
Com a recolha de 3.250 toneladas de alimentos em todo o país, a campanha do Banco Alimentar Contra a Fome do passado fim-de-semana bateu um novo recorde, mostrando que os portugueses continuam solidários apesar da crise que o país atravessa. Um valor nunca antes atingido e para o qual contribuíram as mais de 96 toneladas recolhidas pelo Banco Alimentar do Oeste.
Na região, os valores atingidos este ano são também inéditos, apesar da campanha não se ter realizado no concelho do Cadaval para não coincidir com a iniciativa Cadaval Amigo. Ao todo, foram recolhidos 96.119 quilogramas de alimentos em Alcobaça (23.493 kg), Bombarral (7.163 kg), Caldas da Rainha (28.563 kg), Lourinhã (12.454 kg), Nazaré (10.705 kg), Óbidos (4.226 kg) e Peniche (9.325 kg).
Relativamente à campanha de Novembro de 2009, regista-se um aumento de 17%, o que para os responsáveis pelo Banco Alimentar do Oeste representa “o estreitar dos laços de solidariedade por parte da nossa comunidade face às situações de pobreza e de dificuldade com que nos confrontamos, o que é particularmente relevante no actual contexto de crise”.
À recolha nas superfícies comerciais juntou-se, mais uma vez, a recolha directa nas freguesias de Santa Catarina e Foz do Arelho (nas Caldas), Vimeiro, Maiorga e Cós (em Alcobaça), Valado dos Frades e Famalicão (na Nazaré), Serra D’El Rei e Atouguia da Baleia (Peniche), no Mercado do Bombarral e em Reguengo Grande, Moita dos Ferreiros, Ribamar e Vimeiro (na Lourinhã). Locais onde a generosidade das pessoas se traduziu em nove toneladas de alimentos.
Os responsáveis dizem que se tratam de “resultados extraordinários” para os quais também contribuíram os 1.500 voluntários que asseguraram a recolha, transporte e o trabalho de armazém. Os bens recebidos, tal como os excedentes alimentares que diariamente são recolhidos junto de produtores e comerciantes, vão agora ser distribuídos a cerca de 1.684 famílias dos concelhos da região.
Entre Janeiro e Outubro deste ano o Banco Alimentar do Oeste contabilizava já a entrega de 402.708 quilogramas de alimentos, um trabalho que se faz através de protocolos de cooperação com 48 instituições dos concelhos de Alcobaça, Bombarral, Cadaval, Caldas, Lourinhã, Nazaré, Óbidos e Peniche.
Gazeta das Caldas falou com as instituições que em cada concelho têm mais expressividade ao nível do apoio aos que têm carências alimentares comprovadas e todas são unânimes em considerar que a ajuda do Banco Alimentar é fundamental para ajudar as pessoas que atravessam maiores dificuldades.
Alcobaça – Santa Casa da Misericórdia
“O Banco Alimentar é um alicerce”
“O Banco Alimentar é um alicerce da Santa Casa da Misericórdia de Alcobaça para suprimir as carências alimentares de cerca de centena e meia de famílias”, não só na freguesia de Alcobaça, mas também em Maiorga, Bárrio, Vestiaria e Évora de Alcobaça. Quem o diz é Maria da Luz Carreiro, da instituição, que ressalva a importância dos alimentos frescos que o Banco Alimentar disponibiliza pontualmente. “São uma mais-valia para a instituição, para a preparação das refeições, não só dos clientes como também de casos de emergências sociais solicitados pela Segurança Social”, refere.
Também aqui a ajuda do Banco Alimentar chega desde 2008. E as 22 famílias carenciadas da altura deram lugar a 149 agregados com carências, o que se traduz em 251 pessoas, das quais 143 são crianças. À instituição chegam cerca de quatro novos pedidos a cada mês que passa, “um número que tem tendência para aumentar devido à grave crise económica que atravessamos”. E na base dos novos pedidos está o crescente desemprego e o emprego precário, a monoparentalidade e também os baixos valores das reformas.
Fundada em 1563, a Santa Casa da Misericórdia de Alcobaça teve no Hospital da cidade, construído em 1890, a sua primeira resposta social. Actualmente conta com um lar de idosos, com 70 utentes, serviço de apoio domiciliário a 35 idosos, atendimento e acompanhamento de beneficiários do Rendimento Social de Inserção, além do encaminhamento da ajuda do Banco Alimentar. A Santa Casa de Alcobaça também recolhe na comunidade bens como mobiliário, pequenos electrodomésticos, roupas e brinquedos para suprimir outras carências das famílias. Uma acção que é levada a cabo pelos colaboradores da instituição, entre os quais cinco técnicos de Serviço Social e Psicologia.
