e retomámos uma ideia antiga de formar a Casa das Caldas, em Lisboa, algo que já tinha surgido na Gazeta desde os anos 1920. Recordo-me que escrevi uma carta à Gazeta das Caldas a propor isso mesmo. De qualquer modo, foi inconsequente. Era uma ilusão de jovem pois via a Casa do Alentejo e também algumas do Norte… Era uma ideia que não pegou.
Esteve então ligado ao jornal?
Não, Colaborei pontualmente quando regressei às Caldas para dar aulas em 1972, já formado em Contabilidade. Fui professor na Escola Comercial e Industrial de Contabilidade, Matemática e de Direito Comercial, no ensino diurno e nocturno. Conhecia alguns elementos da Gazeta e continuei a escrever alguns textos que suscitaram alguma polémica sobre, por exemplo, temas como a violência no desporto. Assinava com o pseudónimo Parlaptus e, outros, apenas como Zé Luís. Por razões ideológicas ou de discordância deixei de escrever na Gazeta, em meados de 1972. Regressei mais tarde ao jornal, pois colaborava no suplemento Análise, que era feito por um grupo de jovens que se reunia no espaço da catequese no Hemiciclo João Paulo II. Este integrava elementos como José Sancho e Manuel Nunes, entre outros. O Análise teve três edições e contávamos com o apoio do jornal “A República”.
E tinham apoio da direcção do jornal, que então estava ligado ao regime?
O então director do jornal, o dr. Saudade e Silva era da situação, mas permitia uma certa abertura. De qualquer modo, a censura começou a exercer grande pressão por causa do suplemento Análise, onde escrevíamos sobre a fome, a guerra a paz, as crianças, ou seja, sobre os grandes temas da altura. Entretanto, quando fui finalista do curso de Contabilista (ICL) tive a oportunidade de viajar e de conhecer vários países da Europa, o que me abriu horizontes.
A sua formação política – de esquerda – como se foi consolidando?
Consolidei a minha formação política em Lisboa, nos tempos de estudante. Havia ações de luta contra o regime na escola. Naquela altura o Instituto Comercial ficava muito próximo de Económicas e a contestação era uma constante, com ações políticas, distribuição de panfletos e tomadas de posição. O MRPP era muito dinâmico junto dos estudantes e essa atitude de contestação ao regime acabou por se solidificar e ter consequências na formação política.
Veio com essa postura contestária lecionar para as Caldas…
Não. Lecionava normalmente. No entanto, por iniciativa de Manuel Gil, organizámos na escola um grupo de teatro que representou a peça “Morte e Vida de Severina” que teve duas apresentações, mas a seguir foi suspensa. O tema era a fome no Brasil que era semelhante à fome no Alentejo. Eu e Manuel Gil éramos os únicos professores, os restantes eram alunos. E como a escola proibiu a representação da peça, mudámo-nos para o Conjunto Cénico Caldense. Ainda conseguimos apresentá-la no Festival de Teatro de Évora, em Rio Maior, Alfeizerão, Vidais e Bombarral. Décadas depois descobri, no Arquivo da Torre do Tombo, que havia relatórios da Pide sobre estas atividades.
Depois de dar aulas na Escola Comercial e Industrial, voltou a sair das Caldas…
Saí das Caldas para ir para a tropa, para cadete miliciano no quartel de Mafra. Em princípio deveria ter ido para uma especialidade relacionada com Contabilidade mas, sem saber o motivo, a meio da recruta fui logo selecionado para o curso de Oficiais dos Comandos para Angola, em jeito de castigo. É que havia uma carta da Pide que afirmava que eu fazia afirmações nas minhas aulas [na Escola Comercial] que eram contra o regime. Estive posteriormente em Abrantes e fui ameaçado que se continuasse a ter a mesma postura [anti-regime] me mandavam como soldado para a Guiné, como aconteceu a vários outros militares. Nessa altura, comecei a preparar a minha ida para o estrangeiro…
Foi a salto para a França?
Sim, e não disse nada a ninguém, nem a familiares nem a amigos. Fugi para França 15 dias antes da partida, que já estava marcada para Moçambique. Das Caldas viajei até Porto de Mós e, já acompanhado por um passador, até Pombal. Quase nem falámos… O percurso incluiu o Porto onde apanhámos uma carreira para Chaves. Depois seguimos de táxi e passámos a fronteira a pé. Já tinha passaporte, do tempo das viagens de finalistas, e segui o resto do percurso sozinho. Segui para Ourense [Galiza] e apanhei o comboio para Irun e depois Paris. À minha espera em Paris estava o meu amigo Alberto Costa (natural de Alcobaça e que foi ministro em governos do PS). No dia seguinte fui à Polícia pedir o estatuto de refugiado político, pois nessa altura já havia repressão contra os emigrantes clandestinos.
