Críticos da intervenção que está a decorrer na Lagoa de Óbidos, os dirigentes da comissão cívica de Protecção das Linhas de Água e Ambiente reuniram com responsáveis da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) para se inteirarem da obra e mostrar a sua posição relativamente às dragagens a realizar.
Da reunião, que decorreu a 12 de Maio, ficou a garantia de que a segunda fase, para intervenção nas cabeceiras, será sequencial e deverá arrancar em inícios de 2016.
Estes responsáveis defendem que qualquer intervenção que seja feita na lagoa deve começar pelos braços da Barrosa e do Bom Sucesso, e não da zona da aberta para o seu interior, como está actualmente a acontecer. É que, se depois for feita uma nova intervenção, há o risco dos sedimentos se voltarem a concentrar naquela zona, deitando por terra o trabalho já realizado.
“Não faz sentido estar a mexer no gargalo da garrafa quando o pé do vinho fica no fundo”, disse Vítor Dinis, comparando esta intervenção com uma garrafa de vinho.
Os técnicos da APA explicaram, na reunião que decorreu a 12 de Maio, que havia financiamento disponível ainda neste quadro e que por isso avançaram com esta intervenção, no valor de 3,4 milhões de euros, que deverá estar concluída no final do ano.
Para princípios de 2016 está prevista a segunda intervenção, que consiste na extracção de 700 mil metros cúbicos de areia na zona das cabeceiras, e que será candidatada a fundos do novo quadro comunitário. “Isso deixa-nos mais sossegados, mas é fundamental essa sequência”, realça o responsável.
Vítor Dinis reconhece que a intervenção que está actualmente a ser feita tem o mérito de contemplar o aprofundamento de canais na zona inferior da lagoa. Será feito um canal principal do lado norte para protecção do exutor submarino e outro do lado sul para protecção das habitações. Serão ainda criados outros canais transversais para “partir” as correntes, ou seja, evitar que estas tenham tanta força.
A manutenção da embocadura aberta é uma responsabilidade das autarquias e da APA. “Existe um acordo entre esta entidade e as Câmaras das Caldas e Óbidos em que se responsabilizam de que o canal não encerre”, disse Vítor Dinis, acrescentando que se trata de um compromisso extra-projecto de dragagens.
Por outro lado, estes dirigentes associativos preocupam-se com a criação de fundões e poços provocados pela intervenção e deslizamentos de areias, e que poderão colocar em causa a saúde e segurança dos veraneantes.
A Comissão irá agora reunir com as Câmaras das Caldas da Rainha e de Óbidos a fim de saber que medidas estão a tomar para combater a poluição que ainda vai para a Lagoa. Lembram que há entidades próprias para a fiscalização e punição desses actos, nomeadamente o pólo do Ambiente, que deverá também estar atento.
Também atenta estará a comissão, que garante que vai acompanhar a par e passo os trabalhos que ali estão a ser desenvolvidos.
Giratória no lodo
Desde o passado sábado, dia 9 de Maio, que a giratória que trabalhava nas dragagens da Lagoa de Óbidos se enterrou no lodo. Daí até ao fecho da nossa edição, na passada terça-feira, os esforços para retirar a máquina revelaram-se infrutíferos. Os responsáveis pelo plano de dragagens tentaram retirá-la com a ajuda de outras giratórias e máquinas de arrasto, mas sem sucesso. Pelo contrário a giratório afundou-se ainda mais no lodo.
Com a subida das marés a máquina – contratada pela firma Irmãos Cavaco SA a um subempreiteiro para as dragagens na lagoa – ficou rodeada de água.
A última opção irá agora ser posta em prática, com a contratação de uma grua para retirar a giratória do local em que se encontra.
Ainda assim, segundo Fernando Sousa, presidente da junta fozense, este percalço não obrigou à paragem dos trabalhos, visto que a empresa tinha outra máquina do mesmo género no local.