Câmara de Óbidos apresenta estudo para reabilitação do aqueduto

0
296
- publicidade -

A intervenção naquele monumento terá um custo na ordem dos 4,8 milhões de euros e deverá ser apoiada por fundos europeus.

A Câmara de Óbidos está a desenhar um estudo para a reabilitação do aqueduto mandado construir pela rainha D. Catarina de Áustria, em 1573, para o abastecimento de água à vila. A estrutura, que tem mais de três quilómetros desde a Usseira até à Praça de Santa Maria, encontra-se em estado de degradação e, em algumas partes, sobretudo junto à Usseira, já destruída. A última intervenção foi há 80 anos e a autarquia está a preparar os procedimentos para que possa ser alvo de melhorias. Nesse âmbito, foi solicitado a uma empresa especializada (NCREP) um estudo aprofundado do aqueduto que permite saber onde é possível reabilitar e onde é necessário reerguer a estrutura. Foram distinguidas três secções, sendo que junto à vila é a zona que se encontra em melhores condições. “Com este levantamento conseguimos, através da empresa, apurar que o investimento para reabilitar e reerguer todo este património, andará na ordem dos 4,8 milhões de euros”, explicou o presidente da Câmara, Filipe Daniel, à Gazeta, ainda antes da apresentação pública, que decorreu na manhã de terça-feira após uma caminhada. Na sessão, o edil revelou que parte da taxa turística será utilizada para financiar a obra e que gostavam de ver correr água novamente na estrutura, que terá iluminação de baixo e caminhos laterais.
O aqueduto é um Imóvel de Interesse Público desde 1962 e a autarquia pretende que seja classificado como Monumento de Interesse Nacional para facilitar candidaturas a fundos comunitários.
Datada do século XVI, esta estrutura canalizava a água das nascentes junto à Usseira até ao chafariz da Praça de Santa Maria, por gravidade. Trata-se, segundo Pedro Inácio, do Museu da Água da EPAL, de “um dos mais antigos aquedutos de Portugal” e foi mandado construir pela única rainha que mandou construir um aqueduto, sendo ainda “um dos que tem mais arcos sucessivos a nível nacional”. Ao longo do tempo sofreu intervenções de manutenção e conservação, mas a partir da extinção da Casa das Rainhas, e incorporação dos seus bens na Fazenda Nacional (1834), e posterior venda da Várzea da Rainha a um particular (1842), tornou-se cada vez mais difícil garantir as reparações. Os trabalhos de manutenção terminaram na década de 40 do séc. XX, com a implementação do sistema de abastecimento de água por pressão, a partir da captação da Usseira, feita junto à nascente.
O Serviço de Arqueologia do município fez um levantamento fotográfico, análise bibliográfica, iconográfica e cartográfica, pesquisa histórica, síntese histórica e integração de resultados de sondagens arqueológicas para perceber o estado atual desta estrutura. Foram ainda realizados trabalhos preliminares de inspeção e avaliação estrutural, pela empresa especializada, com o objetivo de avaliar o estado de conservação geral e estimar os custos gerais de uma intervenção de reabilitação. Esses trabalhos permitiram aferir o pobre estado de conservação do monumento, em especial, a montante do Vale da Água, e a necessidade de um programa faseado de intervenções.
Já o secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território, Carlos Miguel, alertou para as condicionantes que acarreta a classificação como monumento nacional e fez notar que tão importante como a recuperação será o arranjo paisagístico.
O presidente da Câmara de Óbidos referiu ainda que, após resolver esta questão, pretendem encetar conversações com a Associação Nacional de Farmácias, ou quem estiver responsável pela propriedade (que está à venda), para uma intervenção na cidade romana de Eburobrittium.

- publicidade -