Caldas – Conferência Vicentina da Sagrada Família
Campanha de Natal completa falta de alimentos do BAO
É na cave do Centro Paroquial das Caldas da Rainha, transformado em sede da Conferência Vicentina da Sagrada Família, que sete senhoras se reúnem todas as tardes para acolher e distribuir alimentos e vestuário pelos mais desfavorecidos.
Actualmente prestam apoio a cerca de uma centena de famílias (343 pessoas entre as quais perto de 100 crianças). Contam com o apoio do Banco Alimentar do Oeste (BAO), mas a ajuda é insuficiente para os assistidos que têm a seu cargo.
“Não chega de maneira nenhuma”, diz Rosa Maria Lopes, presidente da Conferência, adiantando que cada vez há mais pessoas a procurar as instituições e os produtos que recebem são menos.
Este apoio existe há quatro anos, mas já antes a Conferência apoiava os mais carenciados, embora “não conseguíssemos assistir tanta gente”.
As distribuições são feitas uma vez por mês, mas depois aparecem pessoas que não estão inscritas a pedir ajuda. “Se aparecer alguém que vemos que está com fome não podemos deixar ir embora, penso que é esse o espírito vicentino”, diz Rosa Maria Lopes. A responsável explicou ainda à Gazeta das Caldas que estão a aparecer pessoas com a carta do Centro de Emprego a dizer que lhes foi cortado o subsídio e “nós também já não sabemos o que havemos de fazer para dar resposta a todos”.
Mensalmente a Conferência tem que comprar produtos para completar os cabazes e, no Natal, este é melhorado com bacalhau, frango e manteiga.
Para isso, está a desenvolver a campanha de Natal, denominada “Vamos chegar aos 100 quilos”, à semelhança do que foi feito no ano passado, continuando também com a sua venda de Natal.
Em relação à campanha as “pessoas estão a entregar-nos alimentos para darmos um cabaz completo a cada família, uma vez que os produtos que vêm do Banco Alimentar não chegam para todos”, disse Suzana Gonçalves, vicentina desta Conferência. Destacou ainda a generosidade que as pessoas têm para com os mais carenciados, especialmente nesta altura do ano. “Nós não nos limitamos só a entregar alimentos, mas também damos uma palavra de conforto, que muitas é o que faz falta a quem nos procura”, concluiu Suzana Gonçalves.
A Conferência é composta por sete vicentinas e dois voluntários, que prestam ajuda. Para além de alimentos, este grupo religioso também distribui vestuário e utensílios para a casa e brinquedos.
Bazar solidário
Até 17 de Dezembro decorre no Centro Paroquial das Caldas um bazar de Natal onde podem ser adquiridas peças de louça, artigos decorativos, livros e roupa para bebé, entre outros objectos.
Em paralelo, continua a decorrer a campanha de recolha de alimentos intitulada “Vamos chegar aos 100 quilos” e que se destina a pessoas sem abrigo e carenciadas. Os interessados em colaborar podem oferecer bens alimentares não perecíveis, como açúcar, arroz, leite, azeite, bolachas, conserva, farinha, leguminosas, leite e massas.
Os donativos podem ser entregues na cave do Centro Paroquial todos os dias úteis, entre as 14h00 e as 17h00.
F.F.
Vereadores do PS dão 10% das senhas de presença ao Banco Alimentar
Os vereadores eleitos pelo PS à Câmara das Caldas vão doar parte das senhas de presença a que têm direito ao Banco Alimentar do Oeste. Delfim Azevedo e Rui Correia prescindem de 10% da senha de cerca de 74 euros de que auferem em cada reunião ou sessão de Assembleia Municipal, valor que reverte para ajudar a suprimir as carências alimentares dos mais necessitados.
“Os vereadores a tempo inteiro e que têm vencimento viram ser-lhes baixado o ordenado em 10%. Nós entendemos que também devemos contribuir para esse esforço”, afirmou Delfim Azevedo à Gazeta das Caldas. O Banco Alimentar foi a instituição escolhida porque “neste momento é a que tem mais capacidade de distribuição alimentar a quem tem mais carências”.
Óbidos – Guias de S. Lourenço
Guias de S. Lourenço apoiam 90 famílias de Óbidos
São cerca de 90 as famílias do concelho de Óbidos assistidas pelos Guias de S. Lourenco – Grupo Interparoquial de Acção Sócio-Caritativa. Esta entidade, apoia em várias vertentes, entre elas a distribuição de alimentos, para a qual conta com o apoio do Banco Alimentar do Oeste (BAO), logo desde o início da sua actividade, em 2006.
