O Colégio Rainha D. Leonor (CRDL) acusa os agrupamentos das escolas Raul Proença e D. João II de lhes retirar alunos. Na denúncia que o grupo GPS enviou ao Ministério da Educação na semana passada são apresentadas queixas de encarregados de educação sobre “alegados entraves da escola estatal à livre escolha dos pais”.
O comunicado, difundido pelo CRDL, refere que os encarregados de educação estariam a ser informados pelo Agrupamento de Escolas Raul Proença “de que teriam obrigatoriamente de inscrever os seus filhos nesse agrupamento, em primeira opção” e que o colégio caldense “não teria vagas disponíveis”.
No mesmo documento o colégio acusa ainda aquela escola pública de estar a reter os processos no seu agrupamento e de exercer pressão sobre os encarregados de educação para que não coloquem o colégio como primeira opção.
O director do Agrupamento de Escolas Raul Proença, José Pimpão, nega as acusações e realça que não obrigam nenhum aluno a ficar nas escolas daquele agrupamento.
O responsável explica que foram atribuídas ao agrupamento seis turmas de 5.º ano que deveriam funcionar na EBI Santo Onofre. No entanto, como só conseguiram inscrições para quatro turmas, a direcção decidiu abrir duas turmas de quinto ano na Escola Secundária Raul Proença, tendo comunicado essa mesma decisão aos encarregados de educação, em inícios de Junho. A partir daí, e tendo conhecimento que os seus filhos podiam frequentar essa escola, “houve pais que mudaram a preferência” que tinham inicialmente manifestado.
“Somos das escolas que mais liberdade concede aos encarregados de educação”, diz José Pimpão, lembrando até que existe preferência de residência e de local de trabalho dos encarregados de educação, para a escolha da escola dos seus filhos.
O director refere ainda que a mesma liberdade não existe por parte do Agrupamento D. João II para com os encarregados de educação que pretendem colocar os filhos noutras escolas.
Já o director do Agrupamento de Escolas D. João II, Jorge Graça, fez chegar ao nosso jornal um documento onde desmente o comunicado do Colégio Rainha D. Leonor. Nele diz que é “completamente falso” que o seu agrupamento tenha exigido um documento comprovativo da existência de vaga no Colégio, conforme este afirmou em comunicado.
O mesmo responsável explicou que apenas foi pedido aos pais que aguardassem a saída da lista dos alunos que irão frequentar o 5º ano visto que o processo de avaliação dos alunos que tinham frequentado o 4º ano ainda não estava concluído.
Já na semana passada o movimento Em defesa da Escola Pública apresentou uma queixa no Ministério Público e à Comissão Nacional de Protecção de Dados pelo crime de acesso indevido a dados pessoais. O motivo foram telefonemas e mensagens escritas enviadas a encarregados de educação de crianças que terminaram o quarto ano nas várias escolas do concelho para que comparecessem numa reunião no colégio Rainha D. Leonor para apresentação do seu projecto educativo.
Os professores não sabem como é que o Colégio teve acesso aos dados dos encarregados de educação, uma vez que estes são sigilosos.
Também o director da D. João II, João Graça, refere que encarregados de educação de alunos do 4.º ano daquele agrupamento “receberam, por SMS, convite para uma reunião a realizar no Colégio” e que “este procedimento originou óbvia confusão junto de encarregados de Educação”, que mostraram a sua “indignação” pela obtenção do seu contacto por parte do CRDL.
COLÉGIO DIZ QUE NÃO USOU NENHUMA BASE DE DADOS
A direcção do Colégio Rainha D. Leonor defende-se, dizendo que convidou para a reunião “apenas e só” os pais e encarregados de educação que os contactaram “manifestando interesse em matricular os seus filhos neste colégio”. Garante que não usou quaisquer bases de dados para contactar os pais e encarregados de educação obtidas ilegal ou ilegitimamente, mas apenas os contactos pessoais dos seus docentes e colaboradores que tinham os dos pais dos alunos.
A direcção do colégio referiu na semana passada ao nosso jornal que dezenas de pais sentiram entraves à matrícula dos seus filhos no Colégio Rainha D. Leonor e mostrou-se disposta para facultar os seus contactos. No entanto, e apesar da disponibilidade mostrada pela Gazeta das Caldas para ouvir esses encarregados de educação, a agência de comunicação que representa o colégio acabou por não fornecer nenhum contacto.
Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt