Vamos Mudar, PSD e PS unânimes nas críticas ao resultado parcelar do documento encomendado pela Comunidade Intermunicipal do Oeste e da forma como a opção pelo Bombarral foi anunciada
A Assembleia Municipal das Caldas da Rainha não cala a revolta quanto ao resultado parcelar do estudo encomendado pela Comunidade Intermunicipal do Oeste (OesteCIM) que indica o Bombarral como a localização preferencial para a construção do novo Hospital do Oeste.
Reunido em sessão extraordinária, na terça-feira da semana passada, o órgão aprovou, por unanimidade, uma moção, elaborada na Comissão de Saúde, em que contesta as “métricas de contornos discutíveis” e, inclusive, a divulgação feita pela OesteCIM do documento. “Não dispondo do estudo e da conclusão, muitas perguntas estão sem resposta”, lamentou António Curado (Vamos Mudar), presidente da comissão, que elencou um conjunto de dúvidas sobre a metodologia do trabalho desenvolvido pela Nova.
A opção pelo Bombarral revela que “foi esquecida a premissa de que um novo grande hospital precisa de ter na vizinhança uma estrutura urbana adequadamente dimensionada”, pode ler-se na moção, que frisa, entre outros aspetos, que, para atrair e fixar profissionais de saúde qualificados, “serão necessárias estruturas como creches, escolas e bons equipamentos desportivos”, sendo essencial ter em conta a “estrutura etária e as patologias prevalentes da população” e a necessidade de assegurar cuidados de saúde hospitalar à população sazonal”, que escolhe, além das Caldas, concelhos como Óbidos, Peniche, Alcobaça e Nazaré, como destino turístico e “para investir e viver”.
Ainda antes da votação da moção, o presidente da Câmara assumiu que este é um “problema complexo”, que “causa muitos embaraços e calafrios pela forma como tem sido gerido pelo Governo”. Vítor Marques recordou que a “responsabilidade da escolha” da localização da unidade de saúde “é do Estado e não das autarquias”, num processo que “tem sido alvo de chacota”. “Este é um documento de regra e esquadra, em que distâncias e tempos determinam a localização, mas há muito mais fatores a serem tido em conta”, advertiu o chefe do executivo municipal, que subiu o tom do discurso.
“Somos de águas mornas, mas não devemos ficar de braços caídos, porque temos de defender os melhores cuidados de saúde para a região e não só para as Caldas”, declarou Vítor Marques, revelando que, por estes dias, tem reuniões agendadas com os homólogos de Alcobaça, Nazaré e que pretende fazer o mesmo com Rio Maior, por forma a reforçar a opção apresentada, e articulada com Óbidos e com a anuência de Peniche, pelos terrenos da antiga Matel para a construção do hospital.
Do lado do PS, Jaime Neto identificou um “erro político do estudo” de “quem o encomendou e não de quem o conduziu”, por não estar aberto às dinâmicas territoriais, sublinhando que “construir um hospital é um investimento caro, mas é muito mais caro manter, ao longo de décadas, um hospital ineficiente”.
O ex-vereador socialista considera que se deve “exigir a todos os responsáveis políticos do Oeste mais e melhor sentido de Estado”, mas deixou reparos à “forma” como a moção foi apresentada, por parecer “um caderno de encargos, com tantas perguntas”. Jaime Neto propôs que o texto fosse revisto, mas não teve a anuência das restantes bancadas.
Para Paulo Espírito Santo (PSD), neste tema do hospital do Oeste é “importante falar a uma só voz”, mostrando-se cáustico pela forma como a localização foi revelada. “É muito estranho que apareça um estudo que não é nenhum estudo e Não conseguimos entender como um estudo tão importante como este possa ser apresentado desta forma”, observou o social-democrata, para quem Caldas da Rainha tem de pensar estrategicamente a saúde no concelho: “Não podemos ficar presos à construção de um novo hospital. Temos de pugnar por cuidados de saúde hoje”.
A moção seria aprovada por unanimidade e, por se tratar de uma sessão extraordinária, não houve intervenção do público, apesar da presença de alguns munícipes e de representantes de outras forças políticas sem representação na Assembleia.
Também o ex-presidente da Câmara, Fernando Costa, pretendia intervir, alegando ter sido “ofendido”, por forma a “defender a honra”, mas o presidente da Assembleia Municipal, Lalanda Ribeiro, explicou que o regimento não o permitia.
CHO apoia pessoal médico
Esta semana, a administração do Centro Hospitalar do Oeste veio a público manifestar o “reconhecimento público” para com os profissionais do Serviço de Obstétrica na maternidade das Caldas, revelando que, desde 1 de junho de 2013, foram realizados 12.435 partos, 14.047 internamentos, 90.311 episódios de urgência, e acompanhados cerca de 2.822 bebés na Unidade de Cuidados Neonatais.
O Serviço de Obstetrícia é, de resto, “um dos serviços mais agraciados” naquele Centro Hospitalar, tendo sido “contabilizados ao longo dos últimos anos pelo Gabinete do Cidadão, cerca de 136 elogios provenientes de utentes que passaram pela maternidade do CHO”, salienta o órgão liderado por Elsa Baião, procurando estancar alguma da polémica surgida em torno da morte de um bebé no Hospital ocorrida há duas semanas e que está a ser alvo de uma investigação.
Entretanto, a Comissão de Utentes do CHO desmentiu a ocorrência da morte de um bebé ucraniano nas Caldas, tal como tinha sido noticiado na semana passada. ■