Embora seja um grande suporte para o grupo, a ajuda do BAO é insuficiente para dar resposta às necessidades, “ainda mais agora que o BAO alargou a sua área de actuação diminuindo assim os bens distribuídos”, explica Raul Penha, presidente dos Guias de S. Lourenço.
“Fizemos também protocolos com algumas firmas e fazemos recolhas directas em hipermercados pelo menos duas vezes por ano”, disse o responsável.
As famílias à procura de ajuda têm aumentado, o que os leva a ser mais rigorosos no critério de selecção pois não conseguem responder a todas as solicitações. “Nós distribuímos um cabaz de alimentos de três em três semanas e vamos levar ao domicílio”, explica.
Raul Penha salienta que o grupo não recebe subsídio de ninguém, nem sequer da Câmara, e todos os elementos são voluntários. Começaram com cerca de 40 voluntários mas ultimamente a disponibilidade das pessoas tem diminuído, contando agora com cerca de 28 elementos.
Os voluntários dividem-se no grupo restrito (composto pela equipa pastoral mais um pequeno grupo de senhoras que inclui uma dona de casa, enfermeiras, professora, psicóloga e sociólogas) e o grupo alargado, do qual fazem parte os restantes voluntários.
Os Guias de S. Lourenço desenvolvem acção nas sete paróquias do concelho há quatro anos, apoiando famílias que revelam necessidades a nível de bens essenciais (alimentação, mobiliário, vestuário, material escolar, brinquedos) e de informação e encaminhamento para serviços ou instituições de apoio às necessidades de emprego, habitação ou aconselhamento familiar.
Entre os casos que aparecem muitos são de “pobreza envergonhada”, de pessoas que possuíram bons empregos e estabilidade pessoal e familiar, e vêem-se agora numa necessidade extrema. “Depois de grande relutância acabam por, muito discretamente, pedir ajuda ou deixar que outros o façam por si”, conta o responsável, acrescentando que sentem uma “grande responsabilidade, mas também uma vontade forte de agir”.
O grupo organiza ainda algumas actividades de convívio, entre famílias de voluntários e de carenciados, aos quais também chegam a fornecer transporte.
Possuem um atelier de trabalho, a funcionar numa vivenda que arrendaram, onde reúnem alguns voluntários e mulheres desempregadas das famílias apoiadas, assim como um empregado com formação e experiência na área das Artes Plásticas que está a criar peças, sobretudo a partir de materiais recuperados e reciclados. Neste espaço funciona a Loja Solidária e dispõem de uma cozinha onde preparam dos alimentos que distribuem pelas famílias carenciadas.
F.F.
Peniche – Centro de Solidariedade e Cultura
Emprego sazonal em Peniche faz aumentar pedidos de apoio no Inverno
Em Peniche é o Centro de Solidariedade e Cultura que faz a distribuição dos alimentos do Banco Alimentar do Oeste. Segundo o director de serviços da instituição, Jofre Pereira, este centro recebe apoio do Banco Alimentar desde 2007 e diz que “é uma ajuda mensal muito importante”.
O centro recebe do BAO alimentos como leite, arroz ou massas e, pontualmente, também iogurtes ou produtos hortícolas e com estes bens apoiam 140 famílias.
Jofre Pereira tem detectado que após o Verão aumentam os pedidos de ajuda alimentar, já que Peniche “vive muito do emprego sazonal”. Quando termina o tempo quente, muitas pessoas ficam desempregadas e, como o trabalho é precário, “acabam por não ter direito ao subsídio de desemprego e solicitam apoio à nossa instituição”. Outras das razões apontadas além do desemprego são os baixos rendimentos e pensões. As pessoas apoiadas queixam-se igualmente de grandes despesas com medicamentos e o responsável constata que há pessoas que começam a ter rendas de casa ou das escolas ou jardins-de-infância em atraso.
Para a recolha do Banco Alimentar em Peniche participaram 241 voluntários de grupos como os escuteiros, acólitos, estudantes, elementos da Associação Famílias Diferentes (pertencente à Igreja Evangélica do Centro de Renovação Cristã) e do Movimento dos Cursos de Cristandade, bem como outros cidadãos de Peniche.
A acção social no concelho apoiada pela Igreja nasceu em 1954 com Monsenhor Manuel Bastos, prior então de Peniche, que iniciou a actividade com a sopa dos pobres. Mais tarde construiu um Lar de Idosos, seguindo-se creches e jardins-de-infância.
