Municípios assinaram protocolo para desenvolverem projeto comum para potenciar legado histórico
Rota do Gelo é o nome do projeto que vai ser desenvolvido, a partir deste ano, pelos Municípios do Cadaval e de Castanheira de Pera. Têm em comum um passado ligado à produção de gelo que remonta ao século XVIII, pela mão de Julião Pereira de Castro, neveiro da Casa Real, que detinha o monopólio da comercialização deste produto para a corte em Lisboa.
No seguimento do protocolo assinado pelas duas edilidades, no Cadaval, por ocasião do feriado municipal no passado dia 13 de janeiro, decorreu esta quarta-feira a primeira reunião de trabalho entre os técnicos dos dois municípios. Na prática foi o pontapé de saída para a concretização deste projeto cultural intermunicipal, cuja ideia nasceu no âmbito da Rede de Cultura 2027, aquando da candidatura de Leiria a Capital Europeia da Cultura.
A Fábrica da Neve, na Serra do Montejunto, foi mandada reedificar pelo neveiro real em 1782, enquanto que no concelho de Castanheira de Pera, funcionaram os ‘Poços da Neve’, que remontam seguramente a 1757, no Cimo do Cabeço do Pereiro, na Serra da Lousã. No documento assinado pelos municípios é sublinhado que as duas estruturas “representam, assim, marcos patrimoniais de uma herança histórica comum relacionada com a produção, armazenamento e distribuição de gelo, consubstanciando para a arqueologia industrial processos de fabrico do mesmo”.
Na Serra do Montejunto, o gelo era fabricado através de lençóis de água distribuídos por tanques, expostos às baixas temperaturas noturnas. Já na Serra da Lousã era feita a recolha da neve, calcada e armazenada em gelo diretamente nos poços. Segundo referiu à Gazeta Rui Henriques, técnico superior que lidera este projeto pelo Município do Cadaval, está assumido no futuro plano de atividades a realização de um evento anual, em cada concelho, sobre a temática do gelo.
Enquanto que o Cadaval terá futuramente um centro documental sobre a temática do gelo, Castanheira de Pera verá nascer um centro de interpretação. “Pretendemos também o envolvimento das escolas e de investigadores universitários nas áreas da arqueologia, história e antropologia, no âmbito do estudo da história do gelo em Portugal”, destacou Rui Henriques. ■