Conheça as redações onde a Gazeta foi produzida ao longo de quase um século.
Foi nos Pavilhões do Parque D. Carlos I que se escreveram as primeiras edições da Gazeta das Caldas. Aqueles icónicos edifícios, mandados construir por Rodrigo Berquó nos finais do século XIX, foram a primeira morada do jornal caldense, que era criado em outubro de 1925 e que tinha como nome Gazeta das Caldas.
Com um traçado marcante e vistoso, com pés direitos de seis metros, os pavilhões fazem parte de uma ideia do então administrador do Hospital Termal de ter uma área de lazer que complementasse a excelência das afamadas águas termais caldenses, que atraíam, ano após ano, muitos visitantes. O objetivo seria ter nas Caldas uma das mais modernas estâncias termais da Europa, conseguindo competir com o que de melhor existia então a nível europeu. Só que as obras dos pavilhões nunca foram acabadas. Com a morte de Rodrigo Berquó, um dos setes blocos ficou por construir e, tendo em conta o facto de o orçamento inicial e do prazo da obra já terem sido amplamente ultrapassados, desiste-se desta ideia e os pavilhões são deixados ao abandono.
Mas a falta de ocupação daquele espaço não durou muito tempo e, no início do novo século, os Pavilhões do Parque receberam os refugiados Boers.
Mais tarde aquele local viria a ser a casa do Regimento de Infantaria nº5, do Batalhão de Ciclistas nº2 e até Escola de Polícia no final dos anos 60. Os pavilhões também já albergaram o Posto de Turismo da cidade, a sede de várias associações (como da associação de artesãos e da Liga dos Combatentes) e até a biblioteca municipal. O último “ocupante” foi a Escola Técnica Empresarial do Oeste, que saiu em 2005 (e não foi o único estabelecimento de ensino que os pavilhões acolheram ao longo da sua vida).
Durante vários meses, a Gazeta foi ali produzida, no local que actualmente foi concessionado pelo Estado ao Grupo Visabeira, que é dono da fábrica Bordalo Pinheiro e que tem um projecto para transformar o conjunto arquitectónico dos pavilhões num hotel de cinco estrelas. O grupo estima que será necessário um investimento a rondar os 15 milhões de euros e que deverá criar dezenas de postos de trabalho.
Mas voltemos à história das “casas” da Gazeta das Caldas, recuando até à simbólica data de 15 de maio de 1926. Aí aparece na primeira página da Gazeta das Caldas a indicação de que a redação se localizava no 1.º direito do número 17 da Rua Dr. José Barbosa, Era a primeira mudança de localização da redação da Gazeta, menos de um ano após a fundação do jornal regionalista.
Durante mais de dez anos a Gazeta das Caldas é escrita a partir desse mesmo local, que alberga a redação, mas também a administração da empresa.
É a 28 de novembro de 1936 que se regista nova mudança de morada da Gazeta, que assim conhece a sua terceira “casa”, no 1.º andar do número 3 da Rua Chafariz das 5 Bicas, bem próxima do monumento do século XVIII que foi (em conjunto com outros chafarizes) construído para colmatar os problemas de abastecimento de água que se faziam sentir naquela época neste território.
Passaram quase dois anos e o jornal regionalista mudava de casa novamente e regressava para bem perto da sua morada inicial. É que em março de 1938 a morada da Gazeta das Caldas é no 2.º andar do n.º 57 da Rua de Camões, a rua que se localiza em frente ao Parque D. Carlos I.
O jornal ganhou vida em diversos espaços emblemáticos da cidade, com redações nos pavilhões do Parque D. Carlos I, na Praça da Fruta ou na Rua do Montepio Rainha D. Leonor
Durante nove anos o jornal esteve nessa importante artéria da cidade até se mudar novamente, a 18 de janeiro de 1947, para o número 21 da Rua General Queiroz. Aí o periódico ficaria apenas até maio do ano seguinte, seguindo então para a Rua Alexandre Herculano, aí no 1.º andar do número 92.