O que fez nesse primeiro dia na capital francesa?
Andei a passear em Paris e aproveitei para ir ver um filme que era muito falado em Portugal, “O Último Tango em Paris” de Bernardo Bertolucci, que me impressionou bastante, sobretudo porque em Portugal era tudo proibido. Decidi, então, ficar por terras gaulesas e fui trabalhar para um banco em Rouen, uma bonita cidade que ficava perto de Paris. Estagiei na sede, na capital, e em Versailles, tendo ficado em casa de Joaquim Bernardes, que era de Leiria e que recebia os refugiados portugueses.
Deu a conhecer aos familiares e amigos que se encontrava em França?
A minha família soube que lá estava, após eu ter contactado familiares no Canadá que depois os informaram. Mantive contacto também com alguns militares, mas uma boa parte das cartas era apanhada pela Pide. Eu escrevia com nomes e moradas trocadas, mas eles abriam a correspondência, fotocopiavam-na e voltavam a remetê-la aos destinatários. Outras missivas que me escreviam, acabaram por nunca me chegar.
Olhando para trás, como foi viver essa experiência em França?
Ainda bem que não fui para uma especialidade de secretária, pois teria ficado até à Revolução. Para mim foi muito importante a experiência vivida no estrangeiro pois foi-me dada a oportunidade de viver num “mundo” desenvolvido e com liberdades. Cheguei a Paris em outubro de 1973 e, desde então, passei a ler o “Le Monde” diariamente. É para mim uma escola, uma referência do jornalismo. Fiz-me também assinante de “A República”, que recebia diariamente em terras gaulesas. O caldense e amigo, Manuel Nunes, fazia-me chegar a Gazeta das Caldas semanalmente.
De França, manteve ligações aos jornais portugueses?
Também nessa altura passei a colaborar, enviando textos, para “A República”, que tinha ligações com o movimento das Forças Armadas. Publicaram um texto meu a 15 de março, cujo título era “Das Caldas veio a Luz!”. O seu teor era irónico, mas coincidiu com a saída das tropas do RI5 rumo a Lisboa para derrubar o regime. Parecia que o título era premonitório… De França enviei para amigos e familiares fotocópias dos artigos nos jornais estrangeiros sobre o que estava a acontecer em Portugal, mas a verdade é que foi tudo apreendido pela Pide, como mais tarde vim a confirmar na Torre do Tombo. A partir daí, muitos portugueses vinham ter comigo ao banco a Rouen para perceber o que se tinha passado em Portugal.
Onde estava quando se deu a revolução? Nessa altura veio a Portugal. Quando?
Estava no banco quando aconteceu o 25 de Abril e ligaram-me a dizer que tinha havido um golpe de Estado, mas não se sabia se poderíamos regressar de imediato… Vou para Paris e ligam-nos de Portugal a garantir que podíamos regressar. Já nas Caldas participei em diversas ações e comecei de novo a escrever textos para a Gazeta, sem, contudo, ter uma participação regular. Há vários artigos que publico de França e que mandava pelo correio.
Ainda regressou a França. Quando é que voltou de vez?
Tive de voltar, pois o tempo de férias tinha terminado. Regressei ao banco em Rouen, até porque em Portugal o meu problema militar continuava por resolver. Mas sempre com a ideia de voltar de vez ao meu país. Acabaria por acontecer em outubro e, quando cá cheguei vivia-se uma crise na Gazeta, por divergências entre os colaboradores do jornal. Em Novembro de 1974 foi criada uma comissão de redação, constituída por sete pessoas, onde eu estava incluído. Recebíamos textos e selecionávamos o que era publicado. Ainda eram apenas quatro páginas e o jornal era bissemanal. A certa altura os outros foram-se afastando e fui ficando. O director era Adérito Amora, um empresário de esquerda com ideias inovadoras e com dinheiro. A 25 de Abril de 1975 ele quis sair e “propuseram” que ficasse diretor interino, sem oposição.
Com que idade se tornou director?
Tinha então 24 anos… Na altura a Gazeta era um jornal bastante controverso e, de vez em quando, apareciam cartas com nomes desconhecidos que diziam mal do jornal. A Gazeta das Caldas, quando foi fundada, era bastante independente. Em 1928, por exemplo, é feita uma subscrição para os refugiados da ditadura que estavam fora do país. A subscrição foi proibida pela censura, instaurada desde 1926. O jornal tinha um espírito regionalista e só mais tarde é que foi entregue ao partido do regime, tendo passado a ser um jornal extremamente ideológico. Era, por isso, preciso resgatar o espírito inicial do jornal.
