Os trabalhos que estão a decorrer na cidade, desde Setembro do ano passado, no âmbito da regeneração urbana estão a ser realizados por uma única empresa – a Mário Pereira Cartaxo, Lda. – que tem provocado protestos devido à aparente lentidão das várias obras.
Neste momento existem várias frentes de obra na cidade, mas as pessoas, sobretudo os comerciantes, queixam-se que a Câmara escolheu uma empresa que não tem capacidade para as executar de forma célere.
O próprio presidente da associação comercial, João Frade, alerta que se as obras não forem mais rápidas, os transtornos que elas provocam poderão “matar o comércio rua a rua”, para mais num contexto de crise económica em que as lojas já estão a facturar pouco.
O representante dos comerciantes defende a reabertura temporária da Rua Heróis da Grande Guerra para minimizar os prejuízos de haver neste momento várias artérias fechadas ao trânsito por causa das obras.
A Câmara, pela voz do vereador Hugo Oliveira, diz que está atento à situação e explica que as obras na Rua Sebastião de Lima estão a demorar um pouco mais porque, devido à ausência de registos do subsolo, tiveram que ter cuidado com a forma como abriram os buracos. A Câmara adjudicou à Mário Pereira Cartaxo, Lda. as obras de regeneração urbana de todas as ruas por 3 milhões de euros
Comerciantes da rua Sebastião de Lima protestam contra ritmo lento das obras
Os comerciantes da rua Sebastião de Lima e da zona envolvente estão à beira de um ataque de nervos pela demora nas obras da regeneração urbana naquela artéria. O aspecto diário da rua é desolador, com a rua toda tomada pelas obras, mas com poucos trabalhadores no terreno.
“É mau demais para ser verdade. Desde poucos operários, ao horário que praticam e até mesmo aos dias que trabalham. É caso para dizer que é um abuso total para quem tem comércio nesta rua”, refere um abaixo-assinado que circulou nas últimas semanas.
Ana Assis, filha do proprietário de uma das lojas na rua, esclareceu que não estão contra as obras, mas sim com o tempo que estas estão a demorar. “Estão a decorrer há um mês e meio, mas não se vê quase nada feito”, disse. “Aparecem três ou quatro trabalhadores e saem cedo”, comentou.
São vários os transtornos que as obras provocam, desde o facto de haver menos pessoas a circular na rua, até às dificuldades para descarregar material. Houve uma altura em que ainda conseguiam passar de carro em parte da artéria (através das ruas Moinho de Vento e dos Artistas), mas suspeitam que os responsáveis pela obra esburacaram toda a extensão da estrada para que não fosse utilizada durante a noite. “No entanto, só estão a trabalhar junto ao cruzamento do Bairro Azul” disse a mesma fonte.
Ana Assis destaca que a interrupção daquela via causa transtornos para todas as pessoas que circulem na cidade e não apenas aos moradores e comerciantes.
Há também quem compreenda os transtornos e até tente que os outros comerciantes tenham mais calma. Célia Horta, que vai em breve abrir um estabelecimento comercial na rua Sebastião de Lima, referiu que “para ter algo bonito e útil, temos que passar sempre por uma má fase”. A comerciante tem pedido a compreensão dos seus colegas “porque o resultado final vai ser óptimo e vai valorizar muito a zona”.
Ana Sacramento, que recentemente reabriu um café na esquina da rua Sebastião de Lima com o bairro Azul, também percebe a necessidade destes condicionamentos, mas lamenta “a forma lenta” como decorrem as obras.
Rua Heróis da Grande Guerra deveria abrir provisoriamente
O presidente da associação comercial, João Frade, também alertou a Gazeta das Caldas para esta situação. A primeira queixa deveu-se à forma como foi comunicado tardiamente o início e duração das obras. “Os comerciantes poderiam ter planeado as férias de maneira a coincidir com esta altura ou estarem melhor preparados para este período”, explicou.
Por outro lado, também noutros locais da cidade os comerciantes se queixam da demora nas obras. “A crise já está a ser devastadora para os negócios e com estes trabalhos a situação piora ainda mais. Se as obras não forem céleres poderão matar o comércio rua a rua, à medida que vão avançando”, adiantou.
João Frade tem informações que “os trabalhadores chegam tarde e partem cedo, para além de serem em números insuficientes”. Por isso, quer uma maior fiscalização e acompanhamento por parte da autarquia.
Para colmatar alguns problemas relacionados com mobilidade na cidade, a ACCCRO defende que se deveria reabrir o trânsito automóvel na rua Heróis da Grande Guerra enquanto durarem as obras.
Mesmo empreiteiro para todas as obras da Regeneração Urbana
O vereador Hugo Oliveira, que está à frente das obras da Regeneração Urbana, explicou que a obra na rua Sebastião de Lima estão a demorar um pouco mais porque como não há cadastro daquela artéria, tiveram que ter cuidado com a forma como abriram os buracos para a intervenção no subsolo.
“A obra começou a 7 de Maio e está proposto fazer-se em 14 semanas, por isso ainda está dentro do tempo previsto”, explicou.
Em relação às queixas de estarem no local poucos operários, Hugo Oliveira disse ter falado com o empreiteiro da empresa do Cadaval, Mário Pereira Cartaxo, Lda., e que este lhe explicou que a intervenção é feita de acordo com as necessidades. O avanço tem sido feito de acordo com o que é feito no esgoto, que era unitário e passará a ser separativo (águas pluviais e águas residuais). No entanto, também já pediu maior celeridade. “O empreiteiro também não terá interesse em que estas demorem mais tempo”, considera.
Actualmente estão mais preocupados em terminar a intervenção no cruzamento do Bairro Azul, para escoar melhor o trânsito automóvel. “As pessoas se calhar não tinham noção da importância do cruzamento da rua Sebastião de Lima com a rua Francisco Sá Carneiro, mas é fundamental para a circulação na cidade” e por isso estão a dar prioridade a essa zona.
Hugo Oliveira acredita que embora tenha sido a mesma empresa a que ganhou todos os concursos para as intervenções a fazer no âmbito da Regeneração Urbana, esta vai ter capacidade para avançar com as obras sem constrangimentos de pessoal. “Como donos da obra vamos estar atentos a isso”, garantiu, reconhecendo que será normal que as equipas vão mudando de um lado para o outro conforme as necessidades.
Pedro Antunes
pantunes@gazetadascaldas.pt