Na lista de redações da Gazeta seguiu-se, em outubro de 1949 – quando o jornal celebrava o seu 24º aniversário – um espaço na Praça da Fruta. A Gazeta das Caldas apresentava nesse ano como morada o 1.º andar do número 35 da Praça da República. Essa localização, no entanto, não viria a durar muito tempo e pouco mais de um ano depois, a 17 de novembro de 1950, o cabeçalho do jornal apresenta aos seus leitores uma nova casa, com uma mudança da Praça da Fruta para a Rua Dr. Leão Azedo, junto à Rodoviária.
Na Rua Dr. Leão Azedo a Gazeta das Caldas ficava no número 18. Durante uma década a redação do jornal caldense foi nessa rua, até se mudar no início de 1960 para bem perto, para o 3A e 3B da Rua do Montepio Rainha D. Leonor. Esse espaço, que está na memória de alguns caldenses, foi a sede desta publicação durante alguns anos e o primeiro local com oficinas próprias, assegurando todo o processo de produção do jornal.
Em 1968 há registo das oficinas tipográficas da Gazeta na Rua Fonte do Pinheiro, nos números 3 e 5. Curiosamente essa localização já corresponde à actual, junto à Avenida 1.º de Maio, uma vez que, com a urbanização da zona, essa artéria viria a chamar-se Rua General Santos Costa, daí que o registo da Gazeta apresente, três anos mais tarde, como morada essa rua. Depois do 25 de Abril a mesma artéria mudou de nome e passa a ser a Rua Raul Proença, mantendo os números 3 e 5.
É assim possível concluir que a Gazeta das Caldas já conheceu várias moradas e que já esteve instalada na maioria das principais artérias da sua cidade. A morada na Rua Raul Proença é aquela que mais anos persiste e até já atravessou duas mudanças de nome de rua e uma mudança de edifício.
Antigamente, quando a sede do periódico passou para esta localização, tinha uma pequena casa de rés-do-chão, com os números 3 e 5. Em volta dessa pequena habitação não havia nada. Hoje o cenário é completamente diferente: no local dessa pequena moradia térrea, ergueu-se um prédio de três andares, rodeado por vários outros prédios, alguns mais altos. Atualmente o jornal tem a secção comercial e o setor administrativo no rés-do-chão do prédio, com o número 56-C, juntamente com uma sala de reuniões, onde está guardada a coleção de edições antigas do jornal.
A redação e a paginação da Gazeta das Caldas situam-se, agora, no 1.º andar do mesmo edifício, num apartamento com duas salas e uma casa-de-banho que, antigamente, chegou a ser utilizada como estúdio fotográfico, quando ainda era necessário revelar os rolos com as fotografias feitas pelas máquinas analógicas…
Estas novas instalações remontam a julho de 1989 e foram recentemente renovadas, permitindo uma melhor organização e arrumação do espaço e dando um ar mais moderno à loja e ao balcão principal.
Nestas obras foram utilizados alguns elementos identitários na decoração, como por exemplo candeeiros feitos com jornais antigos. O hábito de ter o jornal na montra mantém-se, mas adaptado aos tempos de hoje, com uma televisão a mostrar o passar das páginas.
AS DOZE CASAS DA GAZETA DAS CALDAS EM 95 ANOS
O leitor ficou, assim, a conhecer as 11 “casas” que a Gazeta das Caldas teve nestes 95 anos e onde se ajudou a escrever a história da região no último século.
Ficou apenas a faltar contar que, durante a construção deste prédio onde hoje se encontra a Gazeta das Caldas, a produção do jornal, obviamente, nunca parou. Deste modo, entre janeiro de 1986 e julho de 1989 a Gazeta foi conhecer mais uma morada, que, ainda que provisória, foi a 12ª neste período, quando a redação da Gazeta das Caldas esteve no rés-do-chão do número 20 da Rua do Jasmim.
Dos Pavilhões do Parque até à Rua Raul Proença
A primeira redação da Gazeta das Caldas localizava-se nos pavilhões do parque, mas já nos anos 70 o jornal passou para a Rua Raul Proença, onde se mantém até hoje. Nessa rua o jornal esteve primeiro numa pequena casa de rés-do-chão e sótão e depois no prédio que se ergueu no mesmo local. Os serviços comerciais e de atendimento ao público estão no rés-do-chão e a redação e serviços gráficos no 1.º andar.