Como nasceu o jornal assente numa cooperativa, que é actualmente um caso raro no país?
Logo a seguir ao 25 de Abril, o jornal era uma espécie de empresa do dr. Saudade e Silva, mas que nem sequer se encontrava legalizada. O próprio jornal não estava totalmente legalizado nas entidades oficiais. Além do mais, havia problemas com o aluguer da sede do jornal. Era uma situação precária, foi preciso pedir um empréstimo para pagar as dívidas e os salários. Na época, o jornal tinha cinco funcionários e a publicidade recebida era pouca e, sobretudo, institucional.
“Mais do que os partidos, as confissões religiosas e os interesses económicos ou sindicais, o grande lema deste semanário é a defesa da região. Foi esse o leitmotiv desde a sua criação”
Em todos estes anos acompanhou muitos acontecimentos e datas marcantes, tanto na região como no país, pode identificar duas ou três?
Destaco os debates com os candidatos autárquicos, a luta anti-nuclear com a instalação da central em Ferrel, os Encontros Internacionais de Arte, as comemorações do centenário do nascimento de Raul Proença (que inclusivamente deu nome à escola secundária) e as comemorações de José Malhoa, em que a Gazeta pertenceu à comissão organizadora, entre muitos outros. Organizámos ainda uma revista que teve como colaboradores os artistas e historiadores António Duarte, João Serra, João Fragoso, José Augusto França, entre outros, e os suplementos Pela Vida que, durante muitos anos, tiveram a colaboração de muitas personalidades. A Gazeta é fundamental para escrever a história das Caldas.
A Gazeta tem-se pautado por ser a voz da região, e dos seus leitores, junto dos poderes instituídos. É este o papel de um jornal regional?
Acho que sim. O primeiro editorial da Gazeta fala nisso e a nossa linha editorial passa por aí, assim como muitos dos editoriais que tenho escrito. Mais do que os partidos, as confissões religiosas e os interesses económicos ou sindicais, o grande lema deste semanário é a defesa da região. Foi esse o leitmotiv desde a sua criação e foi também a razão de muitas das suas zangas com as pessoas da situação. Mesmo durante a fase nacionalista, mais ligada ao regime, o jornal teve sempre como lema defender as Caldas e, muitas vezes, escreveu coisas que a censura cortou, por considerar que o regime tratava mal esta região. Mesmo quando esteve a liderar a Câmara um antigo director da Gazeta, João Botelho Moniz, há certos momentos em que o jornal coloca em causa a sua actuação. O periódico teve sempre uma voz muito acutilante contra os poderes instituídos, excepto no início, em que o tio de Carlos Saudade e Silva [Augusto Saudade e Silva] era o edil e era uma personalidade muito querida do jornal. Outro exemplo foi o facto da Gazeta ter feito campanha para as Caldas abandonar o distrito de Leiria e ir para o de Lisboa, por entender que Leiria prejudicava este concelho.
Ao longo das décadas tem sido difícil resistir às pressões políticas e económicas? Com as quebras na publicidade considera que continua a ser possível manter a isenção e rigor?
Se olharmos para o contexto do país e da comunicação social em Portugal, o que era um objetivo genuíno hoje está ultrapassado. Aquela pureza, em relação à isenção, é difícil de manter e há coisas que já não são tão valorizadas. Hoje as pessoas conseguem discernir, elas próprias, o que é bom ou mau. O que é tentativa de manipulação. Estes princípios eram para evitar as fake news, hoje elas fazem parte da realidade. O jornal tenta sempre, mas faz certas concessões, que as pessoas detetam. A Gazeta não se vende a nenhum poder, mas essa pureza já não existe. Era impossível subsistir… Vejamos a realidade nacional: os jornais, se tomam posições independentes, acabam, mas se tomam posições pouco independentes também, pois ficam reduzidos a essa voz. É um equilíbrio periclitante, mas os nossos leitores percebem qual é a independência da Gazeta e esta não está enfeudada a nenhum poder. Damos a possibilidade a todos de se poderem exprimir. Não há ninguém que possa dizer que quis publicar um assunto desagradável ao poder instituído e que este não foi aceite. Até criámos uma prerrogativa, que é das coisas mais interessantes, que é ao invés de estarmos à espera que a outra parte desminta, pedimos o contraditório.
Com a massificação da comunicação e da informação, os jornais regionais vêm perdendo a sua relevância. Concorda?
