No fim-de-semana de 11 e 12 de Março realizou-se na Expoeste a segunda edição do Motorshow. Cerca de meia centena de carros e 15 motas estiveram expostos, num evento que atraiu cerca de 700 pessoas e cuja receita reverteu para o Caldas Sport Clube. As novidades foram as pistas de kart dentro do pavilhão e de drift na rua. Entre a feira encontrámos um caldense que partiu de 4L até Marrocos para doar material escolar e outro que replica capacetes usados por grandes pilotos.
Um Volvo dos anos 60, um Ford Capri dos anos 70, ou um raro Nissan Skyline podiam ser apreciados na segunda edição do Caldas Sport Clube Motorshow, que também apresentava, por exemplo, um Peugeot 504 que correu as 24 horas de Fronteira, um BMW que participou no troféu da marca e outro todo pintado de verde fluorescente.
Entre outros modelos, podiam ser apreciados também os carros de Vítor e Vasco Sampaio, pai e filho que correm lado a lado com o logótipo do Caldas Sport Clube nos carros, e os kartcross de Samuel Vina e da New White Team. Essa equipa apresentou também um tractor Scania com cerca de 50 anos que foi recuperado. No certame tinha atrelado o novo reboque, que leva os karts para as provas e com oficina integrada.
Já nas motas via-se, entre outras, uma Sunbeam dos anos 40 que provavelmente terá pertencido ao Exército.
Além de carros, camiões e motas, havia também barcos de motonáutica dos campeões nacionais, que até são caldenses, Miguel Ribeiro (em 2015) e Luís Vila Verde (em 2016).
Ainda no pavilhão estava representada a Lizitalia que irá abrir um stand nas Caldas, tal como noticiámos na última edição do nosso jornal. A marca apresentou a primeira e a última versão do Alfa Romeo 124.
José Ramos, da Lizitalia, marca que pertence ao grupo Lizauto, disse que a presença no Motorshow vem “mostrar que a Fiat continua nas Caldas por muitos e bons anos”.
Um total a rondar a meia centena de carros, com mais 15 motas, dois barcos e a pista de karts (para maiores de 18 anos), que foi uma das novidades deste ano, enchiam o pavilhão da Expoeste. Lá fora, no estacionamento em frente, estava outra das novidades: as demonstrações de drift, kartcross e motas.
O Caldas Sport Clube Motorshow é uma iniciativa criada por três amigos, amantes de automóveis. Hélder Alexandrino, Vítor Sampaio e Samuel Vina são os mentores e estão todos eles ligados aos automóveis: o primeiro aos clássicos, o segundo à Fórmula 4 e o terceiro ao kartcross.
Na segunda edição o evento ganhou vida, comparando com o primeiro ano, em que era uma exposição estática. O Motorshow recebeu em 2017 cerca de 700 visitantes. O sábado foi mais fraco, com cerca de 200 pessoas, mas o domingo, ventoso, trouxe mais do dobro. A autarquia cedeu o espaço para o evento.
Hélder Alexandrino, em nome da organização, agradeceu aos Bombeiros Voluntários das Caldas, aos cerca de 25 alunos das turmas de Comunicação e de Mecatrónica do da Escola Rafael Bordalo Pinheiro que ajudaram no evento e aos parceiros nesta iniciativa.
Já Luís Capão, vice-presidente do Caldas, salientou a importância do evento para o clube. Disse que apesar de o Caldas não estar directamente ligado ao desporto automóvel, esta é uma boa forma de “ligar o futebol e os carros”. Além disso, “é uma boa ajuda financeira e é bom para a cidade porque ajuda a diversificar a oferta e aproxima a população do clube”.
O valor angariado servirá para apoiar o futebol juvenil, onde o clube conta com 380 atletas. A maior dificuldade que a formação encontra ainda é a falta de patrocínios.
O clube tem gastos altos com as taxas da associação de futebol, equipamentos, deslocações (até porque tem duas equipas nos campeonatos nacionais) e refeições. Além disso, há uma carrinha a precisar de ser substituída.
