A Câmara das Caldas irá decidir, a 26 de Março, sobre a construção de um centro funerário na zona limítrofe da cidade, perto da Expoeste, que representa um investimento de 400 mil euros. Os moradores não estão de acordo porque consideram que aquela é uma zona residencial e colocam algumas dúvidas sobre a legalidade do projecto.
Por outro lado, o promotor, João Paulo Rodrigues, assegura que o projecto de construção apresentado cumpre todas as normas e diz que teve a preocupação de criar um edifício harmonioso com o espaço envolvente.
A Câmara das Caldas voltou a receber os moradores da Rua Tristão da Cunha, perto da Expoeste, que contestam a construção de um centro funerário que está previsto para aquele local, para trocar impressões sobre a obra. Os técnicos estão a estudar o processo e o assunto será decidido na próxima sessão pública, a realizar a 26 de Março.
Os moradores dizem que se trata de uma zona residencial e pedem que o processo de licenciamento não avance.
João Paulo Rodrigues, proprietário da Agência Tarzan e que irá construir o centro funerário, diz que teve a preocupação de criar um edifício harmonioso com o espaço envolvente. “Trata-se de um edifício feito de raiz em que os carros funerários não passam pela frente do centro, será tudo feito pela parte traseira, também para resguardar o serviço”, disse à Gazeta das Caldas.
O empresário garante também que esta é uma actividade que não provoca ruído e que a existência de bastante estacionamento na zona foi um dos motivos para a escolha daquele local, na zona limítrofe da cidade. E deu como exemplos os parques de estacionamento junto ao AKI e Expoeste, que são públicos.
A agência Tarzan tem mais de 50 anos, dos quais 32 com João Paulo Rodrigues na gerência. O responsável há muito tempo que nota carências de condições nas Caldas no que diz respeito a este sector. As capelas dos cemitérios “carecem de dignidade e de algum conforto e nas do Montepio, onde já há mais conforto, há o problema do estacionamento”, disse, acrescentando que é um transtorno para as agências estacionarem as viaturas no centro da cidade, para preparar os funerais, e a polícia também não facilita.
O primeiro espaço do género na região
Este será o primeiro centro funerário na região, existindo espaços destes noutras cidades como Guimarães, Lisboa e Monção. O edifício, que representa um investimento de 400 mil euros, será composto por cave, rés-do-chão e primeiro andar. Na cave está prevista uma sala de conservação e preparação dos corpos, bem como garagem para as viaturas, estacionamento e garagem. No rés-do-chão terá duas capelas mortuárias, um espaço de florista e de venda de artigos religiosos e a recepção. Já no primeiro andar, funcionará um escritório da agência e mais dois, que serão para alugar para serviços, de contabilidade, advogacia ou solicitadoria.
A agência pretende disponibilizar 24 horas por dia um serviço de recolha dos corpos para o espaço de conservação, depois de terem a devida documentação. Com este serviço permitem que o corpo seja retirado da residência a qualquer hora e não apenas quando é para ser levado para as capelas mortuárias. O centro está também aberto a receber funerais feitos por outras agências, desde que a capela esteja disponível.
“Trata-se de um espaço digno para as pessoas estarem a velar os seus mortos”, salienta.
O projecto foi entregue na Câmara depois de ter tido uma resposta favorável ao pedido de viabilidade para construção. João Paulo Rodrigues garante que foram cumpridas todas as normas legislativas e gostaria de arrancar com a obra em Abril ou Maio deste ano para a inaugurar a 26 de Outubro de 2019, dia em que fará 25 anos que foi buscar a sua primeira viatura de trabalho e que nasceu o seu filho mais velho, João Rodrigues, também conhecido por Tarzan, avançado do Caldas Sport Clube.
Descartada está a hipótese do centro vir a albergar, numa fase posterior, um crematório, até porque a lei só autoriza que este seja feito junto a um cemitério. No entanto, João Rodrigues não descarta a hipótese de, no futuro, poder entrar num projecto para construir um crematório num local autorizado juntamente com outros parceiros. “Um crematório anda sempre a rondar um milhão de euros e tem que haver um protocolo entre a autarquia e os privados”, explica.
Actualmente a agência tem quatro funcionários, mas com a abertura dos serviços nas Caldas terão que colocar mais pessoas, de modo a garantir as escalas. Continuará a ter a sede em Óbidos e o armazém na Usseira.