Não. Acho que toda a imprensa vem perdendo relevância, mas considero que os jornais regionais vão mantendo relevância nos seus meios, os que conseguem resistir. Hoje a imprensa nacional está muito regionalizada, há bastantes diários que publicam 3000 ou 5000 exemplares, ou seja, têm uma cobertura muito restrita. Mesmo no estrangeiro, salvo algumas exceções, a maior parte dos jornais tem a sua área de influência limitada à sua região. Para certos teóricos, a imprensa regional é a que vai ter mais viabilidade. O diretor-convidado do nosso número de aniversário, o dr. Carlos Querido, partilha dessa opinião e também concordo com essa visão. Com as dificuldades que existem é cada vez mais difícil, mas continuamos a tentar.
Como é que a Gazeta das Caldas, que está a comemorar os 95 anos, tem acompanhado essa evolução?
Fizemos uma coisa que nunca tínhamos feito, que foi convidar um director para coordenar esta edição. É uma pessoa muito prestigiada, pelas suas tarefas profissionais mas também pelas actividades paralelas de ser escritor e participar na vida social da cidade. É muito interessante pela forma como pensa, tem sido uma aprendizagem para todos trabalhar com ele.
Que caminhos é que se colocam ao jornal nos tempos actuais?
Os jornais conseguem arranjar receitas fazendo suplementos temáticos e publicações especiais, com patrocínios e publicidade especial. Temos o problema da redução da publicidade pois as pessoas têm, elas próprias, capacidade de anunciar nas redes sociais. Vemos em Portugal semanários que, simultaneamente, são diários na internet, e diários que o eram em papel e passaram a ser semanários, sendo apenas diários na internet. Mesmo no estrangeiro, grandes jornais nacionais estão entregues a capitalistas que tentam manter a independência, ou a fundações. É de ver o que aconteceu com as caricaturas no New York Times, que o lobby judaico conseguiu evitar a publicação. É um jornal de referência, anti-poder mas que não aguentou essa pressão, também económica. Acho que é uma quadratura do círculo. Na Gazeta estamos numa nova fase, a tentar ganhar outra vez força e só com a ajuda dos leitores, dos que compram o jornal, é que conseguiremos chegar a bom porto. Eu, apesar de ter assinatura digital, compro a Gazeta todas as semanas numa tabacaria porque gosto de a folhear.
Doutorado em Economia e especialista em prospectiva, já estabeleceu cenários para o jornal?
Para o jornal nunca o fiz, porque a pessoa que está imbuída nas questões a analisar é um mau prospetivista. A pessoa tem de ser independente. Nunca tentei fazer coisas onde estou envolvido, porque sei que vou errar. Sei que não consigo ter ideias “fora da caixa”.
Disse-nos que nunca mais abandonou o barco. A sua relação com a Gazeta é sobretudo afectiva?
É afectiva com as pessoas da Gazeta. Só a Gazeta viva, do dia a dia, é que me interessa.
Alguma vez se zangou, ou deixou de falar a alguém por causa da Gazeta?
Há muitas pessoas que se aborreceram por artigos publicados e que nem eram da minha responsabilidade, mas que também não cortava respeitando o princípio da opinião e dando o contraditório. Mas essas pessoas achavam que eu não devia ter autorizado a publicação…
E crises com a Câmara?
A Gazeta teve grandes crises com a Câmara, e algumas vezes o problema partia de pessoas amigas ou próximas do executivo. Inclusive houve alguém que publicou como leitor devidamente identificado e depois o artigo “deu bronca” na Câmara e na Assembleia Municipal. O caricato é que essa mesma pessoa escreve uma carta a solidarizar-se com o presidente da Câmara contra o que foi publicado no jornal… por ela própria. Houve também chatices com amigos, coisas indirectas em que só tenho culpa por ter o nome à frente da Gazeta, pois são assuntos da redação.
Mas também haverá coisas boas…
Por ser diretor da Gazeta conheci pessoas excecionais. Tenho uma vida fora das Caldas e há pessoas que não sabem, ou só muito mais tarde, vieram a descobrir a minha ligação ao jornal. Mas, pelo fato de estar ligado ao jornal,conheci pessoas excecionais, principalmente ligadas à área das artes e criatividade. Também conheci os militares de Abril, presidentes da República, escritores, políticos, entre muitas outras personalidades. Também conheci muitas pessoas nas Caldas, algumas das quais me tornei bastante amigo. Para mim o jornal foi uma grande escola. Mas também queria acrescentar as muitas dezenas de pessoas, para além dos leitores, assinantes e anunciantes, que colaboraram no projeto neste longo período, quer pessoas que trabalham e trabalharam na Gazeta nos vários sectores, da parte técnica e administrativa, bem como jornalistas e muitos colaboradores benévolos, que ajudaram a concretizar esta ideia dos fundadores e que criaram uma imagem de jornal que é hoje reconhecida nacionalmente. A todos se deve aquilo que se conseguiu até hoje que se pode perspetivar no futuro. Sem nomear ninguém agradeço a todos.