Uma viagem de 6000 quilómetros numa 4L
É no evento para ajudar o clube da terra que encontramos Luís Mendes, em frente à sua Renault 4L cheia de autocolantes de patrocínios. O capot está repleto de mensagens (escritas a caneta de acetato) em várias línguas, com diferentes datas.
No mês de Fevereiro participou numa iniciativa para estudantes universitários que começou há 20 anos e que propõe aos participantes que levem 50 quilos de material escolar para as crianças em Marrocos: o 4L Trophy Desert Adventure.
Costumam ser 1300 veículos, mas este ano participaram cerca de 1450. Uma das equipas era portuguesa e caldense: os irmãos Luís e Célia Mendes, do Carvalhal Benfeito. Ele estudante no IPL, ela enfermeira no Reino Unido.
Em cerca de 15 dias percorreram perto de 6000 quilómetros. Chegaram a fazer 700 quilómetros diários e em termos de avarias a 4L “não teve nada de especial”, contou Luís Mendes, salientando que “as equipas ajudavam-se mutuamente para resolver os problemas”.
No troféu não é permitido o uso de GPS, pelo que o método de orientação são os mapas, um road book (guia de viagem) e a bússola. Quem conseguir fazer o percurso em menos quilómetros chega ao primeiro lugar. Há duas classes: franceses e estrangeiros, isto porque a grande maioria dos participantes é de origem gaulesa.
A inscrição custa 3290 euros e garante um mapa, um road book, uma bússola, uma passagem de ferry para Marrocos e assistência mecânica. Uma parte do valor reverte para a construção de cinco escolas em Marrocos, duas das quais com jardim infantil.
A partida é de Biarritz, onde se faz uma inspecção técnica a todos os veículos participantes. Daí seguem para Sul.
“Além de ajudar o outro, queríamos pôr-nos a nós e ao carro à prova, testar limites e viver uma aventura”, contou o jovem à Gazeta das Caldas.
Luís Mendes, que estuda Engenharia Electrotécnica e Computadores no IPL, não foi o primeiro português a embarcar nesta aventura, já noutros anos o Instituto Politécnico de Leiria havia participado com outras equipas. “Só com os patrocinadores é que isto é possível”, ressalvou.
O diário de bordo poderá ser acompanhado na página de Facebook Journey4ASmile.
Uma paixão por capacetes de pilotos
Também é pelo Motorshow que o caldense Mário Freitas, antigo administrador da Volskwagen nas Caldas, dá a conhecer pela primeira vez uma paixão que tem desenvolvido desde há 20 anos: criar réplicas exactas de capacetes de pilotos (especialmente de rally e de Fórmula 1).
Os capacetes que Ayrton Senna usou quando foi campeão em 1988 ou na corrida que lhe colocou fim à vida, em 1994, foram já reproduzidos pelo caldense que também tem no seu portfólio os de Clay Regazzoni no campeonato de 77 e de Didier Pironi em 1979. Além da Fórmula 1 há réplicas de capacetes de pilotos de motas, por exemplo, de Kenny Roberts (que venceu três vezes o campeonato do mundo MotoGP) e de Gaston Rahier (do Paris-Dakar que ganhou em 1985, tal como havia feito no ano anterior).
Mário Freitas tem o seu atelier em São Martinho do Porto, onde vive. A paixão por replicar capacetes é fácil de explicar: “é dos acessórios mais icónicos, é fundamental na segurança e funciona bem como objectivo decorativo”.
Os autocolantes são feitos pelo próprio, que revelou que a maior dificuldade é encontrar os capacetes com a forma certa. “Tem de haver rigor”, alertou Mário Freitas, notando que por vezes a diferença é apenas uma tira autocolante a mais ou com cor diferente, um patrocínio que foi usado num ano, mas não no seguinte, ou outro pormenor.
Admite que não é o único no país a fazê-lo e garante que só vende algum exemplar quando já o tem duplicado. O seu trabalho pode ser seguido através da página de Facebook “Caldas Classic Garage”.