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O foyer do CCC vai ser, entre 1 e 3 de Julho, o palco da Feira Internacional de Cutelaria Artesanal, onde os visitantes poderão ver peças únicas, contactar com os produtores, e participar em ateliers para aprender a montar uma navalha e a afiá-la. O certame, que já conta com a confirmação de expositores de Portugal, Espanha, França, Paquistão e Rússia, é organizado pela oficina Lombo do Ferreiro, das Relvas (Santa Catarina), e terá entrada gratuita.
Isaque Vicente
De 1 a 3 de Julho, o foyer do CCC irá receber uma feira internacional de cutelaria artesanal onde estarão coleccionadores, artesãos, profissionais da cutelaria, fornecedores de materiais e interessados nesta área. O certame ocupará 300 m2 e já estão confirmados 16 expositores de cinco países (Portugal, Espanha, França, Paquistão e Rússia). Haverá navalhas, facas, punhais e os materiais e ferramentas necessários para a cutelaria, para além dos ateliers “monta a tua própria navalha” e das formações de “afiação e manutenção de lâminas”.
Esta feira é organizada pela oficina Lombo do Ferreiro, uma unidade produtiva de cutelaria artesanal das Relvas criada em 2010 e que pretende representar “a secular tradição de produção artesanal de cutelaria da região onde se insere”.
O nome, Lombo do Ferreiro, é uma referência ao sítio arqueológico onde foram identificados os vestígios de actividade metalúrgica mais antigos da região e que fica em Turquel (Alcobaça).
Estes artesãos pegaram no canivete português, que estava a ser fabricado com materiais menos nobres (como o plástico) e a ser imitado em qualquer parte do mundo e passaram a produzi-lo com os materiais naturais e originais, valorizando assim o produto.
Já depois de perceberem uma crescente procura pelo lado artesanal da área, os responsáveis pelo Lombo do Ferreiro decidiram dinamizar workshops. Agora pretendem dar outro passo na valorização da cutelaria artesanal na região, com uma feira internacional tal como se faz noutros países.
O Museu de Cutelaria de Albacete (Espanha) mostrou a sua disponibilidade para trazer réplicas das suas peças à feira. Associada à cutelaria há ainda a marroquinaria (bolsas e cabos em pele ou em cortiça, etc).
A apresentação da feira decorreu em conferência de imprensa no espaço multiusos do novo Posto de Turismo na passada segunda-feira.
Filipa Norte, do Lombo do Ferreiro, disse que esta “é uma arte difícil porque é complicado suportar e encontrar o material e tem segredos que se aprendem com a prática”.
Para além de divulgar a cutelaria artesanal, com o certame pretendem associar as Caldas à produção de cutelaria. “Queremos mostrar que Caldas da Rainha tem uma produção de cutelaria muito importante que está meio esquecida e à qual não é dada muita importância”, concluiu.
O logótipo da feira utiliza uma navalha Caneças, típica das Caldas.
Carlos Norte, um dos cuteleiros que faz parte do Lombo do Ferreiro, apresentou uma abordagem histórica e relevou a ligação das Caldas com a cutelaria.
Notou que actualmente a restauração levou a cutelaria artesanal para outro nível. “Há muita procura pela faca especial para os chefs, uma faca exclusiva, única”, sublinhou, antes de referir que esta região tem “um centro industrial de cutelaria dos maiores do mundo, com sete empresas fortes que empregam entre 700 a 800 pessoas”.
Falou ainda da possibilidade de adaptar alguns dos canivetes portugueses a talher de mesa (como se fez com Laguiole) e do sonho de “fazer um workshop aberto no Parque, com as forjas e as bigornas”.
Hugo Oliveira, vice-presidente da Câmara, disse que “é uma obrigação da Câmara saber avaliar os seus activos, potenciá-los e promovê-los”, como é o caso das cutelarias, mas também dos bordados.
O autarca anunciou que a cutelaria artesanal vai ter uma zona específica da Frutus – feira de hortofruticultura – assim como as cebolas de Alvorninha e a codorniz do Landal. Já está também a ser criada uma associação de cutelaria.
Facas caldenses pelo mundo
Depois das facas Puuko, de Paulo Tuna, estarem a ser usadas no melhor restaurante do mundo (o Noma de Copenhaga), são agora as Rock Knives, de Carlos Norte, a brilharem no restaurante Chiltern Fire House, em Londres. A cozinha deste espaço é liderada pelo chef Nuno Mendes, um português que pretende implementar a gastronomia do seu país, acompanhada por um serviço de facas típico. O conjunto integra os modelos Caneças, Bandido e Capa grilos (todos exemplos de canivetes portugueses transformados em talher) e uma faca de queijo, sendo que as facas de chef estão em fase de produção.
Os cabos são de madeira de oliveira ibérica estabilizada, ébano angolano com 30 anos de secagem, pau violeta ou kingwood, acrílico transparente vazado com tela de cortiça ou chifre de bovino, sendo as lâminas de aço inox sandevic (as de mesa) e aço damasco (as de chef).
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