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Há uma caldense entre os 444 proprietários de veículos completa ou parcialmente destruídos pelo incêndio que deflagrou no dia 3 de Agosto num dos parques de estacionamento do Andanças, festival de dança que se realiza em Castelo de Vide. Jéssica Melim viu o seu Nissan Patrol ficar em esqueleto, mas isso não a impede de elogiar a organização do festival por ter agido bem e evitado males maiores.

Jéssica Melim estava no festival na Barragem de Póvoa e Meadas (Castelo de Vide) a fazer voluntariado.  No dia 3 apenas ia trabalhar às 18h45 e quando o incêndio começou encontrava-se junto ao espaço das crianças “a beber um refresco à sombra das árvores, que o dia estava bem quente”, contou à Gazeta das Caldas.
É nessa altura que uma das amigas liga a avisar que havia um incêndio perto do seu carro. Apesar de ter achado que talvez fosse um exagero da amiga, foi ao estacionamento confirmar. Quando começa a atravessar o festival, vê uma coluna de fumo preto e é aí que se apercebe que o perigo é real. “Comecei a andar depressa atrás de uma equipa de seguranças que subia a encosta do campismo com extintores na mão e quando chego ao estacionamento parecia o cenário de um filme: à minha frente uma rapariga cai para o chão a chorar, há pessoas a correr, outros a reclamar e os seguranças a tentar afastar as pessoas. Enquanto isso os pneus rebentavam um a um, víamos os carros a arder e, de repente, explode um depósito e faz um efeito lança-chamas”, recorda a caldense, contando que “apesar de querer desesperadamente tirar o meu carro, já não podia fazer nada pois estava instaurado o caos”.
A organização procedeu então ao plano de evacuação, pedindo aos festivaleiros para se dirigirem para a barragem.
Com pouquíssima água, o grupo de Jéssica foi para o ponto de encontro, na estrada principal. Pelo caminho encontraram pessoas a distribuir o precioso líquido.
Passado algum tempo, surge um senhor num tractor a dizer que o incêndio tinha sido apagado e “toda a gente começa a bater palmas”.
Mas ainda não era possível voltar ao local, pelo que na cabeça da jovem pairava a dúvida se o incêndio se teria alastrado à zona de campismo onde estava alojada. “O meu camping era na área a seguir ao parque de estacionamento, mas felizmente o vento estava no sentido oposto”, fez notar.
Depois teve de esperar numa “fila infindável” para fazer participação à GNR. Como a zona ficou vedada, só no dia seguinte foi ao cemitério de carros. “O cenário era incrível… Um cheiro intenso e horrível no ar, polícia e bombeiros por todo o lado, voluntários a tentar ordenar as coisas, pessoas a chorar…”, lembrou.
Entretanto lá conseguiu ver o seu carro e, sem surpresa, confirmou que …já não tinha carro. Nesse dia tudo o que lhe foi dado foi o número da apólice do seguro do festival. Apenas no dia 5 conseguiu obter os papéis da libertação do carro para o reboque e o comprovativo de que o veículo se encontrava no festival e no dia seguinte a declaração para quem tinha perdido os documentos do carro.
No meio do azar, toda a gente teve sorte porque ninguém saiu ferido. Mas uns tiveram mais que outros. Jéssica tinha o seguro do carro na Liberty e ficou a saber que a seguradora vai garantir a indemnização dos veículos e apurar responsabilidades depois. Ainda assim, confessa que teme “que a situação se prolongue”. E não esquece que “há muita gente a ter problemas com reboques e seguradoras”, o que levou à criação de um grupo no Facebook (Sinistrados do Andanças) para troca de informações.
Apesar de tudo, Jéssica não hesitou em afirmar que “a organização procedeu da melhor maneira que conseguiu, até porque nunca ninguém está preparado para uma situação destas”.

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