O Centro Solidariedade e Cultura de Peniche possui duas creches, dois jardins-de-infância, um Lar de Idosos e um Centro de Acolhimento para Crianças em Risco. “Temos 108 funcionários e servimos cerca de 300 pessoas institucionalmente”, contou o director de serviços.
A instituição possui projectos de intervenção social na comunidade, como o programa comunitário de ajuda alimentar a carenciados onde servem 320 famílias. Tal como no programa que recebe a ajuda do Banco Alimentar, este é operacionalizado pelos elementos da Pastoral da Fraternidade da Paróquia de Peniche, que também distribui refeições, roupas e ajuda no pagamento de despesas de Saúde.
O projecto de Voluntariado “Vinde e Vede” integra cerca de 40 voluntários. No Gabinete de Apoio e Integração dos Beneficiários do Rendimento Social de Inserção, o Centro faz o acompanhamento até 170 famílias do concelho.
Actualmente a instituição está a construir um novo Lar de Idosos para 68 pessoas, que vai ter ainda a valência de Centro de Dia com capacidade para 40 utentes e Serviço de Apoio Domiciliário para 20 pessoas. Em Setembro último foi iniciada a implementação do Sistema de Certificação de Qualidade da instituição.
N.N.
Bombarral – Grupo de Acolhimento e Partilha da Freguesia de Bombarral e Vale Covo
Apoio para 111 famílias no Bombarral
O Grupo de Acolhimento e Partilha da Freguesia de Bombarral e Vale Covo está a apoiar 111 famílias, num total de 264 pessoas, dos quais 87 são crianças. De acordo com as responsáveis do grupo, esse número tem-se mantido constante nos últimos meses, mas estão a apoiar o dobro de famílias que apoiavam em 2008 quando se constituíram depois da Santa Casa da Misericórdia do Bombarral deixar de fazer a distribuição de alimentos.
As principais razões para os pedidos de ajuda são as famílias desestruturadas, o desemprego e pensões baixas.
Esporadicamente promovem outras actividades, com iniciativas direccionadas mais para as crianças.
Para além dos alimentos, as voluntárias acham que as pessoas têm carências afectivas. “É preciso escutar os problemas das pessoas, conversar com elas sobre os mesmos, tentando dar-lhes uma possível para sentirem que estamos sempre cá para as ouvir”, disse Conceição Rosado à Gazeta das Caldas.
P.A.
Cadaval – Grupo Partilha e Solidariedade
Apoio a 40 famílias recebem
No Cadaval não houve nenhuma campanha de recolha, mas o Grupo de Partilha e Solidariedade encarrega-se de fazer a distribuição de produtos alimentares aos mais carenciados.
O Grupo de Partilha e Solidariedade está sedeado nas instalações da antiga escola primária, de Lamas e foi constituído em Novembro de 2008. Actualmente é constituído por três voluntárias.
“A principal actividade é a distribuição de produtos alimentares, no entanto já há algum tempo fornecemos igualmente artigos de vestuário que temos conseguido obter através de dádivas de particulares”, explicou Dora Ferreira.
Os produtos alimentares são fornecidos mensalmente pelo Banco Alimentar do Oeste, em função da informação do número de pessoas abrangidas. Neste momento são 40 famílias, o que abrange um total de 96 pessoas, quais 20 com menos de 16 anos. O mesmo número que em 2009. No ano anterior havia 18 famílias inscritas, num total de 38 pessoas.
O principal motivo dos pedidos prende-se com baixos rendimentos e situações de desemprego.
A Câmara do Cadaval colabora no pagamento das despesas com água, electricidade e telefone, bem como do transporte dos produtos desde o BAO até às instalações do grupo.
P.A.
Lourinhã – Conferência de Sta. Teresinha
Distribuição no próprio dia
Na Lourinhã é a Conferência de Sta. Teresinha que faz a distribuição dos alimentos a cerca de 20 famílias (no total 80 pessoas) da freguesia do Reguengo Grande. Recebem mensalmente os alimentos do Banco Alimentar desde Janeiro de 2008 e para já “temos conseguido orientar tudo e chegar às pessoas que mais precisam”, disse Ana Isabel Barros, que preside aquela organização há dois anos.
Esta conferência não possui sede nem carro e por isso distribuição dos bens alimentares que recebem do Banco Alimentar – como massas, arroz, bolachas ou leite – é feita no próprio dia porque não têm capacidade de armazenamento.
