Bernardino Soares quer um novo hospital no Oeste e de gestão pública

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Bernardino Soares, com Filipe Rodrigues, da DORLei, e Luís Caixeiro, responsável pelo trabalho do PCP na região
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Dirigente comunista alertou ainda para a falta de profissionais de saúde e o desinvestimento no SNS

Construir-se um hospital novo, de gestão pública e manter as unidades das Caldas e de Torres Vedras a funcionar para consultas de especialidade, cirurgia de ambulatório e cuidados de proximidade. Esta a visão de Bernardino Soares, membro do Comité Central do PCP, que defende a criação do novo equipamento “numa localização adequada para toda a região”. Nas Caldas da Rainha, onde participou numa audição pública, na noite de 15 de novembro, o dirigente comunista opinou que o novo hospital “não deverá ficar localizado nas Caldas nem em Torres Vedras, mas num local mais central, para dar resposta a um maior número da população”.
Bernardino Soares falou da falta de condições de resposta das unidades existentes, que leva à necessidade de um hospital novo, com mais especialidades e mais camas e criticou a falta de financiamento, no Orçamento de Estado para o próximo ano, para a sua concretização. Por seu turno, o PCP propõe uma verba de quase oito milhões de euros para o novo Hospital do Oeste.
Relativamente aos hospitais existentes, os problemas prendem-se com a “grande lista de espera nas consultas” em diversas especialidades, como a Ortopedia, Oftalmologia e Ginecologia-Obstetrícia, da falta de médicos e da dependência dos hospitais de prestadores privados que, por vezes, também falham.

110 mil oestinos sem médico
Mas os problemas de saúde do Oeste verificam-se também ao nível dos cuidados primários. “Na região Oeste 44% dos utentes não têm médico de família, são mais de 100 mil pessoas”, alertou Bernardino Soares, que no mesmo dia esteve reunido com o conselho de administração da ULS Oeste. Um problema “grave”, acrescentou, justificando que quando não se tem acesso à saúde, agrava-se a doença e, em caso de aflição, vai-se às Urgências do Hospital porque não há alternativa. “O problema mais importante do SNS é a falta de recursos humanos. Falta de médicos, enfermeiros, técnicos de diagnóstico e terapêutica e de assistentes operacionais”, salientou o dirigente comunista, que culpou os vários governos das últimas décadas pela degradação do SNS. E foi essa “política de degradação das carreiras no setor público e de degradação da resposta, com atrasos nas consultas e cirurgias, que foi essencial para garantir clientes para o setor privado”, criticou.
Bernardino Soares chamou ainda a atenção para o facto de ser o Estado a financiar os grandes hospitais privados, quando esse dinheiro “devia ser utilizado para melhorar o SNS”. e deu exemplos: “há duas TACs a precisarem de ser substituídas nos hospitais das Caldas e de Torres Vedras e não há dinheiro, apenas quando há apoios comunitários. Quanto menos funcionarem estes equipamentos que já estão velhos, mais os hospitais têm de comprar os serviços ao privado e o Estado, ao invés de comprar TACs novas, gasta o dinheiro a pagar ao privado aquilo que devia de fazer dentro de casa. Grosso modo, o que se paga a um privado por um ano de compra de serviços de, por exemplo, uma TAC, chega para comprar um aparelho que dura para vários anos”, disse, denunciado que os recursos estão a ser orientados “para o sentido errado”.
O PCP propõe, em alternativa, a melhoria da carreira dos profissionais, um aumento do investimento e melhoria das condições de funcionamento de todas as unidades do SNS. E isso será possível se, “ao invés de transferirmos tanto para o privado pudermos ter mais investimento no setor público vamos ter melhores resultados”, concretizou. ■

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