Zé Povinho gosta de quem se preocupa com os zés povinhos mais desfavorecidos e, acima de tudo, não gosta que uns estraguem comida quando há muitos outros com fome. Por isso, viu com bons olhos, e até com alguma simpatia, o aparecimento de um núcleo Refood nas Caldas da Rainha com o propósito de recolher as sobras alimentares dos restaurantes e depois distribui-las pelos mais carenciados.
Mas a tarefa não se afigura fácil. Sede já conseguiram, mas falta agora ajuda para a equipar, assim como precisam de mais voluntários, para que as tarefas possam ser distribuídas e garantam refeições diárias para cada carenciado de segunda-feira a domingo.
A equipa está determinada em começar a distribuição a 1 de Dezembro e, até lá, Zé Povinho espera que mais caldenses solidários se associem a esta causa, até porque o núcleo apenas pede duas horas de trabalho voluntário por semana a cada pessoa.
Há tempos, o presidente do grupo caldense, Rui Vieira, dizia que pretendiam, sobretudo, actuar junto das famílias com crianças pois sabem que muitas delas vão para a escola mal alimentadas. Sensível a quem é sensível, Zé Povinho deixa aqui um elogio ao trabalho já feito pelos voluntários caldenses na pessoa do seu presidente, Rui Vieira, e espera dentro de pouco tempo ver as equipas na rua. E não tem de ser de bicicleta, como o fez durante muito tempo em Lisboa o fundador do projecto, Hunter Halder.
Zé Povinho acha que a simpática população da Nazaré tem tido azar com os responsáveis que têm dirigido os destinos da sua autarquia e que não merecia recorrentes acusações (algumas ainda por provar judicialmente) da forma como são geridos os dinheiros públicos.
Uma vila que nos últimos anos tem granjeado notoriedade pelas suas características naturais e patrimoniais, e que já antes era um símbolo turístico nacional, não é merecedora destes problemas e das reiteradas crises resultantes da gestão autárquica.
Felizmente que muitas destas questões não chegam à imprensa internacional, onde o surfista havaiano Garret McNamara persistentemente, ano após ano, depois de ter descoberto o canhão da Nazaré, vai construindo uma imagem inconfundível de uma atracção de grandeza mundial.
Mas o concelho da Nazaré precisa rapidamente de se libertar de todos estes problemas, arrumar a questão das elevadas dívidas que não deixa o município respirar e que lhe traz frequentes dissabores, para começar uma vida nova, na qual possa beneficiar em definitivo do seu potencial.
O ex-presidente da Câmara, Jorge Barroso, que durante algum tempo até recolheu uma simpatia razoável que lhe permitiu várias reeleições, não se pode continuar a esconder atrás desta confusão e deve explicar porque sonegou a verdade nas contas.
Sabendo as elevadas penalizações que incorre, até parece mentira que as auditorias tenham detectado tamanhas incorrecções. Zé Povinho lamenta tudo o que está a acontecer ao município da Nazaré e só espera que a solidariedade governamental e dos outros municípios vizinhos lhe dê o conforto para virar definitivamente esta página.