Assinado contrato para instalação de contadores no aproveitamento hidroagrícola de Óbidos

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O contrato de empreitada foi assinado na Câmara de Óbidos

Investimento público superior a 500 mil euros deverá ser concretizado nos próximos seis meses

A Associação de Regantes de Óbidos e a Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR) assinaram, na passada terça-feira, o contrato que dá início à empreitada de fornecimento e montagem de cerca de 600 contadores nas bocas de rega do aproveitamento hidroagrícola de Óbidos.
Este investimento, superior a meio milhão de euros e que decorre já na fase final da obra, é o “caminho para a eficiência hídrica e energética”, destacou diretor-geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, Rogério Ferreira, aludindo à correta utilização da água.
O responsável destacou a necessidade da tecnologia aliada à agricultura para dar informação em tempo real sobre as necessidades de água e eficiência do consumo nas várias culturas, bem como ao nível da eficiência energética, tendo em conta o preço da energia elétrica.
Em Óbidos, Rogério Ferreira deixou ainda a novidade de que irão avançar com a construção da sede da Associação de Regantes, justificando que a concessionária tem uma responsabilidade muito grande naquilo que é a gestão do bem público, que é a água”.
O presidente da Associação de Regantes, Filipe Ferreira, agradeceu a notícia da construção da nova sede, mas reconheceu que nesta altura, e tendo em conta os custos associados à energia, preferiam um investimento em painéis fotovoltaicos.
De acordo com o diretor-geral de Agricultura em finais de fevereiro será aberto concurso para a instalação de painéis fotovoltaicos, podendo a associação efetuar a sua candidatura para apoio do PDR 2020.
No entanto, Filipe Ferreira lembra que a associação não possui verbas para garantir a comparticipação própria e pediu que o valor afeto a este regadio e que não foi gasto (superior a 2 milhões de euros) possa ser usado na instalação dos painéis fotovoltaicos e também na afetação à rede de aproximação à parcela, que pretendiam que fosse feita na sua totalidade.
Na ocasião, também o presidente da Câmara de Óbidos, e anterior presidente da Associação de Regantes, Filipe Daniel, mostrou a sua preocupação com a necessidade dos gastos energéticos.
“Estamos a falar do regadio que, só para regar o bloco de Óbidos com cerca de 800 hectares, contabiliza um custo de mais de 60 mil euros por ano em energia”, disse, defendendo a colocação dos painéis fotovoltaicos para a diminuição desses custos.
O regadio de Óbidos tem mais de 900 beneficiários. Os cerca de 600 contadores serão agora colocados numa zona de minifúndio onde existe uma quantidade significativa de beneficiários. Ou seja, em locais onde existe um conjunto de saídas de águas que apenas beneficiam um ou dois agricultores não há necessidade de estar a colocar mais contadores porque o que está dentro do hidrante permite fazer essa leitura por telegestão.
No entanto há locais onde existem mais de 20 beneficiários por uma saída e aí é necessário colocar os contadores, por uma questão de justiça no consumo da água de cada um mas também para contabilizar quanto cada parcela consome e verificar a eficiência de cada cultura.

Projeto com quatro décadas
Remonta a 1976 o desejo de se criar um aproveitamento hidroagrícola na região. Numa primeira fase, para cerca de 1.570 hectares, o projeto envolvia um investimento na ordem dos 45 milhões de euros. No entanto, a dificuldade de financiamento devido à dimensão do projecto levou a uma reformulação, baixando o valor e passando a ter uma extensão de 1.300 hectares. Também houve uma redução ao nível da rede viária e da rede de aproximação à parcela. A albufeira da barragem foi criada em 2005 e, nove anos depois, arrancou o novo projecto da rega, com um custo de 28 milhões de euros e que inclui os blocos de Óbidos, com 1.048 parcelas e que beneficia 534 produtores, e da Amoreira, com 533 parcelas e 339 beneficiários. Ao todo são cerca de 900 os beneficiários deste regadio, que terão água em melhores condições para regar culturas essencialmente frutícolas (70%) e hortícolas (30%).
Desde meados de 2020 que os beneficiários das baixas de Óbidos, que abrange 534 agricultores, podem regar com água da barragem do Arnóia. Também desde esse ano, a associação de regantes tem a concessão para a gestão do aproveitamento hidroagrícola de Óbidos. ■