O Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) vai verificar como foi feito o desassoreamento dos canais dentro da Lagoa de Óbidos e, caso este não corresponda ao projectado, há a possibilidade de a segunda fase das dragagens contemplar a correcção dessa situação.
Esta possibilidade foi abordada pelo presidente da APA, Nuno Lacasta, no passado dia 7 de Abril, na reunião da Comissão de Acompanhamento das Intervenções na Lagoa (que se realizou à porta fechada) na qual participaram várias entidades das Caldas da Rainha e de Óbidos.
Esta resposta foi dada depois dos autarcas locais terem perguntado sobre a possibilidade de o canal no interior da lagoa não ter ficado devidamente desassoreado.
“A dragagem não foi eficaz”, considera o presidente da Câmara de Óbidos, Humberto Marques, acrescentando que não se tratou de um mau projecto, mas da oportunidade da sua execução. “A grande conclusão que se tirou foi que nos últimos 15 dias as obras foram feitas de forma muito precipitada, de modo a acabar”, rematou. Uma precipitação que terá sido ditada pela necessidade de cumprir os prazos de execução daquele projecto que estava sujeito a financiamento comunitário.
Também o presidente da Junta de Freguesia da Foz do Arelho, e porta voz das juntas de freguesia ribeirinhas, Fernando Sousa, é da opinião que os trabalhos falharam “redondamente” nos últimos 15 dias. “A obra estava a ser executada conforme o caderno de encargos, no entanto nos últimos 15 dias houve alguma coisa que falhou”, disse o autarca, que quer agora ter acesso ao parecer da equipa de fiscalização da obra.
Fernando Sousa refere ainda que os técnicos deviam ouvir mais as pessoas que vivem junto à Lagoa para evitar situações como as que ocorreram nas últimas semanas, em que a draga trabalhava independentemente de a maré estar a encher a ou a vazar.
Por seu lado, o vereador do Ambiente da Câmara das Caldas, Hugo Oliveira, chamou a atenção para a necessidade de plantar vegetação por forma a fixar as dunas formadas pela deposição dos dragados, tal como constava no projecto.
No que respeita à segunda fase de intervenção, a discussão centrou-se na deposição temporária dos dragados, dado que a APA ainda trazia a proposta antiga de depósito apenas no concelho de Óbidos. Contudo, acabou por aceitar os argumentos dos dois municípios que propõem uma repartição dos dragados entre os dois territórios. Os locais serão colocados na margem esquerda do Rio Real (Óbidos) e perto do Braço da Barrosa (Caldas).
Foi ainda transmitido pela APA que a classificação dos sedimentos da zona da Barrosa é de classe 1 e 2, o que significa que não são tóxicos. O projecto prevê também a monitorização dos trabalhos e a criação de barreiras de protecção constante caso se verifique algum problema.
Neste encontro ficou ainda assumido pela APA que irá realizar-se uma reunião pública, entre 29 de Abril e 10 de Maio, para explicar a segunda fase de dragagens na lagoa.