“Encaminhamos as pessoas ara as entidades competentes consoante os problemas que têm”, explicou a presidente, acrescentando que antes da distribuição de alimentos do Banco Alimentar faziam cabazes de Natal para os mais necessitados, recorrendo à ajuda dos particulares.
As pessoas que pedem ajuda à Conferência fazem-no por causa dos “baixos rendimentos das famílias, incluindo situações de desemprego, ou das fracas reformas”.
Ao todo, este grupo ligado à Igreja, é constituído por 10 senhoras voluntárias, com idades entre os 28 e os 35 anos.
A dirigente relembrou que a Conferência existe há 52 anos, foi criada por uma senhora da terra, Maria Eugénia Gomes da Silva, e antes davam apoio também na distribuição de roupas e faziam grandes panelas de sopa que posteriormente distribuíam por quem tinha fome. Esse tipo de apoio era dado até ter sido criado o Centro Social e Paroquial do Reguengo Grande.
N.N.
Nazaré – Centro Social de Valado dos Frades
Uma ajuda que chega ao Valado desde 2008
Para a responsável pelo Centro Social de Valado dos Frades, Irmã Fernanda, e a assistente social Ana Rocha, a ajuda do Banco Alimentar é vital para que a instituição possa ajudar actualmente uma média mensal de 40 famílias naquela freguesia do concelho da Nazaré.
Os bens alimentares chegam ao Centro Social desde 2008 e são uma mais-valia indiscutível numa instituição de solidariedade social que “não tem, através de meios próprios, capacidade para apoiar todos os pedidos de ajuda” que recebe. Um número que não tem aumentado de forma significativa com o agravamento da crise.
É que em Valado dos Frades, as dificuldades começaram a sentir-se “há muito tempo atrás, aquando do encerramento de diversas fábricas ligadas ao ramo da cerâmica, que eram o grande suporte da região”, explicam as responsáveis. Além disso, naquela freguesia “as famílias contam ainda com uma rede formal de apoio bastante expressiva” e trata-se de “uma zona vincadamente rural, onde muitas pessoas tiram ainda da terra alguns bens alimentares, que ajudam a suprir as necessidades”.
O desemprego, os rendimentos baixos e a monoparentalidade estão no topo das razões que levam os valadenses a pedir ajuda ao Centro Social. “Começamos também a deparar-nos com famílias que não vivem situações de desemprego e que até aqui conseguiam equilibrar o orçamento familiar, mas que hoje em dia encaram sérias dificuldades económicas”, sem conseguirem fazer face a todas as despesas mensais, acrescentam as responsáveis.
Nascido a partir da vontade de duas beneméritas em criar um espaço de apoio às crianças, evitando que estas fossem para os campos com os pais, o Centro Social de Valado dos Frades pôs desde sempre a caridade ao serviço das condições mínimas de alimentação, saúde, higiene e formação da população da freguesia. Hoje dá respostas sociais no apoio à infância e aos idosos, com as valências de creche, pré-escolar e ATL, apoio domiciliário e centro de dia. A estas juntam-se programas de integração e formação de profissionais e o apoio social às famílias.
O Centro Social é actualmente a entidade coordenadora e executora do Contrato Local de Desenvolvimento Social dos Concelhos de Alcobaça e Nazaré, contribuindo para o fortalecimento das redes sociais e para a erradicação da pobreza.
O apoio aos mais carenciados é coordenado pela assistente social do centro, que estuda os pedidos e orienta a elaboração dos cabazes alimentares. A direcção do Centro Social planeia actualmente “a organização de um conselho de avaliação das situações antes se serem integrados como beneficiários da ajuda alimentar, mas também no acompanhamento a outros níveis”. Um projecto que deverá arrancar já neste mês de Dezembro e que se insere no pensamento de Luiza Andaluz, fundadora das Servas de Nossa Senhora de Fátima e dinamizadora da acção do centro Social, que defendia que “toda a ajuda em bens, se não for acompanhada de uma palavra de caridade, vale só por metade”.
Numa freguesia onde as carências alimentares são as mais prementes, existe ainda a necessidade de roupa, calçado, fraldas para crianças, produtos de higiene pessoal, e isto para falar naquelas em que o Centro Social pode ajudar. Uma missão para a qual conta com a colaboração de um grupo de paroquianos que além de artigos como os acima referidos, ajuda também na confecção de refeições, na limpeza de habitações e tratamento de roupa e na visita a doentes, entre outras acções.
Joana Fialho
jfialho@gazetadascaldas.pt